As mobilizações e bloqueios continuam no Peru após o golpe parlamentar contra o Presidente Pedro Castillo.

Apesar da decisão do governo de militarizar o país, os protestos e bloqueios de estradas continuam, exigindo o fechamento do congresso e repudiando o novo governo. Organizações de direitos humanos, como a Amnistia Internacional, condenaram a militarização do país.

A repressão estatal dos protestos já custou a vida a 26 pessoas e feriu centenas. Embora o governo tenha começado a afirmar que “o conflito está em declínio”, as manifestações mantêm o país paralisado.

Numa tentativa de responder aos protestos e de atenuar a crise política, a Presidente Boluarte pediu a renúncia do seu primeiro-ministro, Pedro Angulo, apenas 10 dias após tomar posse. Boluarte apresentou a decisão como parte de uma “reestruturação geral” do seu gabinete.

A decisão mostra que Boluarte é um governo fraco. O seu principal ponto de apoio é o Fujimorismo no Congresso, o Tribunal Constitucional e os militares, mas não tem qualquer ponto de apoio social.

A decisão de demitir Angulo procura descomprimir a pressão exercida pelas mobilizações. Os protestos rejeitam o golpe de Estado contra Castillo e denunciam toda a classe política como responsável pela crise.

Na sexta-feira, o Congresso não conseguiu os votos necessários para cortar o mandato constitucional até Abril de 2024 e assim antecipar as eleições, em uma votação muito dividida no já fragmentado Congresso peruano. A proposta está sendo impulsionada pelos partidários da extrema direita fujimorista e tem o apoio da própria Boluarte.

Nesta terça-feira, o congresso se reunirá novamente com o objetivo de conseguir a aprovação da antecipação eleitoral. Algumas propostas incluem a realização de um referendo.

Enquanto isso, apesar da repressão e militarização, os protestos continuam e dezenas de estradas e aeroportos são bloqueados.

Uma pesquisa recente publicada pela Ipsos Peru afirma que 62% dos peruanos concordariam com uma eleição antecipada “somente se ela for acompanhada de uma reforma política e eleitoral”. Por outro lado, apenas 23% concordariam em realizar eleições “sob as condições políticas atuais”, de acordo com El Comercio.