Viver por algo para não morrer por nada: Cinco anos sem Berta Cáceres

Foto, Berta Cáceres Fuente FiloNews

“Vocês têm balas…  eu tenho a palavra. A bala morre quando detonada… A palavra vive quando replicada.” (Berta Cáceres)

Rosi Santos

Ainda que de forma abreviada, não poderíamos deixar de recordar Berta Cáceres. É sempre um misto de tristeza e profundo orgulho falar dessa enorme companheira hondurenha, com a qual nossa militância em Honduras teve a honra de dividir espaços de luta.

Berta Cáceres foi fundadora e membra ativa do Conselho Cívico de Organização Populares e Indígenas de Honduras (COPINH), referência política, mulher indígena, mãe, trabalhadora, ambientalista e feminista, Berta dedicou sua vida à defesa da natureza e do povo nativo e trabalhador.

Foi assassinada em 2 de março de 2016, pelo o que era e por lutar contra o projeto da hidrelétrica Agua Zarca, aprovado em 2013, que promovia a construção de uma barragem no território do povo Lenca, que colocava em risco a sobrevivência da comunidade indígena, além de afetar indiscriminadamente todo o ecossistema e sua biodiversidade.

Dentre as situações de vulnerabilidade, as comunidades indígenas, e as mulheres pertencentes às mesmas, são sempre as primeiras a sofrerem os impactos da violência capitalista e patriarcal. Ainda assim estas mulheres seguem sendo a ponta da lança da resistência. Berta Cáceres foi a viva expressão disto. Ela foi um símbolo da força feminina dentro de sua comunidade.

Discurso de Berta Cáceres, na cerimônia do Prêmio Goldman de 2015





Com seu assassinato, queriam semear o medo e a desunião, mas falharam. Falharam porque a memória que mantemos viva daquelas que lutaram bravamente e a luta coletiva não morrem!

Atualmente os envolvidos diretamente no assassinato de Berta estão presos. Mas também é preciso responsabilizar as lideranças políticas hondurenhas que criaram o ambiente favorável, para essa execução.

Ao negligenciarem com as autoridades policiais, que na época ao ignorarem as denúncias de ameaças,- muitas feitas a própria Cárceres – e que ao não serem apuradas, autorizaram e facilitaram o assassinato, e que até hoje garante a liberdade dos mentores intelectuais do crime, alguns ligados à empresa DESA, concessionária da barragem e membros das forças armadas.

Por isso, hoje mais que nunca, diante do capitalismo pandêmico, de tanto desrespeito e injustiças as mulheres e povos originários, Berta Cáceres presente!

Justiça!

Fim do Estado assassino!

Berta Cáceres, presente agora e sempre!