Por Victor Artavia
Na última quarta-feira (29) marcou-se os primeiros cem dias do segundo mandato de Donald Trump. Embora seja um curto período de tempo, foi o suficiente para que o magnata sacudisse a velha ordem mundial.
“Na primeira vez, tinha que fazer duas coisas: governar o país e sobreviver: tinha todos esses canalhas ao meu redor”, disse em entrevista à revista The Atlantic, em alusão aos ministros e assessores que teve em seu primeiro governo (2017-2021), oriundos do velho republicanismo conservador, mas que não eram de extrema-direita. “Na segunda vez, lidero o país e o mundo”, acrescentou.
Diferentemente de sua primeira passagem pela Casa Branca, desta vez ele está cercado por um séquito de fiéis escudeiros do movimento MAGA (Make America Great Again), que aplaudem todas as suas medidas e bravatas.
A seguir, analisaremos os três elementos que, em nossa opinião, compõem sua atual administração. Referimo-nos à política de imigração, aos seus traços autoritários e à guerra tarifária.
Uma “blitz” contra os migrantes
Após retornar à Casa Branca em janeiro, Trump adotou uma série de medidas para perseguir imigrantes, independentemente de seu status de imigração.
Imigrantes com ou sem documentos estão igualmente em risco. Basta ter um tom de pele “latino” ou um nome árabe para ser um candidato à deportação pelos agentes do Immigration and Customs Enforcement (ICE).
Apoiando-se no “Alien Enemies Act” (Lei de Inimigos Estrangeiros), as autoridades de imigração não se preocupam em fornecer provas para justificar as acusações que empregam para as prisões. Algo que não faz sentido, já que essa lei dá ao governo o poder de deter e expulsar estrangeiros sem o devido processo legal.
Em outro artigo, relatamos os casos de estudantes estrangeiros que, apesar de terem um Green Card ou visto de estudo válido, foram detidos e estão em processo de deportação por participarem de acampamentos universitários em solidariedade à Palestina. Também podemos mencionar o caso de Kilmar Armando Ábrego García, um trabalhador salvadorenho que foi deportado “por engano”, acusado de pertencer à gangue MS-13 e que atualmente está confinado no CECOT (a mega-prisão construída por Bukele em El Salvador, conhecida por suas violações de direitos humanos).
Dada a intensidade dos ataques, a revista The Economist os descreveu como uma “blitz de novas políticas de migração” que foi difícil de acompanhar. A analogia não é gratuita: ela reflete o ritmo frenético das medidas de Trump, mas também as associa à campanha militar do nazismo.
De acordo com o jornal britânico, em seus primeiros 100 dias no cargo, o magnata norte-americano tentou eliminar a concessão da cidadania por nascimento, revogou os vistos de mais de 1.700 estudantes estrangeiros e, em uma demonstração sem precedentes de xenofobia, classificou seis mil migrantes como “mortos”, para assim poder cancelar seus cartões de previdência social e, dessa forma, forçá-los a se “auto deportar”.
Além disso, tudo indica que a busca interna por migrantes aumentará nos próximos meses. O endurecimento das medidas de imigração levou a uma queda no número de migrantes sem documentos que cruzam a fronteira com o México. Isso é significativo, pois durante o ano fiscal anterior, 87% das deportações foi resultado de prisões na área de fronteira.
Isso força as autoridades de imigração a aumentar a pressão internamente, já que estão tentando atingir a meta de um milhão de deportações, estabelecida pela Casa Branca para 2025. Isso exige mais orçamento para financiar as operações e unidades migratórias. Estima-se que o governo precisará de US$ 45 bilhões para construir novas prisões e centros de detenção.
É por isso que os republicanos estão negociando um projeto de lei para aumentar o orçamento para serviços de imigração dos atuais US$ 90 bilhões para US$ 175 bilhões na próxima década. Em outras palavras, eles cortam da saúde e da educação para investir na repressão aos migrantes.
