Juventude anticapitalista Já Basta!

O capitalismo do século XXI, sob uma crise que se desborda de maneira sistêmica em variadas frentes, tem empurrado às massas trabalhadoras exploradas e a todos os setores sociais oprimidos condições de vida cada vez mais difíceis. Isso se dá como produto da acentuação, do agravamento e, talvez, de uma mudança de signo de todas as contradições do atual sistema.

Diante deste cenário, a precarização do trabalho aparece em nossas vidas, e às futuras gerações de trabalhadores e trabalhadoras, somados à precarização da educação, numa relação complementar, como tentativa de atenuação da crise contemporânea, da queda nas taxas de lucro dos grandes capitalistas.

Sendo assim, quando falamos em precarização do trabalho, recordamo-nos quase que de maneira espontânea, da atual condição de trabalho dos entregadores e entregadoras, assim como de outras categorias do trabalho por plataforma. Por razão de uma maior necessidade dos capitalistas de se apropriarem de mais-trabalho alheio, nos deparamos com o retorno de formas arcaicas de exploração do trabalho.

Com condições de trabalho que nos remetem ao século XIX, jornadas de mais de 12 horas, inacessibilidade a estruturas básicas como banheiros e comedouros, valores insuficientes à própria subsistência, negação ao direito de benefícios e garantias laborais constitucionais. Diante desse cenário, os/as entregadores/as de aplicativo, como parte de uma nova classe trabalhadora, acumulam um importante e histórico processo de luta auto organizado com cafés da manhã solidários e os breques dos APPS, que nós estudantes devemos nos solidarizar e apoiar amplamente.

Se vitoriosa, a batalha dos/as entregadores/as por condições dignas de trabalho e remuneração, que se totaliza na luta contra a precarização, pode-se desencadear um processo importante de luta para outras categorias de trabalho, bem como contra a precarização da educação que tem hoje. Não à toa, como um dos investidores nos itinerários “formativos” do Novo Ensino Médio, o IFood, precariza cada vez mais o trabalho em nosso país e superexplora a categoria ao esconder as relações de assalariamento e negar direitos básicos à categoria para manter o seu lucro bilionário.

Portanto, por tudo isso, apresentamos a seguinte moção:

O 59° Congresso Nacional da UNE aprova em plenária todo o apoio e solidariedade à luta dos/as entregadores/as de aplicativo contra a precarização do trabalho e pela garantia de condições laborais e de remuneração dignas, a partir das reivindicações e autodeterminação da categoria.

Brasília, 15 de julho de 2023.