Vídeos e relatos demonstram verdadeiro caráter da operação policial em comunidade
Luciano Mathias
No último domingo (1), mais um episódio de mortes por ação policial em periferia veio a tona. Dessa vez, as mortes ocorreram em operação policial em baile funk da comunidade de Paraisópolis. Com o total de nove jovens mortos, os familiares e amigos choram pela vida das vítimas e, em clima de revolta, pedem por justiça.
Os relatos apresentados pela Polícia Militar não são suficientes para aqueles que sofrem pela tragédia. As descrições feitas não condizem com as imagens, com os relatos das testemunhas nem com outras evidências apresentadas.
Segundo a polícia, as vítimas morreram pisoteadas por causa de tumulto provocado por ação policial que buscava apreender criminosos em fuga.
Contestando o relato, uma testemunha moradora da comunidade, disse “A história da moto é mentira, balela. Não tinha moto nenhuma.” em entrevista para Viomundo.
Moradores ainda explicam que, para sair do baile, os jovens tinham cinco viélas para escapar do spray de pimenta e gás lacrimogêneo, proporcionado pela PM. Sendo que quatro, dessas cinco viélas, estavam bloqueadas por policiais que reprimiam a multidão com um certo sadismo.
Os moradores entrevistados enfatizam o objetivo da PM nessa operação “O que o delegado está falando é mentira. Eles já vieram determinados a matar a meninada na maldade. Encurralaram e bateram com cacetete de madeira na nuca, nas costas. Foi um massacre.”
O governador de SP João Dória declarou “A letalidade não foi provocada pela PM, e sim por bandidos que invadiram a área onde estava acontecendo baile funk. É preciso ter muito cuidado para não inverter o processo”. E complementou “os procedimentos e o comportamento da PM não muda”, isentando os policiais.
Demonstrando mais uma vez o seu caráter autoritário e genocida que apresentou já durante sua campanha eleitoral, quando falava o “policial vai atirar pra matar” e quando atrelava seus laços na campanha Bolsodoria.
Essa atrocidade é reflexo da política de carta branca defendida pelo governo Bolsonaro e João Dória, que defendem cada vez mais a isenção de policiais com esse tipo de comportamento. Como, também, aprofundam os ataques à juventude negra e à periferia.
Nenhuma medida vai reparar a dor que os familiares das vítimas estão passando, mas é de extrema importância que o estado garanta, imediatamente, indenização a essas famílias.
Esse foi mais um dos vários episódios que evidenciam o caráter autoritário da Polícia Militar. A estrutura da organização proporciona a perpetuação da criminalização da juventude negra como do genocídio negro.
