* A imagem é referente a repressão no Crusp, no ano de 2016, durante o governo de Alckmin pelo seu Batalhão de Choque da Polícia Militar.

A volta às aulas na Universidade de São Paulo, depois de dois anos de isolamento social, é marcada pela tácita implementação de uma base da Polícia Militar no campus da capital, bem como a negligência e ataques espúrios à permanência estudantil que afetam, sobretudo, a juventude trabalhadora.

KAREN REZENDE

Nesta terça-feira (04), os moradores do Bloco D do Conjunto Residencial da USP (CRUSP), foram forçados pela Guarda Universitária a deixarem suas residências. O despejo ocorreu motivado pela reforma do prédio, no entanto, a universidade não oferece amparo aos estudantes – que ocupam o prédio por não terem para onde ir. 

Nas últimas semanas vinham sendo efetuadas tentativas de coagir os estudantes, como diversas intimidações e cortes de água e luz, o que já havia levado alguns moradores a deixar o local. No dia 30/06, um oficial de justiça, uma assistente social da Superintendência de Assistência Social (SAS) e a Guarda Universitária já haviam ido até o local para arrombar as portas para expulsar os estudantes.

Essa reforma está em vigor desde a segunda metade de 2021, quando os mais de 130 moradores foram surpreendidos com um prazo de 15 dias para deixar suas residências. O tempo previsto para a reforma foi de um ano, entretanto, quase 11 meses depois, não há previsão para conclusão. Na época, a USP ofereceu alternativas como a realocação desses estudantes para outros blocos – o que seria inviável considerando que já existe um problema de vagas no CRUSP que não consegue suprir a demanda necessária -, ou o pagamento de 500 reais de auxílio moradia, no entanto, esse valor não é compatível com o custo de vida na cidade de São Paulo, deixando os moradores desamparados.

A reforma dos prédios do CRUSP se faz necessária, mas a falta de diálogo e a apresentação de alternativas viáveis aos moradores, coloca em risco a permanência desses estudantes na universidade. Uma das reivindicações do movimento estudantil considera primeiro a reforma e devolução dos blocos K e L – que vem sendo utilizados como prédios administrativos -, dessa forma, os moradores poderiam se estabelecer nesses blocos durante o período de reforma do Bloco D. 

Esse despejo forçado explicita como a USP pouco se importa com a permanência dos estudantes de baixa renda. Uma universidade que sempre colocou barreiras dificultando o acesso e a permanência das novas gerações de trabalhadores à universidade e que dela as conquistas como as cotas étnico-raciais foram arrancadas com muita luta. Por isso, é preciso convocar uma assembleia geral dos estudantes como ponto de partida para a edificação de um comitê de luta unificado para organizar e mobilizar imediatamente a base dos estudantes para exigir e garantir que sejam oferecidas alternativas concretas para os moradores do Bloco D, bem como pela retirada imediata da Polícia Militar de toda a universidade. 

Por isso, nós, da Juventude Já Basta!, convocamos a todos os estudantes para se somarem ao ato Fora PM da USP e pela permanência estudantil, que irá acontecer nesta quinta-feira (07/07) às 18h, com concentração no vão da geografia e história (FFLCH). É de extrema importância que seja demonstrada nossa indignação com o que vem ocorrendo dentro da USP, não podemos nos calar enquanto estudantes pretos, pobres e periféricos que têm seu acesso e permanência na universidade constantemente ameaçados.

Fora PM da USP!

Abaixo a repressão!

Permanência para todos!