Renato Assad

Nesta última noite do primeiro de junho, o governo genocida de Bolsonaro confirmou a realização da Copa América em território nacional. Após o cancelamento na Colômbia como conquista da rebelião popular – “se não há paz não há futebol”-  e na Argentina devido a um novo repique de covid, o Brasil veste a camisa e cumpre o seu papel negacionista ao sediar o campeonato. O evento está marcado para acontecer no DF e em 4 estados do país: Rio de Janeiro, Mato Grosso do Sul e Goiás e outro que ainda não foi informado. A casa civil informou que poderia ser no Mato Grosso e não no MS, mas isso na verdade não nos interessa.

Sediar este evento, que poderíamos chamar de Cova América, trata-se de uma provocação sem precedentes, uma celebração em meio à maior crise humanitária que já enfrentamos, estagflação nacional, escalada da fome e da miséria e em um dos piores momentos de escalada de contágios, lotação de leitos e vacinação a passos de tartaruga que irão marcar muito brevemente a marca de 500.000 vítimas. Bolsonaro na verdade gargalha das vítimas e de seus familiares quando assume este compromisso com a Conmebol e com as empresas que irão lucrar com o evento.

É preciso responder pelas ruas!

O último dia 29 de Maio colocou um marco na luta e mobilização contra Bolsonaro e seu governo genocida. Consolidou uma nova conjuntura com imensas possibilidades de colocar uma mudança efetiva e contundente na correlação de forças com o neofascista e a extrema direita que está no poder. O Brasil, em um período reacionário consolidado desde 2016, hoje parece reagir com um protagonismo central da juventude e dá sinais de um olhar com um maior acúmulo político para a nova onda das rebeliões internacionais que marcam este século – até então de costas para estes processos -; apresenta  possibilidades concretas de se colocar politicamente ativo neste cenário sob uma conjuntara nacional mais favorável no enfrentamento ao governo.

Diante de tal provocação é preciso dar uma resposta política à altura, que possa enfrentar com radicalização e evitar que este evento ocorra. Para tal é preciso, a partir do acúmulo do 29M, organizar assembleias de base para somar categorias de trabalhadores em luta e suas demandas unificando na unidade de ação a luta.

Nosso partido, o PSOL, nossos parlamentares, figuras e lideranças dos movimentos sociais devem assumir o compromisso e a responsabilidade de se colocarem com porta-vozes das mobilizações, com uma permanente agitação como vem fazendo nosso companheiro e pré-candidato à presidência Glauber Braga. Devem se apropriar dos espaços institucionais para falar aos que estão aqui fora, inflamar a juventude, mulheres, movimento negro para que possamos transbordar a luta e contagiar setores da classe trabalhadora que colocariam um salto político as manifestações que podem ser decisivos.

Contudo, faz-se necessário e fundamental que as centrais sindicais dirigidas pelo lulopetismo mobilizem as suas bases para avançarmos sobre setores da classe trabalhadora que possuem uma reserva de mobilização importante e assim edificar condições para construir um dia nacional de paralização ou até mesmo uma greve geral, a depender das condições políticas. Lula, que hoje aparece aproximadamente com 50% de intenções de voto não pode ficar omisso frente a este desafio histórico e diante do recado dado no 29M para aqueles que apostam todas as suas fichas para as eleições de 2022.

A história se faz pelas ruas, mesmo em tempo de pandemia e o último sábado é prova histórica disso. Dia 19 de junho é dia de ocupar mais uma vez as ruas para de uma vez por todas colocar o governo genocida de Bolsonaro contra a parede e edificar uma derrota categórica ao negacionismo genocida!

Fora Bolsonaro e Mourão!

Não vai ter Copa América!

Vacina para todos já!

Auxílio emergencial no valor de uma salário-mínimo!

Rumo à greve geral!