SEVERINO FÉLIX

No dia 15 de outubro se comemora o Dia dos Professores, uma categoria que vem sendo vilipendiada pelos governantes de plantão, mas que tem muita tradição de luta.

Seguindo a lógica do governo Bolsonaro, de ataques à educação pública e gratuita no país, seus seguidores procuram doutrinar a educação em nosso país. No estado de São Paulo, nossa categoria enfrenta uma dura batalha contra o PLC 26, do governador João Doria, que embutiu no projeto vários ataques aos servidores públicos e, principalmente, à categoria de professores.

Essa lógica de ataques aos serviços públicos e à educação pública é um alinhamento dos governos neoliberais representantes diretos do capital. Em tempos de crises do capitalismo, é fundamental transferir a conta para os trabalhadores.

No centenário de Paulo Freire, o patrono da educação brasileira, os ataques à educação pública e aos serviços públicos – como a reforma da previdência; aumento maior da alíquota de contribuição e dificultando o acesso a aposentadoria (maior tempo de contribuição) necessitando de ao menos 4 anos de contribuição – se intensificaram nestes governos

O projeto é destruir a educação pública, privatizar o sistema de ensino público e entregar o espólio ao sistema de ensino privado. Isso irá excluir uma imensa parcela da classe trabalhadora, principalmente as mulheres, a juventude negra e periférica e a população indígena do país.

Rememorar a origem de luta do 15 de Outubro

É necessário refletir sobre a origem do Dia dos Professores. Como em qualquer data comemorativa de resistência veio através de lutas da classe trabalhadora. Muitas vezes processo, fatos e personagens essenciais passam para o esquecimento da população devido à política de apagar ou de embranquecer grandes ícones de resistência da historiografia brasileira.

O dia 15 de outubro, que comemoramos hoje como Dia do Professor, foi oficializado em 1963 em âmbito nacional. Porém, esta data já era comemorada no estado de Santa Catarina no ano de 1948 pelo projeto de autoria da primeira deputada estadual e professora negra eleita no país, Antonieta de Barros.

A luta de Antonieta de Barros, filha de uma escrava liberta, tinha como projeto dar condições para preparar alunos carentes a ingressar em um colégio da cidade através dos testes de admissão, além de alfabetizar os adultos iletrados naquele período.

O objetivo era preparar alunos para os exames de admissão do chamado Ginásio do Instituto de Educação e da Politécnica, além de alfabetizar adultos. Desta forma, acreditava que através do ensino seria possível criar condições para as pessoas se libertarem da exclusão social em que viviam.

Por estes motivos, a resiliência da categoria, refletindo sobre nossa função neste dia, é extremamente essencial para darmos alguns passos à frente, para nos organizar e resistir a esses desmandos dos governos neoliberais.

Se o avanço das contrarreformas e o reacionarismo muitas vezes tiram nossos motivos para comemorar, tomamos como exemplos os ensinamentos de Maria Antonieta, Paulo Freire, Carolina Maria de Jesus e tantos outros que acreditaram na educação como um meio de libertação das amarras da opressão e exploração do sistema capitalista.

Tomemos o exemplo também dos entregadores de aplicativo que de forma autônoma estão lutando contra a superexploração e comecemos a nos organizar em todas as esferas em unidade com estudantes, pais, funcionários e toda a comunidade escolar em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade para todes.

Viva o magistério e a educação transformadora!
Em defesa da escola pública, gratuita e de qualidade!
Fora Bolsonaro e todos os inimigos da escola pública!