O governo também está coordenando o repressivo aparato federal e dos estados conservadores para aumentar o número de agentes de imigração. Por exemplo, fortaleceu os “acordos 287”, por meio dos quais os membros das forças de segurança locais podem atuar como agentes federais de imigração.
Ainda mais preocupante é a intenção da Casa Branca de usar as forças armadas para deter os migrantes. Legalmente, isso não se aplica, pois os militares não podem ser usados para assuntos internos, conforme estipulado na Lei Posse Comitatus.
No entanto, Trump está constantemente fazendo uso de manobras que lhe permitem ultrapassar os limites legais. Nesse caso, ele enviou 10.000 soldados para a fronteira e ordenou que o Departamento de Defesa controlasse uma pequena faixa de território ao norte de uma área da fronteira. Dessa forma, ele pretende considerar essa terra como uma “instalação militar” e, portanto, qualquer migrante que for detido na área poderá ser deportado sem violar a lei (essa é a interpretação da Casa Branca).
Ademais, não está descartada a possibilidade que ele recorra à “Lei da Insurreição”, que anularia o “Posse Comitatus” e permitiria que ele usasse o exército em incursões urbanas. Embora essa opção pareça distante no momento, não se pode descartar a possibilidade que seja invocada, já que se trata de um governo que utiliza uma narrativa de guerra para lidar com os migrantes.
Em suma, durante seus primeiros 100 dias no cargo, Trump confirmou que a perseguição contra migrantes é ponto fundamental na sua política interna. A xenofobia é um ponto ideológico central do movimento MAGA. Por esse motivo, ele está reorganizando o aparato repressivo, com o objetivo de aumentar a escala de suas incursões nas cidades e gerenciar as deportações em massa com mais eficiência.
Isso foi cinicamente resumido por Todd Lyons, o atual diretor do ICE, para quem a agência deveria se assemelhar a uma empresa de logística, “como a Amazon, mas com seres humanos”. A lógica com a qual a extrema direita trumpista opera não é diferente do fascismo: ela emprega métodos racionais para atingir fins irracionais, nesse caso, expulsar milhões de seres humanos por estarem “sem documentos”.
Uma guinada autoritária e a luta contra o poder judiciário
Em 25 de abril, o FBI prendeu a juíza Hannah Dugan, de Milwaukee, Wisconsin, sob a acusação de obstruir uma operação migratória. Isso constitui uma nova manobra autoritária do governo Trump, cujo objetivo é subjugar as instituições que contrabalançam ou questionam seu poder presidencial.
Por essa razão, a Casa Branca está travando uma batalha com juízes federais e estaduais que suspenderam várias das medidas tomadas unilateralmente por Trump, especialmente aquelas que ultrapassam os atributos do Poder Executivo e violam o devido processo legal.
Somam-se a isso os ataques a universidades e a detenção ilegal de centenas de estudantes estrangeiros por se manifestarem contra o genocídio sionista em Gaza. Trump quer intimidar seus rivais e mandar-lhes um recado: ou colaboram com a Casa Branca ou serão alvo de sua ira.
A prisão da juíza Dugan abriu um debate nos EUA sobre a abordagem autoritária e vingativa do atual governo. Darren Soto, um congressista democrata da Flórida, classificou-a como “coisa de ditador de um país do terceiro mundo”.
Apesar de seu marcante viés imperialista, essa declaração ilustra a preocupação de setores do governo norte-americano com os métodos empregados pela atual administração, que visam estabelecer uma nova correlação de forças entre os três poderes do governo.
Desde seu retorno ao poder, Trump não parou de testar os limites do regime. Ele tenta constantemente cruzar as “linhas vermelhas” para ampliar os poderes do poder executivo. Além disso, embora tenha conquistado uma grande maioria no Congresso e no Senado, ele repetidamente contorna o poder legislativo e prefere governar por decretos-leis.
