Renato Assad

Nesta tarde de quarta-feira (23), foi anunciada a exoneração a pedido do próprio agora ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles do Ministério do Meio Ambiente em uma edição extra do Diário Oficial da União. Investigado por uma série de crimes e conhecido por ser um dos ministros mais alinhados ao bolsonarismo, a queda de Salles intensifica ainda mais a crise atual do governo genocida e ecocida de Bolsonaro.

A política desenvolvida nestes últimos períodos, sobre a gestão de Ricardo Salles, certamente fica marcada como uma das mais sombrias, nefastas e criminosas de nossa história, um modelo que extrapolou todo e qualquer limite da política ambiental (anti-ambiental na verdade), alinhada a lógica dos empresários que colocam em risco a existência dos povos originários e de nossos biomas, principalmente o amazônico.

Salles, desde que assumiu a pasta no início do governo Bolsonaro, deixou claro a quem estava servindo e que estaria disposto a cometer todo e qualquer tipo de crime para favorecer os negócios extremamente lucrativos de garimpeiros, madeireiros e fazendeiros em áreas de preservação e de demarcação indígena.

Não à toa, foi sobre a sua administração que atingimos recordes no avanço do desmatamento da floresta amazônica, onde só no mês de março deste ano a destruição neste bioma  totalizou 810 quilômetros quadrados, aumento de 216% em relação a março de 2020 segundo o INPE. Ano passado, esta mesma instituição de pesquisa  apresentou em um relatório indicando 22.119 focos de incêndio no bioma do Pantanal, 120% a mais que em 2019 e o maior registro desde que as medições começaram a ser feitas, em 1998.

Jamais esqueceremos como o ex-ministro se aproveitou da pior crise sócio sanitária de nossa história para “passar a boiada”, acompanhado da tática de desmonte completo de órgãos fiscalizadores e institutos de pesquisa como o Ibama e o INPE. Não por acaso também tivemos o menor registro de aplicações de multas por crime ambiental da nossa história. Mas só a sua saída não nos contempla, queremos que pague pelos explícitos crimes cometidos.

Taticamente Bolsonaro se enfraquece

A saída de Salles, somada ao escândalo da compra de vacinas superfaturadas da Covaxin em 1000% e a crescente mobilização dos atos de rua pelo Fora Bolsonaro nos colocam uma conjuntura ainda mais favorável para a luta. É preciso se apoiar nessas contradições e não deixar possibilidades para que o governo se recupere, por tanto, esperar um mês para a próxima manifestação é abster-se de dar um passo adiante que pode de uma vez por todas mudar a correlação de forças, em outras palavras, essa demora é um crime político e uma traição histórica.

É preciso convocar as ruas para o próximo dia 10 de julho, edificando a construção de nossa luta sobre estas contradições, sem sequer pensar na possibilidade de que Bolsonaro possa suspirar. É preciso asfixiá-lo com a luta até que não haja mais sinais vitais deste governo genocida! Apenas com um calendário de luta nacional, construído pelas bases em assembleias, com a formação de comitês para lutar, poderemos transbordar a luta que hoje esta delimitada pela ampla vanguarda e massificar junto a classe trabalhadora o revés bolsonarista. Não podemos esperar, a luta é para agora!

Exigimos que a decisão de jogar tudo para 24/07 seja revertida. Este é o momento de intensificar nossa presença nas ruas! Nenhum passo atrás!

Pelo fora Bolsonaro e Mourão já!

Eleições Gerais!