Por um Congresso da UNE de luta para enfrentar um governo ultrarreacionário

Juventude Socialismo ou Barbárie

O 57º Congresso da UNE pode ser um dos mais importantes nos últimos tempos, com certeza o mais importante após a queda da ditadura militar devido à encruzilhada histórica em que os trabalhadores e estudantes encontram-se. Por isso, afirmamos que os desafios que temos pela frente são de natureza histórica.

Temos que construir neste Congresso um amplo debate político que aponte saídas para a luta e para uma mobilização nacional dos estudantes em unidade com os trabalhadores. Pois, apesar de estarmos em uma conjuntura defensiva, na qual as tendências da luta de classes predominantes são reacionárias, não podemos deixar de observar as contradições que colocam um cenário político vivo e prenhe de possibilidades de reversão da correlação de forças.

Este Congresso pode ser histórico, marcando um antes e um depois, para fazer frente aos ataques que estão por se perpetuar, tanto nos cortes na educação como nas “reformas” que querem impor goela abaixo aos trabalhadores. Podemos e devemos sair deste Congresso com a certeza de que se pode mudar as coisas com luta, pois não há uma derrota histórica dos explorados e oprimidos, mas sim uma ampla reserva de mobilização dos de baixo que pode levar a uma derrota categórica do governo ultrarreacionário de Bolsonaro.

Para além da defesa intransigente da unidade de ação com o lulismo – devido ao peso que a burocracia tem sobre as organizações dos trabalhadores -, é necessária uma unidade combinada de forma indissociável com a diferenciação política (exigência e denúncia). Há tempos estamos sobre uma direção (UJS) enrijecida que carrega de maneira crônica problemas graves na construção de uma UNE verdadeiramente democrática e que mobilize de fato os estudantes pela base. Por isso, estamos diante da necessidade imediata de construir uma alternativa pela esquerda socialista, um movimento político e programático independente da burocracia lulopetista que organize pela base dos estudantes a luta rumo a saídas anticapitalistas.

O governo já provou da capacidade de organização do Movimento Estudantil (ME) para defender suas políticas, como foi demonstrado nos massivos atos do 15 e 30 de Maio por todo o Brasil. Porém, o dia 14 de Junho, apesar de sua importância, não contou com o mesmo peso, muito porque a transferência e adesão de pautas não é algo mecânico. Não podemos deixar de ressaltar aqui as traições sistemáticas da burocracia, que acabou durante a Greve Geral cedendo às patronais e aos governos, possibilitando que rodoviários e ferroviários em São Paulo trabalhassem, por exemplo.

A condenação do ex-presidente Lula nas condições ilegais em que foram executadas – mais do que nunca provadas pelo vazamento publicado pelo Intercept – demonstra claramente as obscuras intenções de supressões dos direitos políticos, portanto, democráticos, que só poderão ser repelidas através da ampla luta social. É pertinente que sejam criados espaços de discussão permanentes sobre esse e os demais temas políticos que transcendam as universidades e o próprio Congresso da UNE, para que o ME não perca seu conteúdo político, concentrando suas energias apenas nas disputas pela direção da entidade.

Os ataques às universidades federais são ataques graves que comprometem todo um projeto educacional pelo qual lutamos, em que se utilizam das ideias mais reacionárias e falaciosas para depreciar o ensino público e, desta forma, elitizá-lo por meio de privatizações, a fim de excluir a parcela juvenil trabalhadora do acesso ao conhecimento. Por isso, temos que avançar para a manutenção e ampliação das universidades públicas, para que sejam democráticas e inclusivas, e isso só pode ser construído a partir de um programa real, que defenda os interesses da classe trabalhadora, das mulheres e da juventude.

A luta por uma Educação Pública, de qualidade e acessível a todos/as segue em pé! As cotas sociais e raciais e a permanência estudantil são questões fundamentais para manter e ampliar a base dos estudantes em luta, assim como afirmar e proteger a independência da UNE e de sua eleição perante o Estado. As decisões do M.E devem ser tomadas pela maioria dos estudantes!

Rechaçar os processos dos estudantes presos por lutar!

Desde o começo do ano, o governo já indicava um endurecimento em relação aos movimentos sociais e a intenção de criminalizá-los, o mesmo ocorre em relação ao movimento estudantil. Este cenário cada vez mais se concretiza. As prisões que se deram no marco das últimas mobilizações e, especificamente, na última Greve Geral do dia 14 de Junho denunciam essa grave política autoritária que quer retirar direitos democráticos fundamentais.

Em São Paulo foram mais de 10 presos, entre estudantes e funcionários das universidades estaduais e federais em luta contra a “reforma” da Previdência, sendo um de nossos companheiros do Socialismo ou Barbárie um dos presos políticos. Viemos a este Congresso da UNE trazer esta luta e debate, pois achamos fundamental e de extrema importância que todas e todos aqueles que defendem os direitos democráticos se somem para construir uma ampla campanha dentro e fora das universidades contra a criminalização de manifestantes, lideranças políticas e movimentos sociais.