Há um mês da execução política de Marielle Franco

Lutar nas ruas por justiça

ANDRÉIA SILVA

Completa-se hoje um mês da execução política de Marielle Franco e Anderson Gomes. Um crime que tem mobilizado milhares em todo o Brasil e em outros países. Marielle foi executada porque era uma parlamentar jovem, negra, da periferia, lésbica e socialista radical. Mas o seu maior “pecado” para quem quer que a tenha assassinado foi denunciar de forma contundente a intervenção federal militar no Rio de Janeiro, o massacre cotidiano da juventude negra e todos ataques contra a classe trabalhadora e os oprimidos.

Até agora, pouco sabemos dos resultados das investigações sobre o caso, além de que foi uma execução política com o objetivo de calar Marielle – que cedo ou tarde iria canalizar um levante popular contra esse massacre diário. Lentidão na investigação que nos faz aumentar nossa desconfiança sobre um possível  envolvimento da polícia do Estado e do aparato militar na execução, o que exigir que se coloque em marcha uma investigação independente já!     

De outra parte, nas últimas semanas, a negação do habeas corpus sob pressão do comandante do exército e o impedimento de que os últimos recursos da defesa pudessem ser impetrados em meio a ofensiva reacionária em que vivemos, deixaram evidente que a prisão de Lula teve um caráter indubitavelmente político e visa aprofundar os ataques contra os trabalhadores.

A prisão  de Lula, da mesma forma que o impeachment e a ofensiva reacionária ora em curso, foi fruto de uma sistemática política de conciliação de classes; e sua vergonhosa rendição mais uma vez traiu a expectativa correta de resistência de milhões de trabalhadores. Por tudo isso, pensamos que a luta por direitos democráticos e contra a sua prisão tem que ser feita pari passu com a luta pela construção de uma direção de massas que supere radicalmente o lulismo.

A intervenção militar federal no Rio de Janeiro é um fato central na luta de classes no Brasil, pois facilitou o assassinato de Marielle, aumentou o número de execuções e aumenta a repressão sobre a população pobre e negra das periferias em todo o território nacional. Assim, tanto a prisão de Lula quanto a execução de Marielle têm um caráter diretamente político e visam impor uma situação de esmagamento da classe trabalhadora, das mulheres e da juventude.

É obrigação de todos/as lutadores/as e organizações participar e impulsionar a unidade de ação contra a prisão de Lula, mas com total liberdade de crítica, exigência e denúncia. Assim, diante desse cenário de ofensiva reacionária, de intervenção militar no Rio de Janeiro e de execução política de Marielle não podemos limitar nossa agitação e campanha nacional à bandeira “Lula Livre”.                                                                                   

Devemos exigir assim que em todos atos, comitês, vigílias e etc. tenham como eixo político Justiça por Marielle!, Não à Intervenção Militar no Rio! e Lula Livre!