Jair Bolsonaro (PSL) e o ministro Abraham Weintraub (MEC) tentaram empossar o interventor do Rio Grande do Sul e não diretor eleito em eleições internas da instituição

Rosi Santos

Nesta segunda-feira (19), estudantes do Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio de Janeiro (CEFET-RJ) reagiram de maneira contundente contra a intervenção de Bolsonaro na escolha do novo diretor da instituição contrariando resultado das eleições internas.

Bolsonaro havia nomeado Maurício Aires Vieira logo após indicação do Ministro da Educação Weintraub, tentaram passar por cima da decisão da comunidade educativa da escola federal, que havia eleito outro candidato, Maurício Motta. Ao não ter sido eleito e não possuir nenhuma relação com a instituição, toda a comunidade acadêmica se revoltou com a intervenção do governo autoritário e protofacista de Bolsonaro.

Em reação contra Bolsonaro juventude mostra o caminho

Em varias decisões do governo é possível identificar que seu programa ao contrário do que foi toda a sua propaganda de campanha, é um governo de privilegiados e sem nenhuma relação com os interesses e vontade das maiorias.

No caso da tentativa de intervenção no CEFET-RJ não foi diferente, o nomeado além de ser alinhado com o governo é o atual assessor do ministro da educação e não possui nenhuma ligação com a instituição.


“Não aceitamos a nomeação do interventor. Nunca deu aula aqui, nunca pisou aqui e não conhece a comunidade acadêmica”, afirmou Cristian Nunes, presidente do Diretório Central dos Estudantes.

Os estudantes mostraram o caminho contra o autoritarismo. Realizaram uma barreira humana na sala da direção e em outras áreas da escola e impediram a posse do nomeado de Bolsonaro, a gritos e escoltados pelos estudantes, Vieira acabou deixando o local em menos de uma hora de sua chegada.

O MEC junto com o governo tentou dar um golpe na democracia interna do Cfet-RJ

Cerca de 10 anos tanto no CEFET-RJ como nas universidades públicas de todo país o governo federal vinha respeitando as escolhas administrativas das comunidades educativas. Os estudantes e professores afirmam que a intervenção de Bolsonaro não foi e não será respeitada, “tivemos eleições aqui”, disse um professor.

De acordo com MEC, o Diretor-geral foi nomeado interinamente enquanto a eleição está “sob análise” e o atual nomeado foi o escolhido para dar continuidade às atividades administrativas da instituição, fato que além de nunca ter ocorrida na instituição é injustificável diante do desrespeito a soberania interna e voto popular da comunidade acadêmica.

Até o momento o MEC não se posicionou. Por enquanto, a situação no CEFET-RJ não é de total estabilidade, porém, estudantes garantem que o novo diretor já foi escolhido eles, e ele, tecnicamente, é novo diretor-geral “pro tempore” (temporário) e deve ser apenas referendado pelo MEC, como também afirmou a coordenadora de Física do Centro, Elika Takimoto, à Revista Fórum no dia de ontem.