Burocratismo da gestão do DCE é derrotado na Assembleia Geral dos Estudantes
LUBA MATHIAS
No dia 26 de abril, ocorreu a primeira assembleia geral dos estudantes da USP de 2018. Chamada tardiamente pelo DCE, a assembleia tinha o intuito de trazer pautas sobre permanência, bolsas e conjuntura nacional. Porém, a assembleia mudou de rumo quando os estudantes relataram o caráter antidemocrático que o DCE tem tido esse ano.
Para entender como foi a assembleia, é importante trazer os fatos. A primeira denúncia foi feita contra o fato da direção do DCE ter se reunido com a reitoria para debater os espaços estudantis antes mesmo de saber o posicionamento dos estudantes. Demonstrando elementos antidemocráticos claros presentes na atual gestão do DCE. A defesa da gestão sobre o ocorrido não podia ter sido pior, esconderam-se atrás dos votos que receberam na última eleição para DCE, e praticamente se dotaram do “direito” de se reunir com a reitoria e fazer seu programa em geral da forma que bem entendem já que foram eleitos…
Os estudantes presentes na assembleia se posicionaram veementemente a favor da necessidade de votar que o DCE não tem o direito de se reunir com a reitoria antes de consultar os estudantes. Mesmo com inúmeras tentativas da mesa de manobrar a assembleia para que tal votação não ocorresse, a pressão dos estudantes prevaleceu, foi votado que o DCE não podia de forma alguma se reunir com a reitoria sem saber qual era o posicionamento dos estudantes.
A direção do DCE nunca pode estar à frente de uma assembleia geral dos estudantes, o DCE é a organização dos estudantes como um todo, não se confunde com a gestão episódica. Deve sim servir como ferramenta dos próprios estudantes e não como aparato de determinado grupo, como a atual gestão tem feito. Além dos próprios fatos, as falas de defesa da atual gestão foram uma sequência de argumentos autoritários. A gestão majoritariamente petista tem demonstrado políticas semelhantes às que vimos nos governos do PT e que ainda vemos nos espaços onde a direção é deste partido, ou seja, uma política burocrática e de contenção das lutas.
A assembleia durou quase quatro horas, caso raro em uma assembleia, demonstrando que não é com burocratismos que se avança na luta. Além de burocrática, essa gestão demonstra desorganização e despreparo político para conduzir uma assembleia, considerando que nem foi deliberado as duas propostas de encaminhamento de permanência estudantil. O acúmulo de pauta e a desorganização da assembleia se deve principalmente ao fato de que foi convocada com muito atraso, a primeira assembleia geral dos estudantes convocadas pelo DCE foi no final de abril!
No mesmo dia (26) á tarde, os funcionários da USP tinham paralisado e fizeram um ato na frente da reitoria, era obrigação que o movimento estudantil tivesse somado ao ato e fizesse pressão junto aos funcionários. Porém, todo atraso do DCE em convocar os estudantes impossibilitou a organização dos mesmos.
Consideramos que o DCE é uma ferramenta importantíssima dos estudantes e deve ser usada como tal, exigimos que a atual gestão conduza a entidade dentro dos critérios democráticos, pois essas são uma imensa tradição no movimento estudantil da USP e a burocracia não vai se impor, como foi demonstrada nessa primeira assembleia. Os métodos burocráticos no movimento estudantil da USP não passarão!
A próxima assembleia foi convocada para o dia 10 de maio no vão da história e geografia, onde será novamente pautado permanência é bolsas.
Lançamento USP SEM MEDO com Boulos dia 9 de maio!
O movimento estudantil da USP não pode depender unicamente da direção do DCE. São necessários outros espaços de organização, para isso iniciativas interessantes têm sido tomadas com esse objetivo.
No dia 12 de abril foi inaugurado o Núcleo PSOL USP. Nele estavam presentes, para saudar o núcleo, o vereador e pré-candidato a deputado estadual Toninho Vespoli e a pré-candidata a senadora Sílvia Ferraro. O espaço tem o objetivo de promover debates mensais sobre conjunturas, programas e atividades que fomentem a atuação do PSOL no interior da USP e também para fora dela.
Consideramos que o PSOL é o que melhor desempenha uma alternativa de esquerda atualmente, já que está aliado a frentes de luta, movimentos sociais, conta com um regime partidário que permite a livre expressão política de suas tendências, tem tido um peso muito grande para as demandas do estudantes, trabalhadores, movimento negro, mulheres e tem sido muito coerente nos posicionamentos políticos conjunturais.
Como parte dessa construção, estaremos enquanto núcleo apoiando o Lançamento também da Frente USP SEM MEDO no dia 9 de maio que vai contar com a presença do pré-candidato à presidência pelo PSOL e líder do MTST Guilherme Boulos. Frente essa que surge da FRENTE POVO SEM MEDO em nível nacional e que tem atuado em vários estados, cidades e bairros com um perfil de luta unificada, radicalizada e independente da classe dominante e dos governos.