Greve da USP exige unidade para vencer

JUVENTUDE SOB 

Apesar de meses de certo refluxo, faz algum tempo que encontramos sinais de resistência e luta contra os ataques da direita reacionária contra aos trabalhadores, e a USP não fica fora dessa dinâmica.

A Universidade de São Paulo (USP) está em luta. Os professores e estudantes estão em greve desde o dia 29 e os funcionários entraram no dia 7. A mobilização começou desde que a reitoria anunciou a perversa proposta de apenas 1,5% de reposição salarial para funcionários e professores (setor que há dois anos está sem nenhuma reposição salarial), além da luta pelo acordo feito com funcionários na greve de 2016.

A greve estudantil passou apertada na assembleia estudantil no último dia 24, foram 217 votos a favor e 215 contra. O que indica que a mobilização não está consolidada e, por isso, é necessário a mais ampla unidade e mobilização na base dos cursos.

Além do apoio à bandeira de reajuste salarial de 12,56% para professores e funcionários, os estudantes exigem a imediata aplicação dos 48 milhões destinados pela Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp) em janeiro para o Hospital Universitário (HU). Bem como a reabertura da emergência da Zona Oeste, fechada desde o início de 2017.

O eixo principal é a permanência estudantil. Ou seja, o reajuste no valor das bolsas de pesquisa, estágios, moradia e apoio socioeconômico, inserido no Programa de Apoio à Permanência e Formação Estudantil (PAPFE) e a melhoria na Internet para os moradores do Complexo Residencial (Crusp). São demandas que dão continuidade às cotas étnico-raciais, conquistadas em julho de 2017 pelo movimento e pela gestão anterior do Diretório Central de Estudantes (DCE), a qual nos orgulhamos de ter dirigido junto com outros setores da esquerda.

O desmantelamento da USP tem sido realizado há algum tempo, mas se tornou mais agudo nas últimas gestões de Rodas, Zago e, hoje, Vahan. A política do reitor e do governo do estado de São Paulo é avançar em uma reforma neoliberal que tem na privatização da educação pública o seu foco central.É necessário destacar que essa política é movida pelos mesmos partidos (PSDB e MDB) que atualmente dirigem o país. Trata-se da luta pela defesa da saúde pública, setor tão atacado por Temer.

No caso do Estado de São Paulo, o último grande ataque foi a tentativa de fechamento total do Hospital Universitário (HU) – maior hospital público da região oeste. Os 48 milhões de reais negados podem garantir que o hospital continue servindo à comunidade universitária e, principalmente, às populações do seu entorno. Por isso, a luta em defesa do HU é fundamentalmente a defesa da pesquisa e acesso à saúde para milhares de trabalhadores.

Os estudantes têm a importante tarefa de dinamizar essa luta e lhe dar o lugar merecido de polo de resistência em nível nacional. Mas, essa luta só pode ser vitoriosa em unidade com os trabalhadores e mobilizando as bases para que possamos construir uma greve forte. Para que isso ocorra, pesa negativamente a política da atual gestão do DCE, dirigida pelo petismo e adjacentes. O DCE não pode servir apenas para divulgar a greve na página oficial, deve mobilizar de fato em todas as unidades. A atual direção cumpre o mesmo papel da burocracia sindical em esfriar a luta. Até a presente nota a entidade não tem data para de assembleia na USP EACH, que está na capital, apenas para ficar em um exemplo. É lamentável que a atual gestão não priorize a luta e as necessidades reais dos estudantes e trabalhadores da universidade.

É necessário retomar o valioso sentido do movimento estudantil, como um grande instrumento de luta da juventude trabalhadora. O movimento estudantil da USP sempre teve um papel superador e de resistência política em nosso país. Mas, isolados os desafios são ainda maiores. Por isso, a unidade dos três setores da universidade, estudantes, professores e funcionários é crucial. Cabe à oposição do movimento estudantil se unificar em um polo para exigir da atual direção de DCE que tome medidas práticas para impulsionar a greve, por um lado, e tomar suas próprias iniciativas de mobilização do movimento, por outro. Somente com outra dinâmica poderemos conquistar nossas reivindicações imediatas, fortalecer nossa organização e avançar na luta por uma universidade pública para todos.

REPOSIÇÃO SALARIAL JÁ

EM DEFESA DO H.U.

PERMANÊNCIA ESTUDANTIL

NOVAS CONTRATAÇÕES

ABERTURA DO ORGAMENTO DA USP

MAIS VERBAS PARA A EDUCAÇÃO