Todos e todas às ruas neste próximo sábado (16) com a perspectiva de retomar a luta direta como centro da tática política para enfrentar as ameaças golpistas, a violência de extrema direita e o pauperismo generalizado. É preciso emplacar condições para realizar um contra ato no 7 de setembro e contrabalancear categoricamente as relações de forças para derrotar Bolsonaro, o bolsonarismo e todos ataques da classe dominante contra os explorados e oprimidos.

RENATO ASSAD

Nas últimas semanas, assistimos a uma série de fatos que fazem aumentar os alertas do perigo bolsonarista. A conjuntura pré-eleitoral é marcada centralmente pela escalada da violência política (existe uma tendência a que se intensifique choques mais diretos) e por uma cartografia política-sócio-econômica que expressa de maneira cristalina o desastre de quase 4 anos desse governo para os explorados e oprimidos. Hoje, no Brasil, temos 33 milhões de pessoas passando fome, aproximadamente metade da população sofrendo com algum tipo de insegurança alimentar, mais de 10 milhões de desempregados, 40 milhões de trabalhadores na informalidade e uma inflação que tem minado o acesso a produtos e mercadorias básicas à subsistência. 

Sendo nítida a funcionalidade que teve e tem, todavia, o governo para a classe dominante e o impacto dessa agenda implementada com mão de ferro para os de baixo – um regresso substancial na condição de vida das massas -, o fenômeno bolsonarista de extrema-direita pôs em terreno concreto a combinação da violência institucional e extra-institucional para levar adiante os interesses da burguesia e, particularmente, os seus interesses políticos e ideológicos. Na cartografia político-social brasileira inseriu-se um novo elemento perigoso na realidade: a transição das ameaças em palavras para o terreno concreto das coisas. O assassinato de Marcelo Arruda, fato que não pode ser considerado isolado, deve ser compreendido como início da corrida final de Bolsonaro pela manutenção do poder – algo que só será logrado por fora da estabilidade da democracia burguesa, e isso o presidente e seu movimnto têm mais do que claro por conta das pesquisas eleitorais. 

É evidente que hoje o bolsonarismo não reúne as condições necessárias para impor o seu plano autoritário plenamente por não ter apoio do imperialismo, das classes médias, do conjunto das forças e nem da classe dominante como um todo. Porém, o bonapartismo – e o bolsonarismo é uma forma de bonapartismo – carrega certa e perigosa independência das classes sociais e em certas condições pode agir em sentido de se impor no poder a partir da força, essa é uma de suas principais características, aliás. Por isso, temos que olhar para a realidade sem desconsiderar que podemos entrar em uma perigosa dinâmica política. 

Bolsonaro pode criar condições, com o aumento de popularidade e controle das ruas, para alguma forma de golpe. Isso pode se dar através de uma estratégia que combine a implementação do medo generalizado, a partir de uma orquestrada onda de ações de rua e da violência política, de forma que deixe a esquerda e os movimentos da classe classe trabalhadora na defensiva, com medidas de caráter eleitoreiras, como as que têm sido aprovadas pelo Congresso Nacional. Observemos que a PEC 15 (aprovada essa semana na Câmara Federal) e o controle do preço dos combustíveis, apesar de não se saber exatamente qual será o impacto dessa medida ainda entre a população mais pobre,  podem aumentar a intenção de voto em Bolsonaro e fazer com que emparelhe com lula nos próximos meses, situação que colocaria um cenário político muito mais arriscado e favorável ao golpismo bolsonarista. Ou seja, não podemos descartar que a partir daí possa tentar alguma aventura para não entregar o poder, mesmo perdendo as eleições. 

A saída está na luta nas ruas 

Como parte de uma situação reacionária indefinida – que se destaca pela equação social e política que coloca uma relação de forças ainda desfavorável para a classe trabalhadora -, contudo, insuficiente, para materializar um fechamento de regime, estamos diante da conjuntura mais importante desde o processo de redemocratização e devemos encará-la da maneira mais consequente possível, resgatando todo o arsenal tático e estratégico para impor um categórico limite a qualquer aventura golpista.

Numa permanente tarefa de atualizar os elementos conjunturais e dar-lhes significado político, todos os esforços da esquerda socialista hoje devem estar voltados para a necessidade de recuperar as ruas como condição decisiva para impedir a sanha golpista, garantir a soberania popular e mudar a correlação de forças – que obviamente não mudarão automaticamente com a eleição de um governo liberal-social, como o de Lula-Alckmin – para fazer retroagir os ataques sofridos nos últimos anos pela classe trabalhadora, mudança de correlação de forças que depende, evidentemente, centralmente da mobilização direta da nossa classe.

Por isso, entendemos a importância do ato convocado pela Povo na rua no próximo sábado, 16/07, a ser realizado em algumas cidades e capitais do país, bem como a necessidade de emergencial inflexão dos partidos, centrais sindicais e movimentos sociais e da esquerda socialista para edificar uma coesa frente de esquerda socialista, independentemente de estar dividida em três candidaturas. para lutar e pressionar sistematicamente a esquerda da ordem desde a base para que se rompa com o imobilismo que desarma nossa classe contra Bolsonaro e tudo o que ele representa. 

Assim, se faz central a construção de um calendário nacional de mobilização em unidade de ação com todos para acumular força política e social para no dia 7 de setembro colocarmos o bolsonarismo e todo o reacionarismo contra a parede e fincar, assim, a garantia dos direitos democráticos, econômicos e sociais pela pressão das massas. Não há mais tempo a perder, às ruas para derrotar o bolsonarismo já!