Contra o avanço da direita, uma alternativa socialista na eleição

BONI RIBEIRO

Estamos enfrentando as dificuldades e os desafios de uma conjuntura marcada por uma truculenta ofensiva política, econômica e ideológica contra a classe operária e o povo em geral. Mas, tanto na luta direta como no processo eleitoral, existem importantes expressões de resistência e de renovação da esquerda, o que permite dizer que não estamos em uma situação política fechada para processos de reversão da atual correlação de forças e retomada da ofensiva dos trabalhadores.

Superar burocracia para avançar

Como apontamos acima, os trabalhadores junto a movimentos combativos, como Movimento dos Trabalhadores sem Teto (MTST), por exemplo, resistem diante da estratégia neoliberal de atacar sistematicamente os direitos dos trabalhadores, das mulheres e dos jovens sob o comando de um governo ilegítimo (Michel Temer) apoiado por instituições do Estado e seus aparelhos de dominação ideológicos, políticos e repressivos.

O exemplo mais cabal dessa ofensiva foi a PEC 55 que congela investimentos em gastos públicos por vinte anos, o que significa um grande retrocesso no que diz respeito a saúde, educação e segurança. Além da PEC 55, a reforma trabalhista passou por conta do imobilismo das burocracias sindicais que depois da greve geral de 28 de abril de 2017 não deram continuidade á luta, o que permitiu uma contraofensiva de Temer e a aprovação de mais esse ataque.

Mas como os trabalhadores não estão derrotados e o governo tem uma impopularidade histórica devido a seguidas denúncias de corrupção, a burguesia não conseguiu aprovar a contrarreforma da previdência. Desta forma, Temer colocou em seu lugar, para que não ficasse sem politica em um ano eleitoral e dialogasse com o setor do eleitorado que vota em Bolsonaro, a intervenção militar no Rio de Janeiro, o que só fez aumentar a violência no Estado.

Como parte desta ofensiva, temos o assassinato de Marielle e Anderson. Um assassinato político com o objetivo de calar a voz de mulher negra – vereadora mais votada no Rio de Janeiro pelo PSOL – e que lutava intransigentemente contra o extermínio da população jovem e negra das periferias e contra a intervenção militar.

Assim, a luta de classe no Brasil hoje está marcada por um ataque frontal da burguesia, dos seus ideólogos, dos grandes veículos de comunicação de massas e pela sabotagem de parte importante das direções burocráticas dos trabalhadores. A exemplo da greve geral do ano passado, da entrega de Lula para a justiça burguesa e do não apoio á greve dos caminhoneiros, a burocracia, com Lula como maior exponente, desperdiça sistematicamente possibilidades de criar as condições para travar uma resistência à altura da ofensiva patronal.

Enfrentar protofascismo nas lutas e nas urnas

Estamos contra a prisão política de Lula e de sua inelegibilidade, pois se trata de uma manobra burguesa que visa tirá-lo do páreo eleitoral para evitar qualquer possibilidade de eleger um presidente que não esteja totalmente comprometido com a continuidade das contrarreformas iniciadas por Temer. Por isso, mesmo tendo profundos desacordos com Lula, PT e sua linha de conciliação de classes, entendemos que essa prisão de Lula e sua inelegibilidade estão a serviço da ofensiva reacionária da classe dominante.

Para disputar nas urnas e nas ruas uma saída para a atual crise entra em cena a aliança entre PSOL, PCB, MTST e ABIP e outros movimentos. Uma aliança que se coloca frontalmente contra Temer e a ofensiva reacionária, por um lado, mas, por outro, faz um balanço crítico dos sucessivos governos do PT, pois ao apostar na falida estratégia de “governar para todos” acabou desperdiçando possibilidades de realizar profundas reformas estruturais, tais como a reforma agrária, reforma urbana e reforma tributária.

À frente dessa aliança como candidato a Presidente está o dirigente nacional do MTST, Guilherme Boulos, e a liderança indígena, Sonia Guajajara como vice-presidente. Uma chapa presidencial que representa uma síntese das grandes demandas nacionais do povo trabalhador e do que há de mais combativo no movimento social na atualidade.

Essa é a alternativa da esquerda nessa eleição. Alternativa que se coloca para combater a ofensiva reacionária, os múltiplos representantes da classe dominante (os “50 tons de Temer”, como disse Boulos no debate na Band) e a direita protofascita encarnada na figura de Bolsonaro.

Em entrevista no programa Roda Viva (TV Cultura), além de expressar ideias racistas, homofóbicos e machistas, esse verme defendeu a tortura, as execuções e o fim de todos os diretos democráticos dos 20 anos de ditadura militar. Além disso, no mesmo programa não reconheceu que houve um processo de escravização de homens e mulheres africanos e a necessidade de haver reparação desses povos. É inadmissível que tenhamos nos dias de hoje candidatos contra a reparação social, a igualdade salarial entre homens e mulheres e direitos civis para todos, independentemente de sexo, etnia e orientação sexual.

Não podemos nos estender nesse ponto, mas não podemos desconsiderar o perigo que representa Bolsonaro para os trabalhadores e para os direitos democráticos.

Um programa anticapitalista

Nessa eleição, Boulos, Guajajara, nossas candidaturas majoritárias e proporcionais e os partidos e movimentos que compõem essa aliança devem apresentar uma alternativa radical aos “50 tons de Temer”, combater as contrarreformas, o protofascismo e apresentar uma saída socialista.

É impossível reparar o mal sem que o povo decida o que é melhor para si, através de um plesbicito exigindo a revogação das contrarreformas e retiradas de direitos impostas goela abaixo por esse governo ilegítimo de Temer e sua base aliada.

Para a crise que afeta 14 milhões de desempregados é preciso reduzir a jornada de trabalho sem reduzir salários, investir em obras públicas e contratar funcionários públicos para dar conta das imensas defasagens na educação, saúde, transporte e outros serviços públicos.

Temos que nesse processo eleitoral exigir justiça por Marielle e Anderson, pois esse assassinato político visa impor, incutir o medo e evitar que o povo tome as ruas para mudar a situação do Rio e do país.

Da mesma forma que Marielle o movimento de mulheres no Brasil e no mundo tem imensa vitalidade. Diante do crescimento da violência contra as mulheres, principalmente as negras, precisamos desenvolver uma forte campanha contra o feminicídio e em defesa da legalização do aborto para que as mulheres não morram.

Sem dúvida, estamos num quadro desfavorável, mas, no entanto, podemos construir uma alternativa eleitoral e de luta para renovarmos a esperança e confiança em um mundo sem exploração e opressão.

Essa mensagem nada tem de inviável, na verdade é apenas através da luta que podemos transformar nossas vidas, apenas com um programa de mediadas anticapitalistas e socialistas podemos resolver os grandes problemas que castigam o povo trabalhador.

Acreditamos na capacidade de alterar a correlação de força e superar o atual momento histórico e a candidatura de Boulos e Guajajara representa de maneira política e prática os interesses da classe trabalhadora, das mulheres, dos negros e da juventude nessas eleições.

 

Vamos! Sem medo de mudar o Brasil!

Por uma alternativa socialista nas urnas e nas ruas!

Com Boulos Presidente e Guajajara Vice!