Brutal ataque militar de Ortega contra Masaya

VICTOR ARTAVIA

A rebelião popular nicaraguense dura três meses, período no qual Masaya se converteu em um bastião da resistência contra o governo de Daniel Ortega. Ha alguns dias, o governo enviou mais de duzentos paramilitares e membros da Polícia Nacional para tomar o controle da localidade, porém seu ataque foi repelido pelo heroico povo masaya que, com estilingues, morteiros e bombas artesanais, enfrentou durante horas e venceu as tropas oficiais que utilizava armamento de guerra, causando a morte de pelo menos três paramilitares.  

Recordemos que Masaya e, em particular o bairro de Morimbó, é um povoado indígena com uma larga tradição de luta na Nicarágua, a mesma que se remonta às lutas por independência durante a colônia e, particularmente, à insurreição popular que derrotou Somoza em 1979.

Essa história de luta é o forte sentido de pertencimento de sua população à comunidade, explicam o grau de organização e coesão social dos masayas na rebelião popular, refletidas na construção de mais de 200 barricadas na cidade e o desenvolvimento de elementos embrionários do duplo poder, controlando a segurança, alimentação dos bairros, tráfico de veículos e improvisando hospitais comunitários para os feridos. Inclusive os masayas chamara pela insubordinação ao governo de Ortega e para instaurar um autogoverno dos autoconvocados em luta.

Devido a isso, Masaya se transformou no principal símbolo da luta contra o governo de Ortega, convertendo-se em um alvo fundamental da repressão, estratégia que foi reafirmada pelo comandante da política em Masaya, o carniceiro Ramón Avellán, que ameaçou em 16 de julho que “o comando de nosso presidente e da vice presidenta, de limpar estes bloqueios a nível nacional, é a reivindicam da população de Moninbó, que é nossa Moninbó, que segue sendo nossa, e nossa Masaya, vamos cumpri-la custe o que custar”.

Finalmente o dia de hoje (17 de julho) Ortega enviou entre 1500 a 2000 policiais e paramilitares como parte de sua “Operação Limpeza” para tomar a cidade, iniciando uma brutal repressão sobre a população. Para evitar a entrada da imprensa e organizações de direitos humanos, os militares bloquearam as entradas à comunidade em um perímetro de 15 km, encurralando também as rotas de fuga da cidade.

Por esse motivo a informação que temos dos ataques proveem das transmissões em redes sociais da população masaya, as quais evidenciam a brutalidade do ataque que se estendeu por mais de sete horas, com bombardeios sobre bairros para quebrar a resistência heroica do povo. Os repórteres indicam que dezenas de pessoas (principalmente de jovens) foram tirados de suas casas, sem ter saber se iam ser presos ou fuzilados, como já ocorreu em outras repressões (como em Carazo). Os organismos de direitos humanos confirmaram a morte de três pessoas, mas a previsão é que a cifra irá aumentar com o passar das horas.

Em nome do Novo Partido Socialista (NPS) e da corrente internacional Socialismo ou Barbárie (SoB) repudiamos este ataque brutal sobre o povo de Masaya, que reflete o giro ditatorial desenvolvido por Daniel Ortega nos último meses, o qual está recorrendo a métodos de guerra civil para derrotar a rebelião popular.

Em questão de meses e, ao calo da polarização aberta com a luta do povo nicaraguense, Ortega passou de um governo bonapartista que controlou o país durante onze anos 92007-2018) a partir de acordos diretos com os grandes empresários e ao desrespeito da institucionalidade democrático-burguesa, a se transformar em um ditador para se sustentar no pode a todo custo. Enquanto chamava o diálogo pela paz mediado pela Igreja Católica, preparava seu exército privado de mercenários para uma solução ao estilo “Síria” à crise política!

O ataque de 18 horas contra sobre os estudantes atrincheirados da UNAN-Managua em 13 de julho, o relato de 25 camponeses assassinados em Lóvago, o sequestro de dirigentes sociais acusados de terrorismo (acompanhado da aprovação de uma lei antiterrorista com penas de 15 a 20 anos de prisão), são outros casos que se somava a essa caracterização.

É necessário que as correntes de esquerda, particularmente n América Latina, desenvolvam uma campanha de solidariedade com a luta do povo nicaraguense, com plantões nas embaixadas da Nicarágua e debatendo com a “esquerda’ que defende Ortega contra o “golpe blando” desejado pelo imperialismo ianque, teoria da conspiração que não tem nenhum contato com a realidade e que ignora a heroica luta do povo nicaraguense. Isso ficou em evidencia hpoje com o apoio que deu o Foro de São Paulo em uma reunião em Havana, demonstrando a decomposição de todo o arco da esquerda “progre” e do chavismo, que defendem um ex guerrilheiro convertido em oligarca que nessas semanas debutou como aprendiz de ditador.

Fora Ortega! Por um governo do povo trabalhador e camponês, da juventude universitária e das mulheres em Luta! Assembleia Constituinte para refundar a Nicarágua desde os setores explorados e oprimidos!

 

Tradução: Antonio Soler