Por juventude Já Basta!

O início do ano letivo de 2024 na Universidade de São Paulo é marcado por uma série de ataques coordenados por parte da Reitoria e a incapacidade das direções políticas, principalmente do DCE, de transmitirem a gravidade desses ataques e do atual quadro universitário às novas gerações de ingressantes. Ora, como vão explicar que estamos diante de duros ataques, aqueles que vendiam de maneira irresponsável e oportunista “vitórias históricas” durante a greve do ano passado para desmontá-la?

A Reitoria de Carlos Carlotti, a mesma que levou adiante uma medida sem precedentes na história da universidade ameaçando punir com reprovação automática por falta os estudantes que permanecessem em greve, leva adiante hoje uma espécie de ofensiva silenciosa devido a uma favorável correlação de forças. 

São ataques ardilosos, que a priori podem parecer medidas meramente administrativas, pontuais, mas que na verdade apresentam uma natureza anti-proletária, dificultando a permanência dos estudantes trabalhadores na universidade e, portanto, que atacam o direito e acesso à educação desse setor, assim como o desenvolvimento da vida política do movimento estudantil. 

19h, não! 

A mudança de horário imposta de maneira arbitrária pela Reitoria, adiantando em meia hora o início das aulas no período noturno é um ataque gravíssimo aos estudantes trabalhadores e de baixa renda. Normalmente, o expediente de trabalho, para aqueles que cumprem 8 horas diárias, inicia-se às 8 ou 9 horas da manhã. Assim, todos os estudantes trabalhadores saem, em média, às 17 ou 18 horas de suas atividades laborais.

Portanto, a Reitoria e a Direção da FFLCH, na figura de Paulo Martins, exigem aos estudantes que se desloquem até a USP e se alimentem devidamente antes de suas aulas em um período de uma ou duas horas. A mensagem por trás dessa medida da aristocracia burocrática da universidade para nós estudantes trabalhadores é clara: a universidade pública, a educação superior de qualidade, não nos pertence. Assim, nada mais conveniente que ajustar à falta de professores a promoção da evasão universitária que tem crescido nos últimos anos, não é mesmo?

E eles de fato estão corretos, essa universidade não foi feita para os filhos da classe trabalhadora. Mas hoje, se o quadro étnico-social é mais plural do que antigamente, isso se deve única e exclusivamente à luta independente dos estudantes. Contudo, nós queremos mais, muito mais! E temos um compromisso não só com a atual geração de estudantes, mas com as várias outras que virão. 

Como se não bastasse, soma-se à perversa alteração de horário a crônica falta de professores por conta da política de transferência de claros docentes com o fim do gatilho automático; a desapropriação dos espaços estudantis como no caso da medicina e da ECA, as condições cada vez mais precárias de alimentação nos bandejões (inclusive para os trabalhadores dos restaurantes) e um transporte cada vez mais precário e insalubre para a entrada e saída do campus. 

ROMPER COM A APATIA, COM A INÉRCIA!

Diante da apatia do movimento estudantil, de uma inércia como produto de uma aguda crise de direção política encabeçada pelo DCE (Juntos (PSOL), Correnteza (UP) e UJC-RR) que se comportam desde a greve do ano passado como forças de contenção à organização e mobilização dos estudantes, nós da juventude Já Basta! reivindicamos como tarefa de número um a luta organizada e unificada para derrotar o novo horário anti-proletário e demais ataques. 

Tarefa que será vitoriosa apenas se conseguirmos transmitir a real natureza desses ataques, das suas consequências, sob a necessidade urgente de retomar os espaços de discussão e mobilização estudantil com assembleias de base, plenárias unificadas com professores e trabalhadores e por uma assembleia geral dos estudantes que não acontece desde que o DCE abandonou a greve no ano passado.  

Só assim poderemos coletivamente construir um preciso diagnóstico sobre o atual quadro universitário e, assim, formular um plano coeso de luta à altura dos desafios colocados e avançar para a necessária e urgente refundação do movimento estudantil, saturado de oportunismo eleitoralista e populista, assim como de sectarismo infantil e estéril. 

  • 19h, não!
  • Pelo início das aulas noturnas às 19h30!
  • Ampliação imediata da frota de circulares!
  • Pela volta do gatilho automático de contratação de professores!
  • Por uma assembleia geral da USP!