Nos últimos cem dias, ele assinou 140 decretos-leis, superando em muito seus antecessores dos últimos setenta anos. Em uma perspectiva comparativa, o governo Trump 2.0 está atrás apenas dos ex-presidentes Franklin Roosevelt (1937-1945) e Harry Truman (1945-1953), que assinaram 906 e 2.023 decretos-leis, respectivamente. É importante observar que ambos governaram em um período de grande turbulência política, com eventos desestabilizadores, como a crise econômica da década de 1930, a eclosão da Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e a Guerra da Coreia (1950-1953).
Além disso, a mudança em relação ao seu primeiro mandato é clara: ele assinou um total de 220 decretos-leis em quatro anos; se continuar no ritmo atual, ultrapassará esse número em menos de três meses.
Trump usa esses decretos para exercer seu poder sobre praticamente qualquer área que se possa imaginar; um dia ele assina uma ordem executiva para declarar guerra comercial contra todo o planeta, no outro para regular a pressão da água nos chuveiros.
Entretanto, seu desejo de se tornar um César que governa as instituições é o motivo da forte oposição do judiciário. Por exemplo, dos 140 decretos que ele assinou 122 estão atualmente suspensos e aguardando as decisões dos juízes em vários tribunais que examinam sua validade constitucional.
Isso é sintomático do caráter das ordens executivas de Trump 2.0. Peter Shane, professor adjunto de direito da Universidade de Nova York, disse à Folha de São Paulo que “a produção de Trump é anormal tanto em volume (ele emitiu 39 decretos- leis em sua primeira semana) quanto no ataque pragmático às estruturas, programas e regras governamentais existentes”.
Um caso em questão é o polêmico Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), um órgão ad hoc criado por Trump e liderado por Elon Musk. Embora ninguém tenha votado no proprietário da Tesla nas últimas eleições, ele agora é uma das principais figuras da Casa Branca e está liderando uma campanha de demissões em massa de funcionários do governo federal, ao mesmo tempo em que pretende fechar ou cortar abruptamente o orçamento de várias instituições públicas.
Em resumo, Trump está promovendo uma ofensiva para modificar a relação entre os três poderes do governo nos Estados Unidos, com o objetivo de fortalecer o poder executivo e enfraquecer os freios e contrapesos do judiciário e do legislativo. Além disso, em várias ocasiões, ele mencionou que há maneiras de se reeleger para um terceiro mandato, ainda que isso seja explicitamente proibido pelas leis do país.
O “Dia da Libertação” e o retorno da política acima da economia
Em relação à política externa, o governo Trump também chegou ao ponto de virar o tabuleiro. Em 2 de abril, em uma conferência no gramado da Casa Branca, o presidente dos EUA anunciou as tarifas sobre as importações de 185 países e territórios.
O Dia da Libertação (“Liberation Day”), como Trump o apelidou, deu início a uma guerra comercial e, mais importante, entrou para a história como um evento estratégico que liga o imediato (a disputa com a China) ao estrutural (o estabelecimento de uma nova ordem mundial).
A maioria dos analistas econômicos e a mídia burguesa ficam perplexos quando se trata de analisar o comportamento de Trump, que eles geralmente descrevem como irracional e caótico.
À primeira vista, isso é verdade. Trump é uma figura disruptiva e suas características pessoais são ampliadas porque ele está no comando da maior potência mundial. Nesse sentido, sua personalidade se tornou um fator que intervém ativamente no desenrolar dos eventos mundiais.
A esse respeito, a capa da revista The Economist (12 a 18 de abril), intitulada “A era do caos” e decorada com vários rostos de Trump em tons de laranja, é muito sintomática.
Contudo, seu comportamento errático tem uma explicação, ou melhor, vai além da simples adição e subtração que realizam os analistas burgueses. Para entender a guerra comercial em curso, é necessário compreender que não se trata de uma disputa econômica, mas, acima de tudo, parte da luta pela hegemonia mundial em meio a um novo cenário mundial.
Trump encarna uma seção da burguesia imperialista dos EUA que optou por uma “mudança de faixa”, ou seja, uma nova maneira de exercer a hegemonia e de direcionar as disputas com seus oponentes. É por isso que ele é tão perturbador; não se trata apenas de sua personalidade, ele também representa um projeto estratégico para reordenar o mundo, inclusive fazendo uso da manu militari.
