18ª MARCHA DO MOVIMENTO NEGRO NO ESTADO DE SÃO PAULO PELO FORA BOLSONARO E MOURÃO RACISTAS!

Severino Félix                                                                               

Desde a chegada de Bolsonaro ao poder através das eleições de 2018, a vida dos trabalhadores vem piorando a cada dia. E, dentro deste cenário, a violência contra a população negra vem intensificando-se.

Principais vítimas da COVID – 19 no início da pandemia, a população negra compunha a grande maioria dos trabalhadores da linha de frente do enfrentamento à pandemia. Sem planos de saúde e assistência social, foram as principais vítimas do desemprego e mortes durante a pior crise social e sanitária de nossa história.

As falas racistas de Bolsonaro, já em seu primeiro ano de governo, destilavam seu ódio contra quilombolas, indígenas e prepararam o terreno para os ataques diretos às religiões de matriz africanas e territórios originários.

A chacina sanguinária (28 mortos) no Rio de Janeiro no bairro do Jacarezinho não foi um fato isolado ou simplesmente erro tático da Polícia Civil, como a mídia burguesa tem o costume de noticiar. Tratou-se de mais um fato que representa a histórica e permanente necropolítica, agora intensificada com os governos municipais e estaduais alinhados ao bolsonarismo. Portanto, representa a naturalização e institucionalização do genocídio contra a juventude periférica e a população negra.

Porém, a juventude negra não se intimidou e foi às ruas no dia 13 de maio contra o falso discurso de libertação dos escravos em 1888 pela Lei Áurea, por justiça à Jacarezinho e todas as vítimas da repressão policial e em oposição a este governo racista. Dia que deu início a uma série de mobilizações nacionais para derrotar Bolsonaro e seu governo. Lutas que, todavia, mantêm-se, mas apresentam um refluxo devido à política traidora e eleitoreira da burocracia e as difíceis condições objetivas da vida dos explorados e oprimidos. Fatores que não permitem dar um salto qualitativo e superarar o caráter de vanguarda (ou ampla vanguarda).

Como parte desta agenda antioperária e racista, Bolsonaro e seus discípulos procuram destruir as políticas pública que beneficiam a comunidade negra, conquistas adquiridas através de muita luta do movimento negro. Como, por exemplo, a lei de cotas 12.711/12 que garante o acesso da população negra as universidades públicas do país.

Diante de um período abertamente reacionário de ofensiva ultracapitalista, em hipótese alguma podemos recuar a luta para derrotar este governo.  Pois, coloca em risco a vida e os direitos democráticos dos explorados e oprimidos – majoritariamente vidas negras – e tenta, a qualquer custo, suprimir qualquer perspectiva humanizada de futuro para as novas gerações. Ao mesmo tempo que beneficia empresários e o grande capital, com a PEC dos Precatórios e o Auxílio Brasil, quer abrir caminho para uma eventual recuperação de sua popularidade. Descartar esta possibilidade seria um erro infantil e que desarma as bases para a luta do próximo período.

RESISTIR À FOME, À OPRESSÃO E À VIOLÊNCIA POLICIAL

Quem tem fome, tem pressa. A urgência em se edificar uma saída independente dos e para os trabalhadores neste grave quadro, ainda cheio de indefinições para os próximos meses, é urgente. Esta tarefa passa centralmente pela perspectiva de construir condições políticas nas bases das estruturas de nossa classe para colocar contingentes massivos nas ruas e, assim, iniciar um processo de mudança efetiva da correlação de forças com o governo e poder, assim, colocar uma ofensiva anticapitalista.

Enquanto a esquerda da ordem – sob os ombros daqueles que pagam a conta neste cenário de ascensão da miséria, fome, desemprego e inflação – segue apostando tudo para o pleito eleitoral de 2022 e no desarme da luta nas ruas, que tende a choques políticos e uma maior polarização, a esquerda socialista ainda não consegue combinar a conformação de uma frente independe que sirva para construir tática e programaticamente uma saída anticapitalista para as lutas nas ruas e para as urnas.

Cabe mencionar, não há como deixar de, que o lulismo e seus acenos políticos a um grande pacto com a burguesia nacional deve, para o próximo período apresentar um plano de governo muito mais liberal do que social. Isto é, tende, se eleito for, a fazer um governo mais a direita do que o seus anteriores, e de maneira alguma ousará em colocar freios categóricos à agenda ultraliberal. Portanto, não será capaz de superar as sequelas deste último período.

Entretanto, a nível internacional o movimento negro, as mulheres, a juventude e alguns setores da classe trabalhadora esboçam algumas movimentações que se intensificadas podem materializar uma nova dinâmica na luta de classes, algo que certamente não cairá do céu e que é necessário construir. Dizemos isto para evidenciar que não há uma derrota categórica dos oprimidos e que temos reservas de mobilização que inflamam de tempos em tempos a conjuntura nacional. Isso abre uma série de possibilidades para a reversão da conjuntura que não podem ser desperdiçadas pela ação da burocracia. Viva a luta independente do povo negro e da classe trabalhadora!

 Fora Bolsonaro e Mourão Racistas!

O povo negro vai derrubar Bolsonaro e Mourão!

Viva o Novembro Negro!