Já Basta!

No segundo ano da pandemia de covid-19, o Brasil sob o governo de Bolsonaro enfrenta duas ameaças: a ausência de um plano nacional de controle da doença e os ataques autoritários deste governo à aos direitos democráticos para se perpetuar no poder apesar do genocídio – e toda a catástrofe socioeconômica – que pode fazer o número de mortos no Brasil ultrapassar 500 mil pessoais.  

Nesta semana assistimos movimentações na direção de ministérios e secretarias que são estratégicas para materialização de uma tentativa de fechamento de regime após um importante deslocamento de setores da classe dominante e do empresariado brasileiro contrário ao governo Bolsonaro. A força das ruas é a única que pode frear os rompantes bonapartistas, que são colocados à prova na realidade pelo governo desde o início do mandato. 

No final de maio de 2020 as torcidas antifascistas protagonizaram o início da luta pelas ruas contra o autoritarismo de Bolsonaro. Até essa data, a base fascistóide do governo dominava a narrativa nas ruas em oposição à democracia e contra o isolamento social como medida de combate à pandemia do covid-19. Seguiram-se então outros dois finais de semana de protestos, em 07/06 e 14/06. Os atos colocaram uma perspectiva de luta da oposição frente às ameaças que estavam sendo colocadas à prova pelo governo naquele momento. 

Desde então, Bolsonaro segue apostando no agravamento da pandemia e no caos sanitário para criar uma conjuntura favorável ao fechamento do regime e se manter no poder, independentemente de um processo de impeachment ou derrota eleitoral.  Os setores de esquerda, como o PSOL, centrais sindicais, movimentos sociais e a esquerda da ordem não podem manter, de maneira irresponsável e covarde, o seu centro na perspectiva eleitoreira frente ao grave cenário de uma possibilidade de ruptura com a institucionalidade. 

As investigações por parte do STF, pedidos de impeachment e de cassação da chapa Bolsonaro-Mourão têm os seus limites e tempo. Ao fazerem cálculos eleitorais para 2022 e buscarem alternativas pela institucionalidade burguesa para as crises que o Brasil atravessa, erram e se abstêm completamente das responsabilidades políticas que são colocadas pela realidade. Enfrentamos desafios de natureza histórica. 

Medidas de proteção ao contágio para lutar com responsabilidade

A situação sócio-sanitária no Brasil é caótica, com o total descontrole da pandemia, sem um plano nacional de lockdown, colapsando o sistema de saúde nacional, vacinação lenta e completo abandono material dos trabalhadores pelo governo, que oferece um auxílio emergencial de fome. Os trabalhadores da saúde que se encontram na linha de frente do combate à pandemia, se vêem incapazes de salvar milhares de vidas todos os dias, por falta de recursos materiais, como leitos, respiradores, medicamentos anestésicos, oxigênio, e claro, a vacina. 

Além de perderem seus pacientes, muitos trabalhadores de saúde também estão morrendo nessa batalha. Todas essas vidas perdidas são responsabilidade direta do governo genocida de  Bolsonaro. A média móvel de mortes bate recordes a cada dia, e nem a “Fase Roxa”, do governador do estado de São Paulo, João Doria, significa uma medida efetiva no combate à imensa difusão da Covid-19, um negacionismo com outra estética (uma falsa polarização com objetivos eleitorais). A situação se agrava ainda mais depois do surgimento da nova cepa (P1), no estado do Amazonas, caracterizada internacionalmente como brasileira. Essa é mais uma das maiores provas da administração delirante e criminosa que fazem os estados mais alinhados ao governo nacional.

A essa altura, o conhecimento científico acerca do SARS-COV 2, incluindo seu mecanismo de transmissão, já é bastante robusto, o que nos permite intervir para impedir sua disseminação e tornar as interações mais seguras. Por tratar-se de uma infecção cuja transmissão é respiratória, ou seja, por partículas suspensas no ar, que são inaladas, a lógica do uso de máscaras e do distanciamento social chega a ser intuitiva. E, de fato, as máscaras são barreiras para as pequenas gotículas expelidas no ato de falar, tossir ou espirrar. Logo, esta é a medida principal para garantir a segurança de qualquer pessoa. 

