Apresentamos a seguir o informe de Karen Rezende, estudante de Geografia e militante do Já Basta!, após a última reunião de negociação com a reitoria da Universidade de São Paulo nesta última quarta-feira, dia 04/10.
Contexto geral
A negociação aconteceu um dia depois da forte greve dos trabalhadores do metrô, CPTM e Sabesp. Como ficou evidente na mídia e nas ruas, a greve teve grande apoio da população, devido às terríveis experiências com o serviço das linhas privatizadas.
Além disso, ontem explodiu a greve na UNICAMP, depois do ataque com faca e spray de pimenta de um professor contra estudantes que realizaram uma passagem pelas salas informando sobre os problemas de permanência nessa universidade.
Também, é importante acrescentar que nossa greve se fortaleceu com o ingresso na luta de muitos cursos, inclusive do interior do Estado.
Por isso, avaliamos que a jornada de luta operária-estudantil e a massificação da greve na USP, abriu uma nova correlação de forças a nosso favor, pois há pressão política sobre a reitoria para encerrar o conflito.
Diante disso, a reitoria mudou a sua política: passou de apostar a derrotar a greve pelo cansaço à procurar desarticular o conflito oferecendo concessões menores.
Principais propostas da reitoria (resumo).
Contratação de 849 professores (já estavam previstos) e abertura de 148 novas vagas a serem distribuídas entre as unidades acadêmicas (podem ser temporárias -precarizados- para cobrir a lacuna enquanto os concursos dos efetivos são realizados.
A reitoria se comprometeu a enviar ao Conselho Universitário (CO), uma proposta para que, até o final de sua gestão, todos os professores que falecerem, fossem aposentados ou exonerados, terão ditas vagas repostas de imediato.
Sobre permanência, as propostas ainda são muito abstratas e não representam nenhum avanço. Só há uma proposta concreta até agora: abertura dos bandejões privatizados nos sábados para café da manhã e almoço.
A reitoria também se comprometeu a implementar uma Comissão de Acesso Indígena à universidade.
Avaliações preliminares e desafios
A negociação real começou no dia de ontem. Isso foi produto da nova correlação de força aberta na USP e a nível estadual pela onda de greves no metrô, CPTM, Sabesp e na UNICAMP. A nossa greve se transformou num fato político-social; não ficou isolada no campus e ganhou apoio social.
A maior parte das propostas da reitoria são “compromissos” gerais e pouco concretos. Além disso, sobre as contratações as propostas ainda são insuficientes com relação aos objetivos da greve. No plano quantitativo, precisamos de mais vagas novas (e não precarizadas!) para repor os claros docentes na USP.
Também, a reinstalação do gatilho automático de forma permanente, para garantir a reposição de vagas docentes após 2025 e, assim, não voltar a ter carência de professores num futuro próximo.
Por conseguinte, avaliamos que a proposta da reitoria é insuficiente e temos que continuar fortalecendo nossa greve. Como? Primeiro, massificando ainda mais; segundo, construindo a unidade operária-estudantil com os trabalhadores da USP (por exemplo, é chave que o Sintusp ingresse na greve). Terceiro, é preciso garantir uma direção clara para a greve, democratizado o Comando Geral de Greve que, além de construir um plano de luta coerente, não seja triunfalista nem derrotista; é dizer, que não apresente pequenas concessões como grandes triunfos, com a finalidade de preparar o caminho para assinar uma proposta insuficiente e que fica por detrás da força e potencialidade da nossa greve.