Pedro Cintra

O jornal O Globo publicou na última quinta-feira (06/50), um artigo de autoria da reitora da UFRJ, Denise Pires de Carvalho e do vice-reitor, Carlos Frederico Leão Rocha. O artigo informa sobre a grave situação financeira da instituição, que vem sofrendo violentos cortes orçamentários desde 2013. Devido a novas restrições orçamentárias por parte do Governo  Bolsonaro, a universidade ficará inviabilizada de funcionar já a partir de julho deste ano1.

A reitora UFRJ chegou a afirmar que as aulas só continuam porque estão no modelo remoto, porém, todas as atividades e serviços oferecidos pela instituição serão interrompidos, incluindo hospitais universitários, pesquisas e até mesmo o desenvolvimento de uma vacina para a Covid-19.

No final de abril, Bolsonaro, ao sancionar a lei orçamentária de 2021, cortou mais de R$ 29 bilhões do orçamento original aprovado no Congresso. O MEC foi o ministério que mais sofreu contingenciamento, perdeu R$ 4 bilhões. No meio da maior tragédia sanitária da nossa história, nem mesmo o Ministério da Saúde foi poupado, teve seu orçamento reduzido em mais de R$ 2 bilhões2. Entre os cortes covardes do presidente, estava o bloqueio de mais R$ 17 bilhões em verbas discricionárias, gastos que são essenciais para garantir o funcionamento da máquina pública, e nos casos dos institutos federais, cobrem despesas como água, luz, serviços terceirizados (limpeza, segurança etc), compra de materiais e manutenção de equipamentos. Para assegurar sua união fúnebre com o Centrão e impedir a abertura do impeachment, o governo garantiu o repasse de R$ 26 bilhões em emendas parlamentares e ampliou em 224% as verbas para os órgãos comandados pelos partidos fisiológicos da direita3.

Nos últimos anos, o ensino público tem enfrentado forte desmonte e tem sido vítima de um poderoso projeto de precarização. Com Bolsonaro no poder, isso se radicalizou ainda mais. 

A motivação do enfrentamento do Governo Bolsonaro à educação pública não está simplesmente na visão fantasiosa que o bolsonarismo criou das universidades, locais de balbúrdia e até mesmo de “cultivo extensivo de maconha”, lembrando a declaração completamente infundada e estapafúrdia de Abraham Weintraub, pior ministro da história do MEC. Bolsonaro está à serviço de um projeto neoliberal de sucateamento do ensino público e mercantilização do acesso à educação, excluindo os explorados e oprimidos dos espaços acadêmicos e tornando as universidades, espaços destinados à uma elite escravocrata. Isso envolve cortes sistemáticos cada vez mais cruéis nas mais diversas áreas educacionais, sobretudo no ensino superior, onde se localiza majoritariamente a produção científica brasileira. Para se ter ideia, a verba de 2021 para as universidades federais está no mesmo patamar do ano de 2004, a diferença é que hoje, o ensino superior público abriga o dobro de alunos.

Cortar verbas das universidades públicas em qualquer período é uma barbárie, mas especialmente neste momento, significa contribuir com o vírus, potencializar a crise sanitária brasileira e impedir a produção científica no país. Essa é a estratégia genocida de Bolsonaro, intensificar a pandemia e ampliar a contaminação em nome de uma imunidade de rebanho. Bolsonaro é mais letal que o vírus.

Não podemos esperar até 2022!

Adiar o enfrentamento a Bolsonaro é uma irresponsabilidade colossal com as massas, com a educação e com todos os explorados e oprimidos que seguem se arriscando cotidianamente para a sua subsistência. No última semana ocorreram importantes e significativos atos contra o genocídio nas favelas e contra a chacina no Jacarezinho (RJ). Construir a unidade de ação na rua é a única saída possível para derrotar Bolsonaro, fazendo-se necessário que as entidades do movimento estudantil convoquem amplamente para o ato nacional desta quinta-feira (13) às 17hs. 

Precisamos ocupar as ruas para exigir o impeachment de Jair Bolsonaro, com todos os cuidados sanitários e todas as precauções. Neste momento, a mobilização e a construção  da reação popular em conjunto com os trabalhadores organizados, a juventude, os negros e mulheres é vital. O grito e a luta pelo Fora Bolsonaro são urgentes!

1.https://blogs.oglobo.globo.com/opiniao/post/universidade-fica-inviavel.html

2.https://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2021/04/23/bolsonaro-sanciona-o-orcamento-de-2021-com-cortes-de-quase-r-30-bilhoes.ghtml

3.https://economia.ig.com.br/2021-04-01/congresso-engorda-pautas-do-centrao-no-orcamento–veja-a-lista.html