Um lutador incansável, honesto e solidário
Rosi Santos, por Socialismo ou Barbárie
Algumas horas atrás recebemos a notícia do falecimento do grande companheiro Antonio Geraldo Justino ou, simplesmente, Professor Tonhão, como era conhecido. Ele era professor de Língua Portuguesa, foi um valioso companheiro, amplamente reconhecido pela velha e nova camada de lutadores. Nos seus 72 anos de vida lutou incansavelmente pela educação pública e pelo socialismo. Deixou-nos fisicamente, mas fica um imenso exemplo de profundo e aguerrido revolucionário, de luta intransigente contra a exploração/opressão e de uma fina solidariedade humana.
Nos deixa um revolucionário
Mesmo debilitado fisicamente lá estava ele nas manifestações, foram inumeráveis experiências e trincheiras compartilhadas. Tonhão apesar da “avançada” idade trazia nos olhos um brilho de menino que o caracterizava. Suas experiências de lutas eram hipnotizadoras como as de um querido professor, um verdadeiro intelectual orgânico do movimento em defesa da educação e de todas lutas sociais, defendia como uma águia a sua categoria e todos os que estavam em luta. Tonhão motivava as novas gerações como ninguém.
Contemos aqui uma passagem. Em uma assembleia estudantil na Universidade São Paulo tivemos a oportunidade de ouvi-lo. Como sempre, Tonhão com uma avaliação otimista do movimento também dedicou seu tempo para conselhos políticos. Logo após sua fala se aproximaram da mesa da assembleia dois jovens perguntando quem era aquele senhor que falava tão bem e que era radical, fizeram um pedido, “ele tem que voltar outras vezes!” Tonhão estava fazendo uma das coisas que mais gostava: dando aula de resistência a juventude com uma autoridade ímpar, aquela conquistada pelo exemplo, pelo fazer junto e pela coerência.
Tonhão era de uma generosidade impressionante. Nunca deixou de apoiar iniciativas dos vários grupos revolucionários, mesmo quando discordava de aspectos políticos. Com nossa organização e nossos companheiros(as) sempre foi extremamente generoso; até mesmo nos momentos em que sua enfermidade o castigava nos prestigiava com sua participação nas atividades mais importantes de nossa organização, dando sua contribuição, fazendo suas ponderações e expondo suas diferenças de forma franca, como deve ser. Era impossível não reivindicar sua presença politicamente honesta e construtiva.
Todo investimento de vida do Tonhão foi no projeto de uma humanidade comunista que só pode ser conquistada pela auto-organização dos explorados e oprimidos, nunca confiou na possibilidade de uma sociabilidade humana livre e fraternal dentro de uma sociedade capitalista ou burocrática.
Cada companheiro que se vai causa imensa dor, nos desampara e, momentaneamente, ofusca o brilho das experiências compartilhadas, mas deixa a oportunidade de renovar nossas forças para seguirmos mais fortes. Assim, queremos lembrar Tonhão por sua força, por suas convicções, por seus exemplos e ensinamentos.
Até socialismo sempre companheiro!
Viva o Tonhão e sua luta!