Luta não é crime!

    Basta de detenções e prisões políticas, não irão nos calar e nem nos intimidar - Relato da detenção dos militantes.

    Socialismo ou Barbárie – Tendência do PSOL

    Na manhã deste sábado, dia 16, três militantes da corrente Socialismo ou barbárie – Tendência do PSOL, além de uma companheira do partido, foram detidos pela polícia bolsonarista enquanto confeccionavam uma faixa contra o governo genocida de Bolsonaro no centro da cidade de São Paulo.

    Não é de hoje que a polícia, tanto a Militar como a Guarda Civil Metropolitana, atuam fortemente como uma ferramenta de opressão e intimidação de manifestações políticas. São inúmeros os casos de prisões arbitrárias contra os trabalhadores e a juventude, mesmo em outros governos, como os petistas, situação que vem se agravando cada vez mais sob a bandeira do bolsonarismo. É uma instituição herdada da ditadura militar que historicamente reprime, espanca e prende manifestantes da esquerda socialista de maneira criminosa a serviço da ordem capitalista, constituindo uma base social perigosa e comprometida com o governo federal.

    Hoje não foi diferente. Nós, militantes, chegamos por volta das 9 e 30 da manhã para confeccionar uma faixa exigindo a saída deste governo criminoso e genocida, uma tarefa simbólica e emergencial na atual encruzilhada histórica em que nos encontramos. Estendido o tecido no chão da Praça do Patriarca e começando o trabalho que, seria longo no dia de hoje, se não fosse interrompido de maneira arbitrária. 

    Tudo corria normalmente, gente se aproximava para apoiar a atividade. Fomos então, pela primeira vez, abordados pela guarda civil que exigiu que mudássemos a faixa de lugar e assim o fizemos imediatamente. Mais tarde, quando começamos a pintar o tecido, e a aparência política da faixa começou a ganhar forma, uma nova viatura da guarda nos abordou novamente e disse que não poderíamos estar pintando aquela faixa naquele local.

    A partir daí começou uma discussão sobre essa decisão completamente arbitrária em que o superior daquela guarnição argumentava que não era pelo conteúdo político que ali seria pintado, que o seu partido era o Brasil sem haver sido questionado, mas que tínhamos que sair dali imediatamente com o nosso material. Começamos então a recolher as coisas e foi aí que este mesmo policial percebeu que a faixa havia deixado marcas de tinta branca no chão e começou a nos intimidar dizendo que iria conduzir a nossa militância ao DP em flagrante por crime de pichação (tipificado como crime ambiental também) alegando um borrão, isso mesmo, um borrão em patrimônio público. Neste momento foram chamadas mais 5 viaturas para a “ocorrência” em uma clara tentativa de intimidação

    Pra quem não sabe, o prédio da prefeitura fica em frente à praça, ocupado hoje pelo governo de Bruno Covas. Alguns policiais diziam que por estarmos ali na frente, por haver câmeras no local, não poderiam deixar aquilo passar sem nenhuma medida, isto é, sem nenhuma sanção à nossa atividade política. Era preciso mostrar serviço para aqueles que os comandam, era preciso deixar claro para todos que ali estavam que aquilo não se faz e que lutar politicamente tem as suas consequências. Era preciso intimidar. 

    Fomos conduzidos ao 8° DP da cidade e ali esperamos por algumas horas até sermos chamados pelo delegado de plantão. Nada de novo, o policial expõe a sua versão, nós a nossa e então decidem qual será o quadro. Estava tão claro que era uma detenção para averiguação, que o guarda civil e o delegado transpassaram um certo tipo de desconforto – como raios iriam elaborar o boletim de ocorrência sem assumir o conteúdo político desta detenção. Malabarismos feitos, boletim de ocorrência escrito e material (faixa, tinta e rolos) apreendidos, nada de crime imputado Levariam a situação ao cúmulo do absurdo e arbitrariedade e todo o quadro ganharia uma expressão maior ainda se tentassem qualificar a nossa militância em algum tipo de crime. Enfim liberados, mas só após assinar um termo a respeito da apreensão dos nossos materiais.

    Queremos dizer a todos que estejam lendo esta denúncia em forma de relato, que saímos mais fortes desta situação, e que não irão nos intimidar e nem nos calar. Ressaltamos a necessidade de uma luta organizada e permanente para derrubar o governo genocida de Bolsonaro para que detenções com esta e prisões políticas jamais aconteçam. Estar vivo é lutar e, gritaremos bem alto pelas ruas: Fora Bolsonaro Genocida!