Renata Rosa e Gabriel Mendes

O SIEMACO São Paulo e o STERIIISP, sindicatos que respectivamente representam trabalhadores da Limpeza Urbana e motoristas das categorias na capital, fizeram a paralisação pela vacinação das categorias contra a Covid-19. São cerca de 17,5 mil profissionais das duas categorias, que desde o início da pandemia nunca interromperam as atividades, consideradas essenciais. Houve também um protesto realizado na terça-feira, em frente à Prefeitura de São Paulo.

Numa pesquisa realizada pela pela ABES (Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental) em 23 capitais, o número de trabalhadores da limpeza urbana infectados pelo coronavírus é quase 5,5 vezes maior que o de infectados na população brasileira em geral. E o número de mortes é ainda pior: mais de seis vezes maior do que o resto da população.

Por conta da forma como esses trabalhos são exercidos, é impossível que esses profissionais consigam estar em isolamento e as palavras lockdown e trabalho remoto são expressões sem sentido! A limpeza urbana, que conta com a varrição das ruas e o recolhimento de lixo em caminhões de coleta, expõe essas pessoas diretamente ao vírus. É urgente a priorização dos profissionais da limpeza urbana no plano nacional de imunização por se tratar de um serviço essencial!

Os sindicatos referidos já haviam tentado dialogar com todos os órgãos responsáveis do governo de São Paulo, buscando a vacinação imediata, mas não foram ouvidos. Chegaram a protocolar pedidos ao governador João Doria, ao então prefeito Bruno Covas, à Secretaria Municipal de Saúde, à Câmara Municipal de São Paulo e à Autoridade Municipal de Limpeza Urbana (Amlurb). Entretanto, sequer houve uma resposta aos pedidos destas categorias, demonstrando um total descaso com trabalhadoras e trabalhadores da limpeza urbana.

O SIEMACO-SP e o STERIIISP disseram que até o dia 9, não obtiveram respostas do governo e afirmam que novas paralisações poderão ocorrer se as exigências não forem cumpridas. Aos jornalistas da grande imprensa, no entanto, a gestão João Dória (PSDB) apenas se limitou a dizer que o Programa Estadual de Imunização (PEI) segue as diretrizes do Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, que define os públicos-alvo a serem imunizados. 

Essa é uma resposta vazia cuja intenção é escapar da responsabilidade que recai sobre os governos – tanto o governo federal com sua política negacionista e genocida de boicote a vacinação em massa quanto o governo estadual da “direita liberal” tucana que faz da campanha de vacinação plataforma de campanha visando eleições em 2022. Segundo governo do estado e prefeitura do município a inclusão de novas categorias nos grupos prioritários depende do calendário do governo federal e da disponibilização de novas doses. Pois então, se a questão passa pela falta de doses para incluir profissionais da limpeza e todos os “essenciais”, para serem vacinados desde já, é preciso que a produção de imunizantes aumente de forma que dê conta da urgência pela vacinação de todos para barrar a propagação do vírus, ou seja, uma série de medidas que o governador de São Paulo e o novo prefeito bolsonarista  não se comprometem. 

Sobre a paralisação, a Amlurb (Autoridade Municipal de Limpeza Urbana) disse que não foi notificada formalmente com antecedência de 72 horas, e que, por terem os sindicatos desrespeitado as regras, a Prefeitura vai tomar as medidas legais cabíveis referente às multas. Essa resposta demonstra, portanto, que há um desprezo por esses profissionais, que além de terem que trabalhar arriscando suas vidas pela limpeza da cidade, ainda sofrem uma intimidação clara, em plena pandemia, das autoridades municipais sobre as movimentações que ocorreram nesse setor.

É tarefa de cada organização e partidos comprometidos com as lutas dos trabalhadores e organização independente da classe cercar de solidariedade e apoiar ativamente esta paralisação e outras que forem deflagradas pela categoria. É preciso exigir que as direções sindicais mobilizem, convoquem e construam as manifestações. Também reforçamos, desde já, a convocação para o ato do dia 19 de Junho, em ampla unidade na ação pelo Fora Bolsonaro.