Martín Camacho

A notícia de que o coronavírus tinha chegado nas terras indígenas veio nos primeiros dias de abril, quando um jovem Yanomami de 15 anos morreu por conta da doença. Hoje, o covid-19 se espalhou por toda a bacia amazônica, Manaus já apresenta colapso no sistema de saúde. Tudo aponta que o vetor da doença seja o garimpo e a extração ilegal de madeira.

Ante a isso, o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) vem realizando operações para conter o desmatamento ilegal e o garimpo. Logo depois de uma reportagem do programa Fantástico, da TV Globo, neste domingo (12), o ministro de meio ambiente Ricardo Salles demitiu Olivaldi Alves Borges Azevedo, então chefe do Ibama. O agora ex-chefe do Ibama, não passava, contudo, de um militar colocado pelo Bolsonaro para conter as fiscalizações, mas não conseguiu paralisá-las.

Garimpo ilegal

Desde o começo do governo de Bolsonaro, ameaçou-se mais de uma vez acabar com as multas do Ibama. Repetidas vezes se reduziu o pressuposto deste organismo em uma clara intenção em beneficiar o desmatamento e a garimpagem em terras indígenas ou protegidas por lei.

Mas ao que parece, o Ibama ainda tem certa independência em relação ao governo, como mostra o relato de uns dos garimpeiros no ano passado, que representa a ligação do governo com este setor: “Olha a situação. Estamos aqui dentro da reserva. Uma escavadeira Caterpillar. Eu queria, Bolsonaro, […] que você visse esse vídeo e explicasse para o Brasil por que está acontecendo isso aí. Você disse que não ia acontecer mais”. O vídeo mostrava, na verdade, maquinarias em chamas, sendo destruídas. Este é o método mais seguro que tem os fiscais frente a falta de segurança que na floresta.

Parece ser que essas operações não haviam diminuído e com a pandemia chegando nas aldeias indígenas, e o Ibama as intensificou. Contrariando os interesses do governo o órgão ainda atua para conter a pandemia, mas o governo vai na contramão do ambiente e da população indígena. O darwinismo social impera em um estado genocida como o de Bolsonaro.

Desde o princípio a campanha era o isolamento total das comunidades indígenas, restringindo ao máximo as entradas e saídas. Mas isso foi propício para intensificar o desmatamento e atividades do garimpo ao não se ter os controles que atuavam anteriormente. “A melhor forma de prevenir agora é manter as comunidades isoladas e orientar que não saiam e nem recebam visitas. Temos um histórico muito perverso de doenças contagiosas, que dizimaram etnias inteiras no passado. Todos estão assustados”, diz Sônia Guajajara, coordenadora executiva da Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (APIB).

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Amazônia em perigo

Já é sabido que Bolsonaro é um negacionista da mudança climática, e com isso se tem várias problemáticas. Não se importa com a floresta amazônica, apoia o desmatamento e a garimpagem e as consequências a que levam. A mineração que se realiza na maioria dos casos é a extração de ouro, desflorestando amplas zonas, além de se utilizar mercúrio para separar o ouro da lama, poluindo as águas dos rios que serão consumidas pelos peixes ou pelos humanos. Um ciclo longo para se explicar aqui, mas que é parte da degradação do ambiente.

Nas terras indígenas, ou próximo a elas, ainda não exploradas, tem muitas chances de se encontrar diversos tipos de minerais, e é por isto que os garimpeiros entram nas reservas. Fiscalização do Ibama, do ICMBio e da Força Nacional, que destruiu maquinarias com fogo a três semanas, sendo anunciado este domingo. O ocorrido foi em três locais na terra indígena Kaiaby, em Mato Grosso, e nas florestas nacionais Crepori e Jamanxim, no Pará. O objetivo é afastar os invasores que realizam ilegais atividades como garimpos ilegais, caça, desmatamento, tentando impedir que o coronavírus chegue nas aldeias indígenas na que vivem mais de 1700 pessoas.

O governo teve que demitir seu próprio capacho por não poder frear a fiscalização, colocando outro militar no cargo, para manter os privilégios de uma minoria. No entanto, o desmatamento continua – dados mostram o crescimento de 30% de desmatamento em comparação ao março do ano passado.

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O que fica evidente, é que o governo de Bolsonaro é totalmente inoperante e genocida no controle da pandemia. Não só nas populações das cidades como também dos povos mais afastados. É por isto que é necessário sair em defesa do “Fora Bolsonaro” e todos seus ministros inoperantes.

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