Adusp: Pela paralisação das atividades

Enrico Bigoto

A Adusp (Associação dos Docente da USP), que congrega os professores e pesquisadores da Universidade, é um dos principais organismos políticos da USP. É por ele que a categoria se dirige oficialmente aos órgãos administrativos, seja cotidianamente ou em tempos críticos, se organiza para greves e, agora, as atitudes a serem tomadas diante da pandemia.

Cumprindo seu papel, em documento lançado no dia 17/04, a Associação questionou as diretrizes apontadas pela Reitoria de Pró-Graduação para a continuação das atividades universitárias, além das perigosas e ineficazes medidas emergenciais que esta tentava impor aos professores, funcionários e alunos. Para a categoria, medidas como distribuição de “kits internet”, que seriam retirados presencialmente colocando em risco a saúde de inúmeros funcionários e alunos, refletem a “pressa” e a “falta de entendimento dos vários perfis que compõe a Universidade de São Paulo”, reiterando algo que se explicitava cada vez mais na instituição: a desigualdade de oportunidades devido á diferença objetiva de condições socioeconômicas entre os estudantes.

Para a Adusp, a continuidade das atividades é infactível, uma vez que a administração da universidade declarou oficialmente que 90% das 6.000 disciplinas seriam dadas de maneira efetiva, também apontando a profunda ineficácia pedagógica da implementação de ferramentas emergenciais à distância. O documento também exige a prorrogação das atividades de pesquisa e entrega dos respectivos relatórios.

Essa posição que toma a Associação é importantíssima, não só por que é coerente em termos objetivos em relação a dura realidade da crise pandêmica do Covid-19, mas também por que expressa a preocupação com o ensino da instituição – em termos de qualidade, mas também de abrangência e democraticidade.

Sobretudo, é uma posição que promove a unidade de ação entre as categorias que compõe a universidade, e que ajuda a barrar a implementação permanente do EaD, modelo de ensino que vem sendo cada vez mais popularizado no ensino privado, e que o mercado da educação tenta implementar nas universidades públicas.