Impacto da entrevista de Boulos

ROSI LUZEMBURGO

O pré-candidato à presidência pelo PSOL, Guilherme Boulos, participou nesta segunda-feira do conhecido programa Roda Viva, da TV Cultura, que foi exibido em nível nacional. A entrevista teve enorme repercussão, tende a fortalecer a campanha e marca o nascimento de uma figura pública vista e ouvida em nível nacional.

Reforma tributária, redução das taxas de juros e spreads bancários, caminhos para um “aprofundamento da democracia”, habitação, sistema prisional, um plebiscito no primeiro dia do mandato para a revogação de todas as contra-reformas aprovadas no governo ilegítimo de Temer, reforma fiscal, corrupção, direito ao aborto, entre outras coisas, foram o centro do debate. Em geral, pode-se dizer que Boulos ganhou o debate com os entrevistadores com tranquilidade. Mas Boulos deve fazer uma campanha que vá além, que saiba propor um projeto de esquerda que não seja apenas democrático, classista, que ultrapasse os limites da centro-esquerda em direção a um programa radicalmente anticapitalista.

É necessário que na campanha eleitoral seja exigida a mobilização para a anulação de todas as contra-reformas de Temer, suspensão da intervenção militar no Rio de Janeiro, justiça por Marielle Franco, não ao pagamento da dívida externa, reformas urbanas e agrárias radicais sob controle dos trabalhadores, redução da jornada de trabalho, aumento salarial, fim da polícia militar, Assembléia Constituinte imposta pela mobilização de trabalhadores, etc. Para defender este programa, é necessário afirmar que isso só pode ser alcançado com a organização direta de grandes massas.

A plataforma eleitoral do PSOL e Boulos deve hierarquizar certos pontos, não podemos falar de tudo e para todos, é necessário colocar o programa de transformação socialista do país no centro do debate.

Com essas observações, Boulos animou o público pela veemente maneira como ele confrontou tanto os jornalistas neoliberais do programa quanto aos interesses daqueles que representam os capitalistas na sociedade.

O que é necessário é avançar nas formulações que confrontem a ordem burguesa de maneira estrutural, levantando os principais problemas nacionais e regionais baseados nos interesses dos trabalhadores, mulheres, negros e jovens, afirmando claramente que para isso, a fim de mudar a situação do país, precisamos mobilizar amplamente os explorados e oprimidos.

Vamos avançar com o presidente Boulos com um programa anticapitalista e apoiado na mobilização!