A onda negacionista já circula por vários países, mas o Brasil tem bases sustentáveis para levar as ideias retrógradas ao extremo. O comando do chefe de governo deixou o Brasil à beira do colapso sanitário. Chama atenção de todo mundo o comportamento genocida, a revista cientifica Nature acaba de publicar uma nota se referindo à decidia que o governo tem frente à ciência.

MARTIN CAMACHO

Já ultrapassando o número de 400 mil mortos pela covid-19, o governo continua colocando empecilhos ao combate à pandemia. Mas não é só Bolsonaro, outros governadores são parte também do desmonte da ciência e da educação.

Em São Paulo, os cortes em pesquisa e educação foram sistemáticos, a política do PSDB é cúmplice do desmonte que se vive nos hospitais. Muitas vidas poderiam ser salvas se os recursos estivessem no lugar certo.

A ideia anticientífica faz tempo que tem repercussão no governo. Em parceria com o desmatamento, Bolsonaro acusou o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil de falsificação de dados de satélite que mostraram desmatamento acelerado na Amazônia.

Já na pandemia, nos primeiros meses, em parceria com o Exército, começou a repartir para todo canto a Cloroquina como medicamento mágico que salvaria vidas. Demonstrando que além do mais foi uma negociata. No Ministério de Defesa foram “fabricados desde o início da pandemia 3.229.910 comprimidos de cloroquina 150 mg ao custo de R$ 1.165.387,51”.  Mas, surpreendentemente, muitos dos médicos sabendo a ineficácia da substância a prescrevem até hoje em dia.

Por outro lado, tem-se uma guerra contra as mentiras do Kit Covid. “A Sociedade Brasileira de Imunologia alertava para o risco do uso dos dois medicamentos do chamado kit covid, que incluem ainda a azitromicina e a ivermectina”. A entidade coloca um alerta sobre os efeitos colaterais destes medicamentos e a sua ineficácia científica. Assim, é como o Brasil chega a ser uns dos piores países em combater a pandemia, um acúmulo de mentiras, despreparo e sucateamento do sistema de saúde.

Bolsonaro começou chamando a doença de “gripezinha”, depois foi contrário à quarentena e proporcionou aglomerações. Muito parecido ao que Trump pregava nos Estados Unidos – os números porcentuais não são muito diferentes como no Brasil -, a diferença é que a vacinação está muito mais adiantada no país do norte. Foi contra a compra de vacinas antecipadamente, chegou a falar que as vacinas são perigosas para a saúde: “se você se transformar em um jacaré, o problema é seu”. Alguém pode achar que isso é uma piada, mas começou a ter repercussão em amplos setores da população.

A reiterada desinformação causou um desentendimento das medidas de prevenção entre as pessoas. Um dos cientistas entrevistados pela revista cientifica diz o seguinte: “é muito difícil implementar medidas preventivas quando a desinformação vem diretamente de o governo federal” . Tudo o que os outros países fizeram para conter a pandemia, o Brasil vai na contramão. Outro cientista entrevistado vai no mesmo sentido: “temos as ferramentas ou pelo menos a capacidade de ajudar o país, mas estamos sendo ignorados e não apoiados pelos líderes do país.”

O âmbito científico é apocalíptico. “Ser cientista no Brasil é tão triste e frustrante”, diz Jesem Orellana, epidemiologista dá a sede da Fundação Oswaldo Cruz em Manaus. “Metade de nossas mortes eram evitáveis. É um desastre total.” A crise pandêmica pode demorar uns 2 ou 3 anos para se dissipar se é que não aparecem novas variantes mais fortes. Mas, a pandemia vai trazer outros problemas com um aumento escancarado da desigualdade social – hoje se volta a falar em fome nas camadas mais precarizadas.

O enfraquecimento da ciência pelo presidente Jair Bolsonaro durante a pandemia da COVID-19 tornou seus efeitos piores para o país, dizem os pesquisadores. Hoje o Brasil tem um porcentual muito alto de mortes e não se tem estimativas positivas a curto prazo. Vamos entrar em uma estabilidade da doença em um patamar muito mais alto do que o ano anterior, entre 2500 e 3000 mortes por dia. Em meados de junho, estaremos em meio milhão de mortos. E o pior é que não temos perspectivas de melhoras se não se trocar o governo imediatamente.

Bolsonaro minou publicamente a ciência enquanto se recusava a implementar lockdown nacionais de proteção e espalhando desinformação. Para sair dos conselhos científicos, Bolsonaro promove curas mágicas e não comprovadas para a covid-19. Por essas atitudes, abriu-se uma CPI da Covid-19 para colocar a responsabilidade nas mortes que poderiam ser salvas.

Mesmo com a CPI, temos que pressionar nas ruas para expulsar o governo genocida e colocar também um alerta em outros governos estaduais que seguem as mesmas diretrizes que o governo federal. É por isso que se faz imperante sair às ruas e ter uma alternativa de vida.