Na manhã desta quarta-feira (13), em uma das semanas mais marcantes de crise do governo Bolsonaro, devido aos depoimentos e a possibilidade de publicação do vídeo da reunião ministerial que discutiu a intervenção sobre a Polícia Federal, a corrente Socialismo ou Barbárie – Tendência do PSOL  – a partir da sua juventude Já Basta! realizou uma importante e radicalizada atividade política.

Renato Assad

Em um cenário de ataque aos direitos democráticos e a vida dos trabalhadores, uma simples faixa explicitando o número oficial de mortos em uma das mais movimentadas e importantes avenidas da cidade de São Paulo, a Av. Rebouças – mesmo sabendo da subnotificação dos casos –, que são em sua maioria de trabalhadores e trabalhadoras, e exigindo o “Fora Bolsonaro”, ganha uma importância e contundência política central nesta conjuntura.

Não queremos aqui fazer uma autoproclamação de nossa organização, mas sim ressaltar que intervenções deste tipo, como vínhamos defendendo em nossos artigos e notas anteriores, são fundamentais para o avanço político da construção de consciência, sob a materialização de intervenções e disputa direta pelas ruas, para uma construção permanente e pela base na luta contra o governo genocida de Bolsonaro.

O PT e as centrais sindicais que dirigem, em mais uma traição de caráter criminoso para com a nossa classe, postulam-se em uma passividade apática a não tomarem nenhuma medida real contra o governo, dando tempo para que Bolsonaro se arme (literalmente) por baixo e por cima, isto é, pela compra do centrão a partir de cargos e pela flexibilização de acesso ao armamento e munições de sua base social protofascista, com seu decreto que passou desapercebido diante de tantos fatos políticos (denunciado aqui neste portal), para impor o seu projeto e sua agenda.

Vale ressaltar que a bancada do Partido dos Trabalhadores é a maior dentro do parlamento e mesmo assim se negam a formularem a construção de um pedido de impeachment, algo que inúmeros setores da direita e inclusive o ex-partido (PSL) de Bolsonaro já o fez.

O PSOL por sua vez, partido que construímos e apostamos como ferramenta fundamental na luta contra Bolsonaro, sob a premissa de superação do lulopetismo, devido à política da maioria da sua direção, além de esperar passivamente a posição do PT diante de uma crise política que se agrava, ainda sequer conseguiu se unificar em torno de um único pedido de impeachment.

O cenário da pandemia, onde saltam aos olhos as mais densas e profundas contradições da sociedade capitalista, não pode servir como álibi para um imobilismo político, pelo contrário, temos desafios de natureza histórica para enfrentar diante da crise e avançar simultaneamente na construção para uma sociedade radicalmente oposta à que temos hoje.

Por isso nossa reivindicação do avanço e concretização de métodos políticos alternativos, que superem a exclusividade da dinâmica online, nessa dupla batalha contra Bolsonaro e a Covid-19 – com planejamento, distanciamento social e medidas de higiene –, se coloca como tarefa central para que todas as campanhas independentes (as principais delas nas periferias dos centros urbanos) avancem para a construção de comitês de luta e resistência contra Bolsonaro, uma vez que não há mediações possíveis a serem feitas com este governo que aposta no fechamento do regime como uma saída política para a manutenção do interesse do capital financeiro e sua agenda criminosa.