“A luta não começou aqui, começou em São José. Hoje está em Jundiaí. Iremos passar o bastão para Niterói, Bauru, São Gonçalo, Paulínia. Estamos juntos aí…Demos um soco bem forte no estômago do Ifood. Agora rapaziada, vocês dão uma no rosto e depois uma nacional (greve). Iremos derrubar esse gigante que quer derrubar nossa categoria de motoboy.! (Fala dos entregadores de Jundiaí ao encerrar momentaneamente a greve na cidade)”

Após 6 dias de uma greve radicalizada, os entregadores da cidade de Jundiaí (SP) decidem pela suspensão temporária do movimento e colocam no horizonte a possibilidade e a necessidade de nacionalizar a luta contra as empresas de aplicativos.

Renato Assad

No mês de setembro, dia 11, mais um breque nacional dos entregadores foi convocado e, como já contamos por aqui, São José dos Campos permaneceu em uma histórica greve por 6 dias em que resgatou métodos e ferramentas históricas dos trabalhadores e trabalhadoras, dando um salto qualitativo na luta deste novo setor do proletariado de serviços.

A partir do acúmulo da mobilização da cidade do Vale do Paraíba e do exemplo concreto para toda categoria sobre as reais possibilidades de avançar na organização da luta contra a superexploração feita pelas empresas de aplicativo, Jundiaí anunciou, uma semana antes, que iria “brecar” tudo a partir do dia 9 deste mês.

Marcada para acontecer durante 4 dias, a greve acabou se estendendo durante 6 dias e, apesar da tentativa de desarticulação do movimento por parte do Ifood e de um não contato número de empresas, essa mobilização deu mais um importante e contundente passo para a massificação e nacionalização desta emblemática luta.

Como resultado de uma organizada e radicalizada greve, a mobilização dos entregadores de Jundiaí teve repercussão nacional e internacional. Conseguiu a derrubada da plataforma do Ifood na cidade com o apoio importante de outros setores da sociedade e chegou a ficar em primeiro lugar nos assuntos mais comentados no Twitter no dia de ontem.

Como parte de um processo de mais de 1 ano de mobilização no país desta categoria, que cristaliza as novas relações de exploração e retoma patamares que pareciam já estar superados pela história, o caminho aberto em São José dos Campos levou a uma série de paralisações em cidades vizinhas, como é o caso de São Carlos, e de cidades que ainda permanecem firmes na luta, como a cidade paulista de Paulínia, que está no oitavo dia de greve.

Para além dessas 3 cidades, o dia de hoje amanheceu com paralisações nas cidades de Atibaia, Niterói, São Gonçalo e Bauru. Tudo indica que outras cidades podem parar a qualquer momento. Isso demonstra que esse é um processo de luta extremamente vitorioso pelo avanço da consciência de classe e da organização da categoria.

Tudo indica que pode estabelecer uma nova forma de organização da luta dos trabalhadores, mais autônoma, mais conectada e mais autodeterminada. Na verdade, pode estar já na prática superando em sua gênese as velhas, imobilizadas e traidoras formas do sindicalismo conduzidas pela burocracia. Estamos assistindo a um fenômeno inédito neste século.

Este histórico processo de mobilização nos faz reafirmar e resgatar a certeza de que a autoatividade dos trabalhadores, o seu protagonismo e a unidade de toda a classe organizada, sob a dinâmica da democracia operária, certamente colocarão em prática aquilo que afirmara Marx no século XIX: “o que a burguesia produz, portanto, acima de tudo, são seus próprios coveiros”.

Viva a luta dos entregadores de aplicativo!

Atendimento imediato de todas as reivindicações!

Boicote o Ifood até que atenda todas as reivindicações!

Ampliar a mobilização para uma greve nacional de tempo indeterminado!