Os ataques ao magistério e à escola pública para destruir o seu caráter público, gratuito e democrático é sistemático. Nos governos anteriores tivemos reformas financeiras, administrativas e curriculares que serviram apenas para tirar a autonomia dos professores, precarizar as condições de ensino e aprendizagem, terceirizar e privatizar a escola pública estadual. 

O que mais recentemente significou a retirada de direitos (falta abonada, falta aula, falta médica, atribuição por classificação), a destruição da carreira do magistério, a imposição do aumento da jornada na nova carreira e outros ataques. Com o governo de extrema-direita, Tarcísio e Feder, esse processo apenas vai se aprofundar se não conseguirmos organizar uma mobilização à altura dos ataques que já estão em curso: a retirada de 5% de verbas da educação, a privatização da administração de 500 escolas e uma política educacional que aprofunda ainda mais a precarização e a espoliação intelectual do magistério.

Toda um contexto que gera situações corriqueiras de violência simbólica, assédio, bullying  e, no limite, situações como as que assistimos na escola EE Thomazia Montoro que levou a morte da professora Elisabeth Tenreiro e o ferimento de três professores e um aluno. O ocorrido na Vila Sonia (SP) não é um fato isolado, é resultado da cultura armamentista bolsonarista que inunda as redes sociais e a vida política nacional como um todo. Mas, o governador bolsonarista de São Paulo quer enfrentar o problema colocando policiais aposentados nas escolas – o que vai agravar ainda mais a violência, o armamentismo e o vigilantismo – em vez de melhorar as condições de ensino-aprendizado, de desenvolver politicas que combatam a violência nas escolas e de valorização dos trabalhadores da educação. 

Os ataques dos governos tucanos, e agora do governo bolsonarista à escola pública, só foram possíveis pelo apoio que têm da classe dominante, da grande mídia, do Banco Mundial e do imperialismo – o Brasil sempre foi tomado como laboratório para políticas neoliberais elaboradas por esse organismos a serviço da privatização e neotecnicismo. Mas, não podemos esquecer que o avanço neoliberal, e agora ultraliberal, sobre a educação só pode avançar a níveis tão profundos porque a direção da APEOESP não foi historicamente capaz de dotar o magistério com uma política e organização capaz de enfrentar as sucessivas ondas de ataques. Por isso, consideramos criminoso o abandono da oposição de setores que eram da oposição e agora estão compondo com a direção majoritária.

Nós, Professores em Movimento, ao contrário dessa ex-oposição que abandonou toda a linha da independência de classe, pensamos que para enfrentar o atual governo de extrema-direita, é necessário uma política sindical e educacional superadora pela raiz à política desmobilizadora, cupulista, aparelhista e corporativista da direção majoritária da APEOESP. Uma direção que está à frente do sindicato desde a década de 1980 e que, comprovadamente, é incapaz de dotar a nossa categoria de instrumentos de política sindical para enfrentar o ultraliberalismo representando por Feder e por Tarcísio. 

Por essa razão, para construirmos uma alternativa sindical democrática, pela base e combativa – que contribua para unificar a luta da comunidade escolar contra os ataques da extrema direita e que supere pela raiz essa direção burocrática -, somos parte da Oposição Combativa e nos somaremos à Convenção da Chapa Unidade das Oposições. Atividade que será realizada no dia 1º de Abril, às 14h, na Sede Estadual da CSP-Conlutas – Rua Senador Feijó, 189, Sé.