Eugenia Acosta (estudante de História) e Emilse Icandri (estudante de Letras) foram notificadas pela chegada de uma carta-documento em suas residências da abertura de um processo pelas autoridades de Filosofia e Letras.
Publicamos abaixo a nota de denúncia da juventude Ya Basta! – organização irmã do Já Basta! aqui no Brasil – em que relata o grave ataque persecutório às companheiras Eugenia e Emilse, tratando-se de um perigoso precedente para o avanço reacionário sobre as liberdades democráticas e a atividade política estudantil. Endossamos a campanha contra tamanha arbitrariedade e reforçamos o chamado às organizações políticas de nosso país, bem como das entidades do movimento estudantil, a se posicionarem em solidariedade às lutadoras e em defesa dos direitos democráticos diante de um avanço da extrema-direita na Argentina.
Por Ya basta! Filosofia e Letras-UBA
Informamos à comunidade educativa que, ontem, duas colegas do nosso grupo, Eugenia Acosta (estudante de História) e Emilse Icandri (estudante de Artes) foram notificadas pela chegada de uma carta-documento às suas moradias da abertura de um processo em que as autoridades de Filosofia e Letras ameaçam com sanções que podem implicar na suspensão das estudantes por até cinco anos.
Trata-se de um ataque gravíssimo, sem fundamentos ou precedentes, além de misógino, por parte das autoridades contra duas queridas colegas e alunas da faculdade de Filosofia e Letras da UBA, que são funcionárias do Estado e que desempenham funções assistenciais à crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade.
Trata-se também de uma tentativa de perseguição política a duas militantes da Las Rojas e do ¡Ya Basta! que se destacaram por realizar tarefas solidárias durante a pandemia, indo auxiliar as escolas públicas dos bairros de Caballito e Flores na entrega de alimentos para famílias de baixa renda, além de auxiliar com suprimentos básicos os trabalhadores do Hospital Durand com doações feitas por alunos, professores e trabalhadores da faculdade. Também se destacaram por acompanhar as reivindicações desses mesmos trabalhadores universitários.
A gravidade desse ataque por parte das autoridades se torna ainda maior por acontecer antes do dia 24 de março, contra duas estudantes pertencentes a uma faculdade que conta com o triste número de 423 companheiros detidos e desaparecidos pela última ditadura militar, em circunstâncias nas quais setores da ultradireita questionam a cifra de 30.000 desaparecidos e mortos para atacar a luta pelos direitos humanos. Os direitos democráticos e a participação política na faculdade não podem ser subjugados dessa forma, sancionando os alunos, devemos lembrar o que aconteceu em outra época, quando a instituição endureceu sua política com aqueles que estudavam na Faculdade de Filosofia e Letras.
Desde a juventude Ya Basta! fazemos um apelo a todos os alunos, professores, trabalhadores universitários, organizações políticas e sindicais, e toda a comunidade educativa, a rejeitar as sanções impostas pela atual direção da faculdade de Filosofia e Letras. Vamos todos juntos parar este perverso ataque contra as companheiras!
