Trabalhadores e estudantes da Universidade de São Paulo que residem próximo ao Campus sofrem diariamente com as condições precárias da linha 7725-10, consequências do descaso por parte da secretaria de transporte da cidade de São Paulo. Situação grave que distancia cada vez mais a universidade da comunidade ao seu redor.

Por Thiago Barros

A linha 7725-10 Rio Pequeno – Terminal Lapa, que tem a Universidade de São Paulo como parte do seu trajeto, tem sofrido, desde 2020, um processo de sucateamento. Marcado pela redução do número de carros de sete para apenas três, sob a justificativa da menor circulação de pessoas durante o período da pandemia, mas sem o retorno ao número anterior de veículos após o fim das restrições.

Além disso, no início deste ano houve uma alteração na grade horária da linha: aumentando o número de viagens, sem aumentar o número de carros e o tempo de operação, resultando em uma maior pressão e exploração sobre os funcionários da linha, que acabam tendo que realizar as viagens em um tempo muito mais apertado, colocando em risco também a segurança, potencializando assim o aumento no número de acidentes no trânsito.

Essa precarização representa um desrespeito aos funcionários, estudantes e demais setores populares que dependem da universidade (atendimentos do Hospital Universitário, por exemplo) e que acabam buscando alternativas de transporte em decorrência do longo tempo de espera – que pode facilmente passar de uma hora. Sem considerar possíveis contratempos como as “viagens queimadas”, que ocorrem quando o carro chega com muito atraso e, em razão disso, decide-se cancelar a viagem e partir apenas na seguinte, algo que pode dobrar o tempo de espera.
Não é recente o projeto da Prefeitura de São Paulo em reduzir a quantidade de ônibus que tem a universidade como parte de seu trajeto. Em 2013, as linhas 7702-10 USP – Terminal Lapa e 7725-10 Rio Pequeno – Metrô Vila Madalena foram unificadas pela SPtrans (companhia de economia mista responsável pela gestão do transporte público da cidade de São Paulo) com o objetivo de “diminuir a sobreposição de linhas”, essa unificação causou a criação da atual linha 7725-10 Rio Pequeno – Terminal Lapa, que agora também está sendo desmantelada. Ou seja, parece haver um interesse em tornar cada vez mais difícil a conexão entre o espaço universitário e os bairros próximos.

O número cada vez menor de usuários, consequência direta da negligência da secretaria de transporte de da empresa Transpass (empresa que administra a linha em questão e parte das linhas da Zona Oeste da cidade) é usado como justificativa pela prefeitura para não aumentar o número de carros da frota e, mais ainda, continuar com o projeto de extinção completa da linha, uma situação paradoxal, pois a linha possui um baixo número de usuários justamente em decorrência da falta de carros e de sua precarização.

Recentemente, houve a troca dos carros antigos da linha por modelos novos, que apesar de trazer mais conforto e segurança aos usuários, não resolve o problema dos longos períodos de espera, uma vez que a quantidade de carros continua a mesma. Além disso, a medida não significa ajuda, mas obrigação, pois os carros antigos da linha já estavam próximos da data limite de circulação.

Com o atual preço das passagens de transporte na cidade, que aumentam quase anualmente, estando hoje em R$4,40, se faz evidente que o objetivo da gestão do transporte é priorizar o lucro em detrimento da melhora na qualidade do serviço. Ou seja, diante de preços  abusivos e arbitrários que comem parte significativa dos salários dos trabalhadores, é inaceitável que o serviço continue tão precário.

Portanto,  a nossa reivindicação é o imediato aumento da frota da linha 7725-10 para o seu antigo número de 7 carros, de modo a reduzir o tempo de espera excessivo e tornar a linha utilizável novamente. Também queremos um posicionamento por parte da Reitoria da Universidade de São Paulo em relação ao tema, por mais que a linha seja de responsabilidade da SPtrans e da empresa Transpass, as pessoas mais afetadas pela precarização são os funcionários e estudantes da instituição.  A situação de sucateamento demonstra, também, um projeto de  afastamento da universidade em relação às comunidades ao seu redor. Uma instituição, que apesar de pública, está cada vez mais isolada de seu entorno, desconsiderando um bairro que foi formado pelos próprios trabalhadores que construíram a Cidade Universitária.