Júlia Bachiega – juventude Já Basta! 

O governador do estado de São Paulo, João Dória (PSDB), anunciou, nesta quinta-feira (17), que não será mais obrigatório o uso de máscaras de proteção em ambientes fechados, com exceção de transportes públicos, hospitais e unidades de saúde. O decreto foi publicado em edição extra do Diário Oficial do Estado e tem efeito imediato; a capital segue as mesmas orientações do governo do Estado. Com isso, o uso de máscaras de proteção se torna opcional em diversos locais, como salas de aula, restaurantes, comércios e academias.

Apesar do recente boletim do Observatório Covid-19 – divulgado nesta sexta-feira (11), no Rio de Janeiro, pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) – caracterizar como prematuro e imprudente o relaxamento das medidas protetivas contra a Covid, o governador de SP afirma que sua decisão foi respaldada por médicos e cientistas através de uma nota técnica do Comitê Científico, que é um dos responsáveis por monitorar a situação epidemiológica no Estado; ainda nesta nota técnica, consta que para alguns perfis – imunossuprimidos, não vacinados e pessoas com sintomas gripais – o uso de máscaras em ambientes fechados segue sendo imprescindível.

Um cenário pandêmico ainda em curso 

Diante da situação ainda instável da Covid-19 no Brasil, marcada por sinais de estagnação no índice de vacinados, alto número de não vacinados (até 18 de fevereiro, 43,1 milhões de cidadãos não haviam tomado nenhuma dose da vacina, segundo dados do Ministério da Saúde) e possível impacto das aglomerações registradas no período do Carnaval, a flexibilização de uma das principais formas de proteção contra a Covid-19 se mostra irresponsável e de caráter exclusivamente eleitoreiro. 

Vale ressaltar, que a situação delicada da pandemia no Brasil se torna mais preocupante devido ao aumento no número de casos da Covid-19 na Europa e Ásia – com milhões de pessoas voltando ao lockdown em países como China, Filipinas e Indonésia – e ao surgimento frequente de novas variantes, como a cepa híbrida Deltacron, que combina os genes das variantes Delta e Ômicron e sobre a qual ainda pouco se sabe, mas que já é responsável por dois casos positivos em território nacional. 

O fim da obrigatoriedade das máscaras de proteção, somado a outros posicionamentos anteriores adotados por Dória – como o retorno às aulas presenciais nas escolas sem o fornecimento de EPIs adequados para alunos, professores e demais funcionários – evidencia que seu real compromisso não é com a saúde pública, mas sim com o aumento de sua popularidade, visando as eleições de outubro. Se por um lado a dispensa do uso de máscaras transmite uma ideia, mesmo que falsa, de competência no controle da Covid-19 no Estado de SP, por outro, também é vista com bons olhos pela parcela do eleitorado que já não era adepta ao uso das mesmas, dos setores mais reacionários.

 A utilização de máscaras em locais fechados deve ser mantida até que as condições sanitárias estejam verdadeiramente adequadas, possibilitando o seu desuso de forma segura. Esta decisão deve ser tomada em consenso com a maioria da comunidade científica e dos principais órgãos de monitoramento da Covid-19 – o que não é o caso, a exemplo da explícita oposição dos pesquisadores da Fiocruz  em relação a esta medida de flexibilização – e sem influência das aspirações pessoais de Dória e de outras figuras políticas!