Publicamos abaixo o conteúdo do panfleto RETOMADA, que foi organizado pela Juventude Já Basta! Ŕe independentes para as eleições do DCE-USP. Em uma conjuntura de crise estrutural, de crescentes sofrimentos das massas trabalhadoras para ampliar o lucro do grande capital e de ameaças e ações golpistas constantes, é preciso desbloquear a barreira burocrática encrustadas na direção do DCE para retomar a ação direta do movimento estudantil. Em momentos de crise orgânica, como o atual, é preciso que a frase esteja de acordo com o conteúdo, ou seja, que coloque abertamente que para derrotar o neofascista Bolsonaro, o seu golpismo e a guerra permanente contra as massas, não basta votar, é incontornável a ação direta nas ruas. É nesse sentido que chamamos a unidade das organizações que estão dentro e fora do Pólo Socialista Revolucionário. Com a fragmentação da esquerda socialista, a luta para derrotar a burocracia do DCE, com o objetivo de coloca-lo a serviço da mobilização contra Bolsonaro nas ruas, torna-se praticamente impossível. Unidade já, do Polo e da esquerda combativa do PSOL.
Redação
Por uma universidade construída para a juventude trabalhadora!
O bolsonarismo surge como produto de uma equação político-econômica para impor um patamar mais profundo de opressão e exploração. A combinação de anos de um projeto de conciliação de classes do lulismo, associado a retirada da luta pelas ruas e sucessivas alianças com a direita, como também, a crise estrutural do capital, que massacra a população pobre forjaram essa nova e perigosa força repressiva. Esse bloco político de extrema direita quer intensificar o regresso histórico às condições de vida dos trabalhadores e de sua juventude – especialmente a negra e periférica – ameaçando diretamente os direitos democráticos, a vida e o meio ambiente.
As novas gerações têm cada vez mais se deparado com uma sociedade que lhes nega o direito à vida plena e lhes propõe apenas o direito à sobrevivência. Mas, não deixa de resistir e impor um freio aos ataques universais do capital. Nos últimos anos, o quadro étnico-racial e social da universidade ganhou mudou significativamente, foram muitos os jovens trabalhadores, negros, lgbtqia+ e oprimidos que ingressaram nessa instituição que historicamente repele esses perfis. A partir de décadas de muita luta e mobilização – com manifestações, greves e ocupações – foi possível transformar parcialmente a realidade a serviço dos excluídos e marginalizados a ocuparem a universidade mais elitista do país.
Nós estamos – nossa geração – em uma encruzilhada histórica, que nos exige desafios e responsabilidades também históricas. Assim, as eleições para o DCE da USP devem servir para a RETOMADA do processo crítico de formação, apropriação e luta política permanece para colocar o conjunto dos estudantes – em unidade com os trabalhadores e professores – no enfrentamento coletivo ao autoritarismo e para a garantia de nossos direitos: estudar, permanecer, trabalhar e viver!
RETOMADA da luta estudantil para derrotar o autoritarismo
Só no período pandêmico, segundo a OXFAM, a cada 30 horas 1 milhão de pessoas entravam na condição de extrema pobreza, enquanto a cada 33 horas um novo bilionário surgia no mundo, alguns deles no Brasil de Bolsonaro. Esta é uma cartografia pedagógica sobre o caráter feroz e violento do capitalismo deste século e a agressividade com a qual explora nossos corpos e nossa natureza.
A atual combinação política entre Rodrigo Garcia, o herdeiro de Doria no governo do Estado, e Bolsonaro no governo federal coloca-nos, após a criminosa administração da pandemia que culminou com uma tragédia sócio sanitária aos vulneráveis, um enorme alerta sobre a necessidade de agir e impedir que continuem atacando nossos interesses e necessidades. Os reacionários e autoritários indicam a todo o momento a intenção de destruir o caráter público do ensino nacional, cortar verbas, privatizar e atacar conquistas de toda ordem. Fazem isso, com o aumento generalizado do pauperismo, tornando o acesso aos jovens explorados e oprimidos às salas de aula cada vez mais difícil, uma vez que a vida tem se tornado uma batalha cotidiana pela sobrevivência.
O enfrentamento às políticas tucanas, principalmente com Alckmin como governador, ao fechamento parcial do hospital universitário, à cobrança de mensalidades para a pós-graduação, ao sucateamento de nossos espaços de formação, ao aumento criminoso da repressão policial e à tantas outras atrocidades, os estudantes mantiveram-se na resistência e impediram derrotas categóricas que hoje poderiam haver revertido toda uma série de conquistas. Isto é, sempre foi e será a luta coletiva a principal garantia de nossos interesses, não podemos retroceder dela como tem feito a atual gestão do DCE.
RETOMADA do DCE para organizar a luta independente
Aqueles que nos oferecem uma solução eleitoreira com Lula e Alckmin (algoz da educação pública e responsável pela morte de milhares de corpos jovens negros) constroem de maneira irresponsável uma fabula de que esse é o único caminho para uma mudança substancial da condição de vida dos de baixo e dos oprimidos. Nutrem uma falsa esperança em figuras declaradamente inimigas de nossa classe, desarmando a única saída para derrotar efetivamente Bolsonaro e garantir o direito democrático ao voto, até mesmo em Lula e Alckmin: a mobilização pelas ruas.
Aparelhado a serviço exclusivamente para fins eleitoreiros, nosso DCE não pode estar mais sob a direção daqueles que se alinham aos nossos inimigos de longa data dizendo que esse é o caminho para a solução de nossas demandas. Por isso, nós da Juventude já basta!, Socialismo ou Barbárie e independentes, ressaltamos a suma importância da unidade das organizações que constroem o Pólo Socialista Revolucionário, de organizações e lutadores independentes, e da esquerda do PSOL, para a retomada da entidade como instrumento de luta para derrotar Bolsonaro e emplacar um novo curso para o movimento estudantil colocando-o como sujeito ativo na construção de uma outra universidade.
O que defendemos:
- Aumento imediato dos auxílio moradia para R$800,00;
- Fim do vestibular;
- Defesa irrestrita da manutenção e avanço das cotas étnico-raciais e sociais;
- Eleição direta para a reitoria bem como a paridade nos órgãos deliberativos;
- Rede de denúncia e proteção à violência de gênero e raça;
- Fim das terceirizações e efetivação de todos os trabalhadores;
- Reincorporação dos bandejões à universidade;
- Reabertura imediata do bandejão na ESALQ pela administração da universidade;
- Plano emergencial de contratação de professores;
- Plano de reforma e ampliação da moradia estudantil;
- Devolução dos blocos D, K e L;
- Retirada imediata da Polícia Militar dos campi.
Os debates e as lutas não podem estar restritos ao período eleitoral, venha nos conhecer e construir a luta independente!