No último dia 20 de maio, em São Bernardo do Campo, o delegado e instrutor de tiro, Paulo Bilynskyj, de 33 anos, foi encontrado baleado no hall do seu apartamento em São Bernardo do Campo, no ABC Paulista. Sua namorada, a modelo Priscila Delgado de Barros, de 27 anos, foi encontrada morta no apartamento de Paulo. O delegado alegou que a modelo cometeu suicídio após disparar seis tiros contra ele, no entanto, devido às circunstancias, a principal suspeita é de Feminicídio envolvendo tiroteio após uma briga do casal.

Justiça para Priscila Delgado

Fernanda Santos, Vermelhas

Segundo a família de vítima, o casal se conheceu em um concurso que Paulo Bilynskyj trabalhava como Instrutor de Tiro. Ele se interessou, a procurou, e começaram a namorar, relataram. Pouco tempo depois, a modelo que morava no Rio Grande do Sul, mudou-se para o apartamento de Paulo, em São Bernardo do Campo – SP. Os pais alegaram que Priscila nunca reclamou da relação e demonstrava-se feliz com o homem que pensava conter uma relação sólida, já que ele demonstrava intenções de casamento com Priscila.

Ao ser encontrada morta, dentro de casa, causou-se muita estranheza na perícia a posição do disparo para ser confirmado suicídio, como alega o delegado. Essa é a principal linha de argumentação da família, advogados e dos cientistas forenses, para descartar a hipótese de suicídio. Além disso, por mais dramática que possa ter sido a situação que aconteceu dentro do apartamento, a família é categórica ao discordar da versão apresentada inicialmente, já que Priscila nunca demonstrou propensão à ideia de suicídio, apresentava-se como uma pessoa feliz, de personalidade doce e alegre, muito diferente da personalidade de Paulo Bilynskyj.

O delegado, de origem ucraniana, vem de uma geração de militares na família, por isso sua devoção por armas não é oriunda somente de seu trabalho, mas de um gosto pessoal, que pode ser confirmado por seu histórico bastante ofensivo e de embate em suas redes sociais, com ideias notórias voltadas ao “Bolsonarismo Raiz”, além disso, o instrutor de tiro é um ferrenho apologista ao uso de armas.

De acordo com o boletim de ocorrência, foram encontradas cinco armas no apartamento (duas pistolas, um fuzil, uma metralhadora e uma espingarda) e munições do delegado espalhadas em cômodos da residência (corredor, sofá da sala e cama do quarto). Também tinha marca de tiro na parede e projétil no piso.

Paulo Bilynskyj, acusa a namorada de ter atentado contra a sua vida e depois ter tirado a própria vida, por ciúme, alegando que ela viu mensagens de uma amiga no celular dele. Entretanto, o laudo ainda é inconclusivo. A polícia desconfia que o local do crime tenha sido adulterado e o delegado – que abriu o inquérito – negligente com a investigação, uma vez que não realizou o exame residuográfico, um dos testes principais e que foi feito somente em Priscila.

Investigadores suspeitam se tratar de uma briga de casal seguida de Feminicídio. O delegado, que estava hospitalizado, recebeu alta e segundo informações do G1, prestou depoimento nessa quarta-feira (03/06). Não encontramos tal informação, porém, pelo andar das investigações, o delegado manterá mesma linha de defesa.

Antes disso, as únicas informações que temos dele, é um vídeo que gravou enquanto estava no hospital deitado em uma maca, na qual, ele, sem nenhuma feição de pesar pela morte da ex-namorada, culpabiliza totalmente a vítima por toda e qualquer situação que teria ocorrido nesse dia.

Pelo o que vimos, Paulo Bilynskyj segue o estilo de vida e a lógica comportamental que rege os apoiadores desse governo. São agressivos verbalmente, violentos fisicamente, misóginos, preconceituosos, machistas, racistas e homofóbicos. O delegado está tão confiante da instituição que faz parte que se aproveita de sua condição intocável “Homem da Lei” para não demonstrar se quer qualquer empatia com a família da vítima em suas declarações sobre o ocorrido. Tipo de conduta bem característica dos seguidores do “Mito”, que chefia, hoje, o poder executivo do Brasil.

Neste ano, a Lei Maria da Penha completa 14 anos e comportamentos de descaso com a vida das mulheres tem crescido, principalmente, os casos de Feminicídio. Segundo informações da página Agência Brasil (a primeira atualização de um relatório produzido a pedido do Banco Mundial), o Fórum Brasileiro de Segurança Pública (FBSP) destaca que os casos de feminicídio cresceram 22,2%, entre março e abril deste ano (2020), comparativamente ao ano passado, em 12 estados do país.

Por isso a morte de Priscila assusta, não só por suas circunstancias suspeitas, mas porque nos leva novamente a denunciar que, nesse momento, em plena quarentena, existem milhares de mulheres tendo que conviver com a violência gênero, isso quando não são assassinadas pelos próprios companheiros.

Apesar de não sabermos com precisão o que se passou naquele dia entre o casal, temos mais uma mulher morta dentro de casa com arma de fogo. E devido as suspeitas de irregularidade nas investigações, exigimos que as investigações sejam imparciais. Exigimos também que seja dada toda sustentação a família de Priscila para acompanhar o caso, pois moram em outro estado. E, por último, que todas as análises, testes e pericias, sejam feitas da maneira mais transparente possível. Uma jovem sem antecedentes de ser uma pessoa violenta foi encontrada morta em condições suspeitas e merece atenção.

Estamos atentas!