Mas, qual máscara utilizar? Máscaras cirúrgicas, com tripla camada, garantem proteção contra gotículas, ou seja, em ambientes abertos elas são suficientes para a proteção individual. Já em ambientes menos arejados ou fechados, na presença de pessoas sintomáticas ou ambientes mais aglomerados, é prudente a utilização de máscaras com um grau maior de proteção como a N95 ou a PFF2, que bloqueiam partículas ainda menores, os aerossóis. As máscaras de tecido podem não possuir um controle de qualidade em relação às camadas protetoras. Desta forma, dá-se preferência às anteriores. Na impossibilidade de adquiri-las, é melhor usar uma de tecido do que não usar nenhuma.Hoje sabemos que com o uso adequado das máscaras, cobrindo boca e nariz, a efetividade é de até 95% na prevenção de contágios.

A segunda maior medida preventiva é o distanciamento social. Partindo da mesma lógica da máscara, se a transmissão ocorre por partículas de saliva dispersas no ar quando se fala, tosse ou espirra, se há o distanciamento físico, diminuem as chances de inspirar uma nuvem de gotículas contaminada com o vírus. Neste ponto entra a importância de manter distanciamento social e não frequentar locais aglomerados ou mal ventilados. A ventilação é um aspecto protetor. Ambientes abertos dissipam mais rapidamente as gotículas e aerossóis que carregam o vírus. Por fim, a higiene de mãos com álcool em gel 70% ou água e sabão, reduzem a chance de contaminação por deposição destas partículas nas superfícies.

Na rua, com segurança para salvar vidas e garantir os direitos democráticos 

Não podemos ficar inertes diante desta conjuntura grave e perigosa que pode nos levar a caminhos que serão necessários anos e anos para nos recuperarmos. Não podemos construir uma falsa ilusão nas instituições que prepararam todo o terreno para chegarmos onde estamos, nossa salvação não virá da Suprema Corte ou do Congresso Nacional, é preciso tomar as ruas para construir uma saída a esta encruzilhada histórica e frear Bolsonaro de uma vez por todas. 

Pode parecer paradoxal, mas não é! Sair às ruas significa salvar vidas, centenas de milhares talvez e garantir aos explorados e oprimidos os direitos democráticos que historicamente foram conquistados com muita luta. Devemos construir ferramentas de orientação e distribuição de materiais de proteção de qualidade para construir um levante de vanguarda, com distanciamento social e com muito espírito de luta, inflamando corações e mentes!

É preciso que a direção do nosso partido, o PSOL, seus parlamentares e suas figuras públicas mude urgentemente suas linhas no sentido de superar as cretinas especulações eleitoreiras para 2022 e tomem imediatamente a necessidade de ter no centro da política a luta pela unidade de ação para derrotar Bolsonaro, 

Não existe espaço para o imobilismo em meio à barbárie que enfrentamos com o governo autoritário e genocida de Bolsonaro e seus aliados. A história nos ensina que a luta em contextos como este pode ser determinante, portanto é preciso ocuparmos as ruas com nossas bandeiras e reivindicações para mudarmos a correlação de forças de uma vez por todas para com Bolsonaro. Já basta! Vamos às ruas! 

Exigimos um plano nacional de lockdown efetivo, vacina para todos já e auxílio emergencial no valor de um salário mínimo para todos os explorados e oprimidos!

https://www1.folha.uol.com.br/poder/2020/06/ato-em-sp-contra-bolsonaro-descarta-isolamento-e-conta-com-policiais-mediadores.shtml
https://www1.folha.uol.com.br/equilibrioesaude/2021/02/estudo-indica-uso-de-duas-mascaras-para-aumentar-eficacia-contra-coronavirus.shtml