É preciso ir às ruas para exigir imediatamente que o STF autorize a investigação sobre o envolvimento de Bolsonaro e sua família na execução política de Marielle Franco e de Anderson Gomes

ANTONIO SOLER

O Jornal Nacional publicou uma matéria nesta terça-feira, 29/10, que liga diretamente Jair Bolsonaro e sua família ao assassinato de Marielle Franco, vereadora do Rio de Janeiro pelo PSOL, e de Anderson Gomes, motorista que conduzia o carro em que ambos foram executados.

Até então, havia apenas ligações indiretas de Bolsonaro a essa execução política, mas essa matéria liga diretamente o presidente e seu clã com os acusados de duplo homicídio, Élcio Vieira de Queiroz e Ronnie Lessa, o que significa uma reviravolta total no caso, coloca diretamente Bolsonaro sob suspeita e abre a possibilidade imediata de seu impeachment.

Em depoimento à Polícia Civil, um dos porteiros do condomínio Vivendas da Barra (Rio de janeiro), no qual morava o então Deputado Federal Jair Bolsonaro, afirmou que no dia da execução de Marielle e Anderson, 14 de março de 2018, Queiroz pediu para ir à casa de número 58, imóvel que é de propriedade de Bolsonaro. Registre-se que, além dessa casa, Bolsonaro também é proprietário no mesmo condomínio da casa número 36, local onde mora o seu filho Carlos Bolsonaro (vereador do Rio de Janeiro pelo PSC).

O porteiro afirma que ligou para a casa 58 e obteve autorização do “Seu Jair” para que o assassino entrasse no condomínio e se dirigisse para sua moradia. Quando percebeu que o veículo se dirigiu para a casa número 66 (residência de Lessa) ligou novamente para a casa 58 para informar sobre a mudança de destino do veículo de Queiroz e nesse momento obteve do “Seu Jair” como resposta que ele sabia para onde o veículo liberado estava dirigindo-se. Minutos depois, Queiroz e Lessa saíram do condomínio no mesmo carro que foi deixada nas imediações do condomínio quando assumiram a condução do veículo utilizado para a execução de Marielle e Anderson.

A matéria divulgada no Jornal Nacional da conta que no mesmo dia Bolsonaro esteve presente em duas votações na Câmara dos Deputados e que gravou vídeos no interior e fora da Câmara, isto teria ocorrido em horários que o impossibilitaria de estar no Rio de Janeiro durante os fatos relatados pelo porteiro.

No entanto, soma-se ao depoimento do porteiro, o registro em formulário feito na entrada de Queiroz na portaria que, se autenticado for, já atestaria que Queiroz entrou no condomínio para se dirigir para a casa de número 58. Além disso, os registros de ligações da portaria com a casa número 58 podem, além de acabar de ligar diretamente Bolsonaro ao crime político, definir quem do seu clã atendeu às ligações, permitiu a entrada de Queiroz no condomínio e sabia que ele iria se encontrar com o outro assassino (Lessa).

Segundo matéria divulgada pelo Jornal Nacional, o Ministério Público levou no dia 17 de outubro ao presidente do STF (Dias Toffoli) um pedido de continuidade de investigação sobre o caso, pois como presidente foi situado no caso e tem foro privilegiado, mas já foram transcorridos quase 15 dias e nenhuma resposta foi dada pelo chefe da corte suprema.

Não podemos ficar apenas nas petições legais, uma vez que estamos diante da possibilidade ímpar para fazer justiça para Marielle e para Anderson. Por isso, o PSOL e todos os setores comprometidos com os direitos democráticos, com as liberdades de organização e com os interesses dos explorados e os direitos dos oprimidos, precisam organizar imediatamente manifestações de rua em todo o país para exigir que o STF abra uma investigação sobre a participação de Bolsonaro e sua família nesse crime político.

Após quase um ano e oito meses do assassinato de Marielle, esse depoimento tem potencial político explosivo, pois, além de chegar nos mandantes diretos desse crime, pode mudar totalmente os rumos políticos do Brasil. Além de uma ampla campanha pelo Fora Bolsonaro, que coloque esse neofascista e toda a sua corja de reacionários para fora do governo e exija sua prisão, precisamos também lutar por eleições gerais já e por uma nova Constituinte que derrube todos os ataques contra a nossa classe feitos nos últimos anos.

Investigação imediata e transparente da participação de Bolsonaro na morte de Marielle Franco!

Abertura do processo de impeachment já!

Fora Bolsonaro e Mourão!

Eleições Gerais!