Por outro lado, é inegável que Trump demonstra falta de método e improvisa o tempo todo. Como diz a expressão popular, ele se move pelo mundo com a “delicadeza de um elefante numa loja de cristais”. No entanto, seria um erro reduzir a crise atual às estupidezes de Trump e não perceber como isso se encaixa na abertura de um novo estágio da política e da luta de classes internacional.
Conforme observado em um artigo que publicamos no Izquierda Web, o segundo governo Trump pretende reeditar uma forma de “acumulação primitiva”, segundo a qual “o que não pode ser obtido mais ou menos imediatamente por meio de investimento produtivo e produtividade, poderia ser obtido por meio de métodos de acumulação primitiva: a colonização direta de territórios, incluindo – obviamente, a muito longo prazo – Marte e a conquista do espaço de acordo com Elon Musk”.
A geopolítica do trumpismo reflete um retorno à lógica da territorialização imperialista com esferas de influência, o que contrasta com o consenso neoliberal do livre comércio irrestrito e desterritorializado. Em outras palavras, isso implica o retorno do Estado e o domínio da política acima da economia (confira o artigo A geopolítica do trumpismo)
Adicionalmente, enquanto a guerra midiática sobre as tarifas continuava, o Secretário de Defesa dos EUA, Pete Hegseth, visitou o Panamá e alertou que os Estados Unidos não permitirão que a China expanda sua influência sobre a Zona do Canal, porque “ela é vital para o comércio global e para nossos interesses estratégicos (…) Quero ser muito claro. A China não construiu esse canal, não opera esse canal. E a China não construirá esse canal. Junto com o Panamá na liderança, manteremos o canal seguro”.
Além disso, há algumas semanas, o vice-presidente dos EUA, JD Vance, visitou a Groenlândia, onde atacou diretamente o governo dinamarquês em tom de provocação: “Nossa mensagem para a Dinamarca é muito simples: vocês não fizeram um bom trabalho para o povo da Groenlândia. Vocês não investiram o suficiente no povo da Groenlândia e não investiram o suficiente na arquitetura de segurança dessa incrível e bela área continental.”
Posteriormente, o Secretário de Estado Marcos Rubio declarou que não permitirá que a Groenlândia se torne um território dependente da China, seja como um território autônomo ligado ao Reino da Dinamarca ou como um estado independente.
Esses casos exemplificam as aspirações expansionistas do governo de Donald Trump. A guerra tarifária faz parte dessa lógica, pois seu objetivo é impor tarifas que aumentam artificialmente o custo dos produtos de países concorrentes, ao mesmo tempo em que as utiliza para chantagear outros países: reduzirei suas tarifas se você comprar produtos dos EUA e não os da China, mesmo que os últimos sejam mais baratos.
Em suma, a guerra comercial faz parte do projeto estratégico liderado por Trump para reposicionar o imperialismo norte-americano; é uma tática ofensiva de um imperialismo em retrocesso, com a qual ele busca uma reordenação política, geopolítica e econômica, para a qual precisa destruir a arquitetura comercial e política que governou o mundo nos últimos setenta anos.
Isso explica a intensidade das mudanças na política externa provocadas pelo retorno de Trump à Casa Branca. Seu governo não pretende continuar com as regras da antiga ordem mundial; pelo contrário, eles querem substituir a livre concorrência entre empresas globalizadas pela luta direta entre os Estados.
O Aprendiz de Feiticeiro e a reversibilidade dialética
“Mestre Feiticeiro, ouça meu chamado! / Ah, aí vem o Mestre! / Senhor, é uma emergência! / Os espíritos que invoquei / Não posso detê-los”.
“O Aprendiz de Feiticeiro”, Johann Wolfgang von Goethe
Em 1797, Johann Wolfgang von Goethe escreveu um poema intitulado “O Aprendiz de Feiticeiro”, no qual conta a história de um aprendiz de mágico que, na ausência de seu mestre, teve a audácia de convocar os espíritos e ordenar que cumprissem suas ordens. Mas sua arrogância lhe custou caro, pois ele perdeu o controle sobre a água que pretendia dominar e acabou implorando pela ajuda de seu mestre.
