Por um outro movimento estudantil: independente das burocracias, dos governos e que construa uma alternativa anticapitalista para enfrentar os desafios colocados às novas gerações, aos trabalhadores e oprimidos.

O movimento estudantil da USP se encontra hoje diante de um grave impasse: um refluxo da sua capacidade de organização, politização e mobilização diante dos ataques da Reitoria, do neofascista Tarcísio e sua política de chacinas nas periferias e privatizações do saneamento básico e do transporte, e de Lula-Alckmin com as suas contrarreformas que fizeram estourar uma forte greve em 42 universidades e 50 institutos federais. Um evidente sintoma de uma aguda crise de direção e alternativa política.

Por um lado temos os setores reformistas que deixaram de lado sua independência de classe e o que havia de melhor na tradição do movimento estudantil e operário para atuar como quinta coluna do lulismo de maneira oportunista e eleitoreira. Por outro, setores sectários ou ultraesquerdistas que acabam por reproduzir uma lógica economicista dos problemas incapaz de unificar estrategicamente as variadas lutas em curso através de bandeiras e fóruns políticos comuns.

Depois de uma importante greve de mais de quarenta dias no ano passado na USP, não tivemos um espaço sequer de balanço dessa experiência que permitisse dar continuidade da nossa luta. Ao contrário, a direção do DCE (Correnteza, Juntos e UJC) e seus satélites, simplesmente abandonaram a greve, dividindo o movimento e jogando por terra uma possível vitória política coletiva, abrindo espaço para uma contraofensiva da Reitoria.

Ou seja, poderíamos ter saído com uma vitória política da greve, ao menos, com o movimento mais organizado e consciente de suas tarefas e métodos, se não fosse a política burocrática e entreguista da direção do DCE. Não terminamos a greve com uma derrota categórica e a reprovação automática de milhares de estudantes por conta da ocupação dos blocos K e L, tática que a direção do DCE condenou publicamente na Folha de São Paulo.

Esses mesmos setores foram os que venderam “conquistas históricas” logo após a primeira negociação com a Reitoria, deixando claro que queriam se agarrar a qualquer migalha para cravar uma saída “triunfante” da greve, de cunho eleitoral e instrumentalista.

Ora, como vão explicar que estamos diante de duros ataques, como o novo horário das aulas noturnas que ataca o direito à educação dos setores trabalhadores, a grave situação da falta de moradia e auxílio a centenas de estudantes, a aguda e persistente falta de professores e funcionários, etc., aqueles que vendiam de maneira irresponsável e oportunista “vitórias históricas” durante a última greve para desmontá-la?

A partir desse cenário, nós, da juventude anticapitalista Já Basta!, entendemos ser fundamental superar as políticas e métodos de contenção do movimento, de sua politização.

Com isso, fazemos um chamado a todes es estudantes independentes a se somarem aos nossos espaços de discussão para construímos juntos, a partir de uma síntese, um programa para disputar as eleições do DCE. Um programa construído por muitas mãos e cabeças que desmascare o atual e nefasto projeto de universidade e coloque como contraponto um projeto dos e para es estudantes trabalhadores e oprimides: por uma universidade verdadeiramente pública, laica e de qualidade!

Também achamos extremamente importante lutar por um processo real de inflexão das organizações socialistas independentes dos governos e burocracias que impulsione a discussão pela base para romper com o refluxo e a apatia do movimento. Assim, fazemos outro chamado: a construção conjunta de uma plenária estudantil da esquerda socialista independente (Rebeldia – PSTU, Faísca – MRT e Vamos à Luta – CST) que, junto às bases, contribua para uma síntese política e programática que conforme uma unidade real entre nós para fazer avançar o movimento!

Por uma saída independente e anticapitalista!