Depois do crescimento dos casos e a nova classificação do Coronavírus, finalmente o Congresso teve um lampejo de seriedade e preocupação com os e as brasileiras, derrubando hoje pela manhã o veto de Bolsonaro à ampliação dos benefícios e assistência a idosos de baixa renda e deficientes.

Rosi Santos

A agenda política oficial do Presidente Jair Bolsonaro, do ministro da Economia, Paulo Guedes, da ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, Damares Alves e do ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta – principais lideranças do governo – não correspondem a mesma rapidez em que o vírus se propaga. E as políticas criminosas de Bolsonaro na área da saúde afetam radicalmente a capacidade do Sistema Público de Saúde (SUS) em controlar o vírus.

Enquanto o Governo tenta convencer a população de que o Estado precisa cortar gastos por meio de suas famigeradas reformas, depois de ter efetuado um recorte histórico na verba para a saúde, a população se encontra praticamente largada à própria sorte diante dos crescentes casos de contágio.

O Bolsonaro conta com um ministro que, além de não passar nenhuma confiança e credibilidade técnica sobre o tema, sendo inclusive quase vaiado por jornalistas em conferência de imprensa, não tem nenhum engajamento com a saúde pública e prevenção, além disso, ocupa um cargo onde ele mesmo é beneficiário do desmonte que vem sendo feito nesta área.

Mandetta é favorecido pelo sistema “S” – composto por instituições corporativas que fazem treinamento profissional e de consultoria – que recebe verbas públicas para atuarem no setor da saúde. Sistema cujo o atual ministro recebe desde agosto do ano passado cerca de 105 mil reais além de seu salário. Os dados para conferência estão no Portal da Transparência onde, também, é possível encontrar outros ministros do Governo que engordam seus salários às custas do sucateamento e privatização dos serviços públicos.

Luiz Mandetta chegou a defender o fim da gratuidade do SUS e esteve ao lado do presidente na SUSPENSÃO da fabricação de remédios gratuitos para câncer, diabetes e transplantes.

Com tudo isso, e a situação da saúde agravada com os cortes do governo, é no mínimo contraditório que o ministro diga que está tudo sob controle. Pois, Bolsonaro, tomou decisões que, além de causarem um enorme impacto social, prejudicam enormemente laboratórios públicos nacionais e o desenvolvimento de pesquisas farmacológicas e biomédicas do país, além de deixar milhões de pacientes em desespero no seu pior momento da vida, ou seja, na doença.

A derrubada do veto presidencial a ampliação dos benefícios expõe Bolsonaro e sua política nefasta, além disso, é uma sinalização do nível de desarticulação entre Governo e Congresso Nacional, que não pode manter uma decisão presidencial.

Não devemos ter nenhuma ilusão de que esse certo protagonismo do Legislativo frente ao Planalto não possui interesses próprios, mas no momento de ataque aos direitos e principalmente a democracia, com ato convocado pelo presidente e por militares  — que pode mudar a nomenclatura e o caráter do Governo —, alimenta-se o desgaste já visível do governo Bolsonaro.

Essa reação do Congresso também aumenta à possibilidade de que no dia 18 de março, dia da Greve Nacional da Educação, seja um grande ato em defesa do ensino público e contra todas as medidas criminosas aprovadas, e que estão a caminho. As ruas são o que realmente podem colocar este governo na defensiva e impor uma nova correlação de forças. Por isso, fazemos um chamado para que todas e todos se mobilizem nessa data e expressem nas ruas toda a sua indignação com esse desgoverno e sua necropolítica!

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