As ações de Trump se assemelham às do aprendiz. De maneira caótica e desenfreada, ele tenta mudar abruptamente a ordem das coisas; ele quer moldar um novo mundo à imagem e semelhança de seus anseios políticos.
Com a arrogância que caracteriza os magnatas que nunca receberam um “não” como resposta, ele ameaça todos os seus oponentes e, como as declarações que citamos no início denotam, ele acredita que neste segundo mandato ele “lidera o país e o mundo”.
Mas a sociedade é um corpo vivo e, como tal, resiste aos ataques que vêm da Casa Branca.
Além das lutas com o judiciário, há também um crescente desconforto por grande parte da população com um governo cujas principais referências são dois bilionários (Trump e Musk). Isso foi demonstrado em 5 de abril no dia “Hands Off”, quando centenas de milhares saíram às ruas dos Estados Unidos para repudiar as políticas da Casa Branca.
Além disso, as últimas pesquisas indicam um desgaste acentuado da imagem de Trump. De acordo com uma pesquisa publicada pelo The Washington Post/ABC News/Ipsos, apenas 39% dos americanos “aprovam” o desempenho do presidente, e 64% acreditam que ele está indo “longe demais” em suas tentativas de expandir os poderes presidenciais.
Da mesma forma, 53% dos americanos desaprovam a maneira como Trump lida com as questões de imigração (um aumento de 3 pontos percentuais em relação a fevereiro), enquanto 42% dos entrevistados acham que Abrego Garcia, o trabalhador salvadorenho deportado por “engano”, deveria ser repatriado aos Estados Unidos.
Esses dados são importantes, considerando que o ataque aos imigrantes foi a principal bandeira de Trump na campanha eleitoral e é também o principal “veículo” para o avanço da agenda reacionária do movimento MAGA.
Diante da forte mudança nas pesquisas, Trump reagiu chamando os pesquisadores e os meios de comunicação que as publicaram de “criminosos negativos” e exigindo uma investigação sobre seus métodos de pesquisa.
Mas sua arrogância não pode esconder o fato de que seus ataques reacionários contra migrantes, mulheres, o movimento estudantil, a população LGBTQI+ e as liberdades democráticas em geral estão causando agitação em grande parte da população dos EUA.
Além disso, prevê-se que a guerra comercial aumente os preços e interfira no fornecimento de alguns produtos, o que certamente aumentará a inquietação entre os trabalhadores, incluindo aqueles que votaram em Trump porque ele prometeu reduzir a inflação do governo Biden. Na verdade, os indicadores econômicos já começaram a cair; por exemplo, o PIB no primeiro trimestre de 2025 caiu 0,3%, em contraste com o aumento de 2,4% no segundo semestre do ano anterior.
Tudo o que foi dito acima mostra que a realidade é mais rica e mais complexa do que parece. A situação nos Estados Unidos é reacionária, conforme refletido nos primeiros cem dias de Trump 2.0. A Casa Branca está liderando uma ofensiva interna para subverter uma série de conquistas democráticas, como a liberdade acadêmica nas universidades, a liberdade de expressão e organização do movimento estudantil e o direito ao devido processo legal para migrantes detidos.
Mas a reversibilidade dialética está inscrita no novo estágio da luta de classes. Há reservas de luta na sociedade norte-americana, que tem uma rica tradição de resistência por parte de trabalhadores, mulheres, jovens e afro-americanos. Ataques reacionários podem gerar respostas de baixo para cima.
Em 2020, o primeiro governo Trump sofreu um duro golpe com a eclosão da rebelião Black Lives Matters. Esperamos que o segundo não seja exceção, e que a luta de classes coloque o aprendiz de feiticeiro de extrema direita da Casa Branca em seu devido lugar.
Tradução do espanhol para o português:
Mariah Sinem