O FEMINISMO NAS ELEIÇÕES ARGENTINAS

Apresentamos hoje entrevista de uma grande companheira argentina, líder do movimento estudantil e de mulheres, XIMENA MEZA ARROYO, que abordando como são tratadas, nas eleições argentinas próximas, as reivindicações feministas e as demandas da jovem mulher trabalhadora em particular, diz muito das dificuldades e possibilidades que o ambiente político nacional tem colocado, principalmente para quem, como Ximena, combate pelo feminismo socialista.

XIMENA MEZA ARROYO, 24 julho, 2019

Ximena é a única candidata que lidera uma lista nas PASO em Neuquén. acompanhando Manuela Castañeira, que por sua vez é a única mulher na corrida pela presidência da nação.

“A agenda de gênero parece ausente na campanha eleitoral”

Sobre a abordagem do problema das mulheres, Ximena declarou:

A agenda de gênero parece completamente ausente. Tanto o MPN quanto o K e o Cambiemos fazem todo o possível para evitar o debate sobre o direito ao aborto, mas desde a luta dos de baixo é uma reivindicação que foi imposta com muita força através da imensa “Maré Verde” que varreu o país inteiro”.

“Tentou-se acabar com a discussão sobre o aborto legal com o voto negativo no Senado, um covil de reacionários onde argumentos contrários de todo o tipo: eram ouvidos: anticientíficos e retrógrados. Minha candidatura como senadora tem a ver com isso, em trazer a voz da Maré Verde àquele espaço para defender incondicionalmente os direitos das mulheres”.

“A juventude está demonstrando que existe outra maneira de fazer política, que é através de assembleias e mobilizações, envolvendo os verdadeiros interessados que estão, muitas vezes, longe das “alturas” da política institucional. Nosso programa propõe outro tipo de democracia, desde as bases, que coloque, em primeiro lugar, os direitos dos de baixo: dos trabalhadores, das mulheres e da juventude”

Perguntada sobre estudantes e jovens trabalhadores, ela disse:

“Hoje, em Neuquén, há milhares de jovens que não têm emprego ou estão precarizados ou que não podem continuar seus estudos por causa do alto custo de vida na província. Esse é um problema de primeira ordem, que deve ser tratado com urgência pelo estado. Ao mesmo tempo, cortam o financiamento da educação pública, como na UNCO, que tem uma dívida milhões de pesos no orçamento”

Por último, se referiu à situação do país e à dívida com o FMI:

A maior parte do orçamento vai para pagar a dívida, Macri nos deixa com uma dívida de bilhões de dólares que sairá da saúde e da educação do povo. Alberto Fernández também não propõe a ruptura com o FMI, por isso perguntamos como eles vão tomar medidas progressivas se tiverem que pagar a dívida e aplicar as condições do fundo? Nesse sentido, não vemos que a fórmula Fernández/Fernández seja uma alternativa. Entendemos que o problema do país é o capitalismo que defendem os candidatos dos partidos patronais, saqueando os recursos naturais, avançando com a reforma trabalhista, desvalorizando a moeda e nos amarrando a uma dívida usurária.

Por isso, junto com Manuela Castañeira nos consideramos anticapitalistas e lutamos para construir uma alternativa socialista que coloque em primeiro lugar as demandas de trabalhadores, mulheres, jovens e setores populares. Precisamos da reintegração de todos os demitidos no macrismo, proibir demissões, aumentar salários e orçamento para saúde e educação. Por tudo isso, é necessário romper com o FMI e priorizar as necessidades populares

Tradução: VERMELHAS