José Roberto Silva

Desde o governo de Barak Obama, mas, principalmente durante o governo Trump, o proletariado norte-americano levantou suas bandeiras por melhores salários e recuperação de todos os direitos retirados desde os anos 1970.

Nos últimos anos um forte movimento dos trabalhadores em fastfood e lojas de departamento por uma salário mínimo de 15 dólares por hora (desde 2007 em 7,25 dólares por hora), incorporando a reivindicação de liberdade de organização sindical.

Tais reivindicações foram assumidas pela esquerda do Partido Democrata (o DAS – Democratic Socialists Americans) que nas eleições regionais para o legislativo alcançaram um número significativo de vitórias em alguns estados e impulsionaram a pré-candidatura de Sanders à presidente.

Sanders, que desde sua tentativa anterior já assumira por conta própria todas as reivindicações, ao perceber a inviabilidade de sua vitória nas primárias dos Democratas, apoiado pelo DAS, fez acordo com Bidem, que assumiu as reivindicações acerca dos salários, saúde e sindicalização.

Apesar da vitória deste último trazerem novos ares para a sociedade estadounidense, diante do negacionismo e ultradireitismo de Trump, Biden já começa a recuar diante da pressão do capital, adiando, por exemplo, o aumento do salário mínimo no valor reivindicado para 2025.

Porém os trabalhadores não se desarmaram. Assim é que 1.100 trabalhadores de duas minas de carvão da Warrior Met Coal em Brookwood, Alabama, estão em greve desde abril deste ano. E no dia 27 de julho p.p., realizaram um piquete diante dos escritórios da BlackRock, uma hedge fund, controladora da empresa.

Lauren Aratani[1], em artigo publicado no mesmo dia, relata, entre outras coisas que:

Vestidos com camisetas camufladas com o slogan “Nós somos todos”, os membros da Associação dos Trabalhadores de Minas Unidas (UMWA… cantaram “Sem contrato, sem carvão!” e “Warrior Met Coal não tem alma!enquanto caminhões e carros dirigindo entre as barricadas que circundavam os manifestantes buzinavam em apoio… Tornou-se uma das maiores manifestações trabalhistas vistas no sul, uma região tipicamente hostil a disputas trabalhistas.

Os trabalhadores dizem ter sofrido um corte de 6 dólares por hora nos salários e reduzido os benefícios em seu contrato sindical de 2016 depois que a Walter Energy, que acabou se tornando a Warrior Met Coal, declarou falência em 2015.

A UMWA rejeitou um contrato oferecido pela empresa em abril, apenas algumas semanas após o início da greve, o que teria dado aos trabalhadores um aumento salarial de US$ 1,50 ao longo de cinco anos. Os trabalhadores dizem que querem que o salário e os benefícios correspondam ao que estavam recebendo antes do contrato que foi assinado em 2016.

Os mineiros disseram que, além do corte no salário e nos benefícios, a empresa também se tornou mais rigorosa no controle de frequência. Os trabalhadores poderiam ter que trabalhar sete dias por semana, até 16 horas por dia, e ser demitido por faltar mais de quatro dias de trabalho, exceto no caso de morte de um familiar.

A mineração de carvão já é um trabalho perigoso, com os mineiros indo a centenas de metros de profundidade e sendo expostos a fumaças tóxicas, como o gás metano.

Brian Kelly, 50 anos, mineiro de terceira geração e presidente da UMWA Local 2245, que participou do protesto com sua esposa, duas filhas e neto, disse que muitos de seus colegas de trabalho lutam para pagar contas médicas depois que a assistência médica se tornou mais cara para os trabalhadores.

“Temos cobradores de dívidas sobre todo o nosso povo porque não temos condições de pagar essas contas”, disse Kelly. “Costumava haver um pouco de respeito pelas pessoas que lá trabalham… e esta empresa acabou de perder todo o respeito por nós”.

A empresa trouxe trabalhadores substitutos contratados para manter as minas funcionando, embora os trabalhadores digam que as condições de segurança pioraram e que a empresa está funcionando abaixo da capacidade com os trabalhadores substitutos.

Trabalhadores mineiros de carvão de Ohio, Kentucky e West Virginia estiveram presentes no protesto, juntamente com representantes de outros sindicatos de trabalhadores como o AFL-CIO e o Sindicato de Varejo, Atacado e Lojas de Departamento.

A atriz Susan Sarandon também apareceu em apoio aos grevistas, dizendo à multidão que BlackRock “é uma horrível mancha na visão dos Estados Unidos” e que apoia a força dos mineiros em dar continuidade à  sua greve.

O protesto em Nova York é um dos múltiplos protestos que a UMWA realizou para a greve atual. Aproximadamente uma dúzia de trabalhadores foram presos e acusados de invasão de propriedade durante um protesto que foi realizado em uma mina de Warrior Met Coal em Tuscaloosa, Alabama.

Carl White, 35 anos, presidente da UMWA Local 2397, disse que a BlackRock com certeza vê “que esta empresa não está atuando como quando os trabalhadores do sindicato estavam nestas minas de carvão“. “Não estamos pedindo muito aqui”, disse White. “Está na hora de vir a mesa e nos dar um contrato justo e decente“.(negrito nosso)

Desde Socialismo ou Barbárie, tendência do PSOL, manifestamos nosso total apoio aos mineiros do Alabama e a todos os trabalhadores em luta nos Estados Unidos.

NOTA:

[1] https://www.theguardian.com/business/2021/jul/28/union-advocates-rally-striking-alabama-coalminers

Tradução do inglês José Roberto Silva