Pela superação da direção burocrática do DCE e pela mobilização das bases estudantis, é decisivo construir uma chapa unitária do Polo Socialista Revolucionário com a esquerda do Psol

Nesta terça-feira (31), encerra-se o prazo para a inscrição de chapas para as eleições do DCE. Diante da inércia do movimento estudantil, saturado pela política burocrática de despolitização e desmobilização da atual direção do DCE, e tendo em vista as necessidades históricas de derrotar Bolsonaro e o bolsonarismo e engrenar a luta por uma universidade verdadeiramente pública e de qualidade, fazemos um chamado à unidade entre as organizações do Pólo Socialista e Revolucionário e a esquerda do PSOL. 

Juventude Já Basta! – Socialismo ou Barbárie 

Como continuidade à contribuição política sobre o debate das eleições para a nova diretoria do Diretório Central dos Estudantes da USP[1] – Alexandre Vannucchi Leme -, que ocorrerá na próxima semana, trataremos mais uma vez da responsabilidade política para o próximo período que as organizações da esquerda socialista devem, de maneira fraterna, assumir para levar adiante um processo que possa encarrilhar um novo curso ao movimento estudantil.

Como já havíamos exposto antes, entendemos que toda a cartografia política deve ser encarada de maneira consequente para enfrentar os desafios que estão postos em todos os níveis, sendo de nós exigido uma política concreta à situação concreta, ou seja, desenvolver as táticas necessárias para desbloquear o elemento estratégico fundamental nessa conjuntura que é impulsionar a mobilização de massas nas ruas para derrotar o neofascismo. Esta tarefa impõe às direções nacionais e juvenis da esquerda socialista o desafio de se manter em uma tênue linha que evite a todo custo os vícios sectários de demarcação política e o oportunismo instrumentista que hoje arranca das entidades estudantis seu potencial organizador, educacional e mobilizador das novas gerações.

A juventude – hoje um dos setores mais dinâmicos na luta de classes a nível internacional – demonstrou nesse último período a tremenda disposição de luta que encarna em si e o papel histórico que pode cumprir para a reversão da correlação de forças com o bolsonarismo e para a construção permanente de uma universidade feita por e para jovens trabalhadores. Essa disposição coletiva precisa apoiar-se em uma direção que efetivamente esteja a serviço da luta pela base – em unidade com professores e funcionários – lastreada em um programa que seja capaz de amarrar as demandas mais urgentes dos estudantes com os interesses de nossa classe, que vive hoje o pior retrocesso das condições materiais de vida das últimas décadas.

Este é um horizonte que carrega consigo imensas possibilidades, mas que exige uma inflexão no interior da juventude socialista radicalizada para combinar a construção de um programa mínimo com a organização unitária objetivando dotar o movimento estudantil de uma direção que supere radicalmente a atual burocracia. Entendemos que a fragmentação do campo socialista revolucionário significa a impossibilidade de intervir de maneira pedagógica no interior da universidade – o que  passa pela unidade da esquerda socialista para levar junto às bases juvenis a luta para as ruas como tarefa central – de maneira a abrir caminho contra a burocracia lulista.

A saída para derrotar Bolsonaro e para a conquista dos direitos, como a permanência, o estudo de qualidade e a universalização do ensino, depende, necessariamente, em âmbito nacional de uma política anticapitalista levada adiante por uma frente de esquerda socialista que aglutine, em unidade de ação, não apenas partidos de esquerda e organizações, mas movimentos sociais e amplos setores independentes dos indignados. Isso se traduz no interior da USP ao processo eleitoral sob a necessidade de construção da unidade eleitoral da esquerda socialista para que essa possa, com métodos, programas e táticas adequadas, contribuir em âmbito local com esse processo de luta unitária. Certamente se trata de uma tarefa que deve ser colocada ao processo eleitoral mas que de maneira alguma deve se encerrar no mesmo.

É tempo de ultrapassar as demarcações estéreis, o divisionismo autoproclamatório e as diferenciações mínimas pela unidade da forças socialistas independentes para enfrentar o imenso aparato burocrático. Através da composição de um programa radical que dialogue concretamente com as necessidades prementes, podemos  desmascarar as ficções criadas pela vazia retórica lulista de que através do voto  totalmente apartado da luta direta e com alianças com a direita será possível arrancar ao futuro os direitos básicos e históricos para as atuais e próximas gerações trabalhadoras e oprimidas – um processo que deve-se forjar na luta e na politização coletiva permanente.

Sejamos realistas, exijamos o impossível! Para nós, Juventude Já Basta!, isso se traduz hoje na construção de uma chapa comum do Polo Socialista Revolucionário com a esquerda do PSOL para levar ao conjunto do movimento estudantil uspiano a luta para derrotar Bolsonaro pelas ruas com um programa anticapitalista de defesa dos interesses da classe trabalhadora e das reivindicações de um movimento estudantil: universidade verdadeiramente pública e de qualidade; fim do vestibular e permanência estudantil para garantir à juventude trabalhadora, negra, indígena e periférica condições dignas para o estudo e o lazer; democratização dos espaços deliberativos e de convivência universitários; Sem combatividade e uma direção à altura, o movimento estudantil não pode dar conta dessas tarefas. É hora de unidade da esquerda socialista!

 

[1]  https://esquerdaweb.com/a-necessidade-historica-de-inflamar-o-movimento-estudantil/