O assassinato de Qassen Soleimani

Repudiamos o terrorismo de Trump e dos Estados Unidos

Ao amanhecer do dia 3 de janeiro em Bagdá, um bombardeio ordenado por Trump matou Qassen Soleimani: general da “Guarda Revolucionária Iraniana”, comandante das forças xiitas no Irã e homem forte do aiatolá Khamenei, chefe de estado do Irã. A tensão internacional ameaça se tornar guerra.

Corrente internacional Socialismo ou barbárie

Os Estados Unidos rapidamente assumiu a responsabilidade pela ação terrorista na capital iraquiana contra um dos altos comandantes militares do Irã e de suas milícias que atuavam no Iraque integradas às forças formais do governo.

Soleimani era um militar e político altamente popular na base social do governo iraniano, e o fato de ele ser um de seus principais chefes militares faz do seu assassinato (junto com outro alto comandante e mais seis pessoas no atentado) uma clara provocação terrorista da Casa Branca.

Apesar do fato de o regime iraniano ser ultra-reacionário e capitalista, a ação terrorista de  estado de Trump deve ser amplamente repudiada: é uma advertência e uma ameaça aberta a todos aqueles que se opõem aos interesses ianques em todas as partes do globo.

Tenta ser uma mensagem de dominação e intimidação inquestionáveis, afirmando que podem matar à vontade, se assim o desejarem.

O assassinato de Soleimani é em particular uma ameaça e provocação contra o Irã, um país que tem uma forte margem de independência do imperialismo americano. Sendo assim, e apesar de seu regime teocrático capitalista reacionário, o defendemos contra Trump.


Vamos ler o que o presidente ianque diz na sua voz oficial, twitter: “Soleimani matou ou feriu gravemente milhares de americanos por um longo período de tempo e planejava matar muitos mais … mas ele foi pego! Ele foi direta e indiretamente responsável pela morte de milhares, incluindo um número recente significativo.”

As afirmações de Trump em relação a Soleimani como um indivíduo perigoso são no mínimo insólitas: o assassinato de um alto comandante de um Estado e sua criminalização a-posteriori é uma mensagem direta e uma criminalização do Estado iraniano. As declarações de Trump são um chamado para tratar o próprio Irã como criminoso.

Mas o assassinato de um alto comandante iraniano quebra o equilíbrio relativo alcançado no Iraque entre os dois países envolvidos em sua pacificação e normalização, mas com fortes tensões devido aos interesses sobre o conjunto da região.

Sem ir tão longe, Soleimani era o chefe da milícia que garantiu a estabilidade do governo de Bagdá com grupos paramilitares ligados aos Estados Unidos.

O ataque dos EUA é extremamente reacionário em todos os sentidos: é também um aviso e uma ameaça latente contra as massas do Oriente Médio.

Fortes rebeliões populares estão se desenvolvendo na região e no próprio Iraque surgiu um começo de rebelião a partir de baixo.

A ação dos Estados Unidos pode significar a substituição da incipiente ação de massa na região (como no Iraque), para que o imperialismo e os aparatos de estado com suas guerras, catástrofes e massacres voltem a ter protagonismo no Oriente Médio.

Uma antecipação foi a Síria: a rebelião de baixo resultou na militarização do país e sua divisão em áreas controladas pelo imperialismo, tropas do governo ou grupos fundamentalistas.

As massas foram de protagonistas de sua história em vítimas de uma imensa catástrofe.

O desenvolvimento das coisas também parece mostrar sinais de atrito dentro do regime ianque: Trump tomou a decisão da ação terrorista na noite passada sem passar pelo Congresso.

De uma maneira pouco usual de agir dentro da “democracia” imperialista, o presidente dos Estados Unidos tenta governar de maneira “bonapartista”, tomando nas mãos um poder de decisão que supostamente não deveria ter.

Repudiamos o terrorismo internacional de estado dos Estados Unidos.

Defendemos o direito do Estado iraniano de ser independente do imperialismo ianque, mesmo sem dar nenhum apoio político ao governo do Aiatolá.

Solidarizamo-nos com as massas populares do Oriente Médio que lutam para tomar em suas mãos seu próprio destino contra o imperialismo e contra os governos da região, que procuram separá-los da história impondo seu próprio domínio.

Nas rebeliões está a saída da onda interminável de guerras, invasões imperialistas, guerras civis, massacres e catástrofes indescritíveis que sangram a região há anos.