A ascensão do Talibã ao poder no Afeganistão produziu grande comoção em todo o mundo. Apesar do desespero de milhares de afegãos tentando deixar o país, uma parte importante da sociedade decidiu fazer frente à tentativa de restabelecer um regime opressivo e ultraconservador. E na linha de frente da resistência estão as mulheres.

No dia 17 de agosto, um pequeno protesto de mulheres exigindo ser reconhecidas como cidadãs com direitos tornou-se um sinal de coragem que surpreenderia o mundo. Era o prelúdio do que aconteceria dois dias depois.

Em 19 de agosto, data que se comemora a independência do país do império britânico em 1919, dezenas de cidades assistiram a manifestações contra o Talibã e a bandeira tricolor do país, em oposição à bandeira branca do Talibã com inscrição preta. A bandeira da República do Afeganistão tornou-se um símbolo de resistência.

Sem surpresas, o grupo fundamentalista islâmico recorreu à repressão. Em Asadabad, capital da província de Kunar, os combatentes talibãs abriram fogo sobre um grupo de manifestantes que tentavam hastear a bandeira do país. Três pessoas foram mortas durante a repressão.

Um incidente semelhante ocorreu em Jalalabad, capital da província de Nangarhar, onde os tiros disparados pelo Talibã sobre uma manifestação em comemoração ao dia da independência deixaram duas pessoas feridas. Os manifestantes levavam cartazes com a frase “nossa bandeira é nossa identidade” e “viva o Afeganistão”.

No dia seguinte, outro protesto de mulheres foi realizado em Cabul, desta vez com maior adesão. Foi uma reunião pública onde discutiram suas preocupações para o futuro com o Talibã no poder. A ativista afegã de direitos humanos Fariha Esar disse à Reuters: “Não abriremos mão de nosso direito à educação, do direito ao trabalho e do nosso direito à participação política e social”.

As mulheres afegãs estão começando a assumir a liderança na resistência contra o Talibã. Na Argentina, Manuela Castañeira disse que o movimento de mulheres e a comunidade LGBTQIA+ deve enviar um sinal de apoio e solidariedade com a luta das mulheres no Afeganistão.

A este respeito, Castañeira disse que é necessária uma paralisação internacional de mulheres e LGBTQIA+, como foi feito em anos anteriores diante de outros eventos de importância global, como na posse de Trump nos Estados Unidos ou na luta em defesa do aborto legal na Polônia.