Mobilizar toda a base partidária para a votação congressual para derrotar o oportunismo que vem sendo defendido pela direção majoritária do nosso partido. É preciso lutar pela construção de um PSOL Radical, Democrático e pela Base! Vote na tese da Esquerda Radical!

Renato Assad

Neste último mês, acompanhamos os primeiros debates congressuais do PSOL, em instância municipal, nos quais a discussão central da defesa das teses apresentadas pelas várias tendências – por mais antidemocrática e prejudicada que foi a discussão virtual – resumiu-se, centralmente, entre manter uma candidatura independente com um programa anticapitalista e com perspectiva estratégica no socialismo ou a capitulação ao lulopetismo e o ingresso em uma chapa frentepopulista (a frente ampla de Lula com setores da burguesia) que para nada coloca uma saída pelo e para os trabalhadores.

A pandemia escancarou e intensificou as contradições mais veladas da antiga normalidade de nossa sociedade. O retrocesso nas condições de vida dos trabalhadores e explorados, somado a conformal de um governo genocida, autoritário e golpista, as sequelas e os desafios a serem encarados perpassa, necessariamente, por uma tática – tendo a estratégia socialista sempre como orientação – de combinação entre unidade de ação para derrotar Bolsonaro, frentes de luta construídas desde a base e uma candidatura independente com programa anticapitalista. Ou seja, táticas que apostem sistematicamente na mobilização pela base para superar o teto de ações de rua de vanguarda, condição essa incontornável para derrotar Bolsonaro.

Faz-se necessário ressaltar que esta não é uma discussão meramente eleitoral, porque, na verdade, uma pré-candidatura independente, classista e com um programa anticapitalista voltada à formação de uma frente de esquerda sem patrões, é uma tática vital contra a linha da direção partidária majoritária e suas tendências pela capitulação ao frentepopulismo. Enquanto essa linha defendida pela maioria da direção do PSOL vai ao encontro de uma estratégia que não aposta na mobilização independente dos trabalhadores e oprimidos, na sua autodeterminação, e quer jogar no lixo toda e qualquer perspectiva de superação pela esquerda da influência do lulopetismo no movimento de massas, a nossa vai no no sentido oposto. .

A aposta tática em uma candidatura própria, ao contrário da retórica da maioria da direção de que “divide a esquerda”, faz-se hoje como ferramenta fundamental para organizar e mobilizar a luta pela base para derrotar as ameaças golpistas que dão o tom da situação política reacionária nacional. Essa burocracia lulista, a partir de negociações com a direita e setores do capital financeiro, aposta de maneira oportunista, portanto irresponsável nessa conjuntura de ameaças aos direitos democráticos e de ataques aos direitos dos trabalhadores, todas as suas fichas única e exclusivamente no processo eleitoral de 2022. Além de contribuir para a mobilização, uma candidatura do PSOL nessa conjuntura é uma ferramenta fundamental para permitir a aglutinação da esquerda socialista, apresentar um programa de esquerda para a situação e construir o PSOL como alternativa concreta de esquerda e socialista à burocracia.

Toda a tradição socialista, as teses apresentadas ao Congresso e as discussões realizadas nas plenárias pré-congressuais nos mais variados municípios brasileiros do 7º Congresso Nacional do PSOL evidenciaram que não há qualquer argumentação que possa sustentar a renúncia à independência de classes através da aliança política com o lulopetismo e sua frente ampla com a burguesia, transformando nosso partido em uma linha auxiliar à burocracia, seus governos burgueses de conciliação com a classe dominante e suas sistemáticas traições à nossa classe. Isso não significa que não podemos abrir mão de uma candidatura própria em um eventual cenário que indique um perigo de eleição de Bolsonaro no primeiro turno – como sistematicamente defendemos nas plenárias -, mas entre chamar o voto crítico em Lula para derrotar Bolsonaro, se de fato for necessário, e aderir ao frentepopulismo, entrando em uma aliança com o PT e setores da classe dominante, existe uma diferença política abissal. Ser parte de uma aliança eleitoral dessa natureza ou fazer parte de um governo burguês, por mais atípico que seja, significa necessariamente abdicar de qualquer compromisso honesto, classista e socialista com os explorados e oprimidos. 

É evidente que a direção majoritária do partido e as tendências que a compõem defendem o indefensável. Sua linha levada a cabo, além de não contribuir com a luta política, significa a refundação de nosso partido e a liquidação daquilo que se propõe desde que surgiu há mais de 15 anos, ou seja, superar o lullopetismo pela esquerda. Por essa razão saíram desmoralizadas dos embates e discussões nas plenárias, ficando claro que a única justificativa para tal linha política é a adesão total à estratégia de conciliação reformista, de classes e eleitoreira que visa  criar atalhos para eleger parlamentares e/ou disputar cargos institucionais.

Entretanto, como já sabemos, a burocracia partidária coloca todo o seu aparato para a votação, modus operandi que presenciamos nas votações sindicais burocráticas, nas prévias petistas e em muitas cidades e que, certamente, acontecerá também em outras cidades que ainda não abriram suas urnas. Vans, lanches, passagens e etc. fazem parte do arsenal burocrático para conseguir de qualquer maneira votos e mais votos, independente da convicção política dos votantes, o que gera enorme distorção na representação das posições na linha votada no Congresso e na composição da direção partidária. Por isso que a nós, militantes e ativistas, caberá um esforço militante de mobilização de toda a nossa base nas votações dos próximos finais de semana para defender o partido, suas táticas e estratégia na luta pela construção do socialismo, onde o PSOL deve e pode cumprir um papel central.

Por isso, desde a corrente Socialismo ou Barbárie – Tendência do PSOL e do Movimento de Esquerda Radical, convocamos todos e todas a votarem na tese Por um PSOL Radical, Democrático e pela Base (tese de número 2) para transformar nossa vitória política nas discussões que fizemos em âmbito municipal em delegados que irão, certamente, levar adiante toda uma batalha política para edificar a nossa independência e compromisso com a nossa classe. Companheiros, vamos às ruas derrotar Bolsonaro e às urnas neste Congresso do PSOL votar na tese da Esquerda Radical!

 Leia a tese completa em: https://esquerdaweb.com/por-um-psol-radical-democratico-e-pela-base-sp/