1º de Maio é nas ruas

Defesa dos direitos, justiça por Marielle Franco, liberdade para Lula e plano econômico dos trabalhadores

POR ANDREIA SILVA, SOCIALISMO OU BARBÁRIE

Chegamos ao 1º de maio deste ano com um acúmulo de ataques aos direitos, endurecimento do regime, aumento do desemprego e arrocho salarial. Conseguimos até o momento, devido a pressão desde baixo, segurar a aprovação da reforma da previdência, pois não foi descartada, apenas suspensa. Não fosse o recuo das centrais sindicais burocráticas (CUT, CTB, Força etc), adiando e desmarcando greves gerais, já teríamos derrotado definitivamente essa contrarreforma.

O desemprego esmaga a classe trabalhadora, sobretudo a juventude e as mulheres, chegando a níveis oficiais de 12,7 milhões de desempregadas/os. Depois das promessas de aumento da oferta de empregos após quase um ano da aprovação de “reforma trabalhista”, os/as trabalhadores/as constatam que essa mudança na lei que afeta mais de 100 artigos da CLT só teve como objetivo precarizar as condições de trabalho para aumentar os lucros dos patrões, e não para gerar mais postos de trabalho como propagandeava os grandes meios de comunicação.

Para manter a ofensiva sobre os trabalhadores e a esquerda, criar melhores condições para continuar os ataques econômicos e diminuir os efeitos da sua derrota em não aprovar a reforma da previdência prometida aos patrões, o governo Temer impôs uma medida autoritária muito grave para o povo pobre do Rio de Janeiro e do país: a intervenção militar no Estado. Medida que procura fortalecer a ofensiva reacionária que se estabeleceu desde o impeachment de Dilma Rousseff.

Como demonstração de seus efeitos, tivemos a execução política da companheira Marielle Franco (PSOL), o aumento dos homicídios e da repressão à população mais pobre no Rio de Janeiro. A  execução de Marielle chocou o país por sua covardia e clara intenção de calar uma lutadora e suas causas: defesa dos moradores das favelas, das mulheres, dos negros e dos homossexuais.

Como parte do mesma política de Temer, mas vindo de outra instituição deste Estado a serviço dos patrões, a negação de habeas corpus a Lula e sua rápida prisão antes de se findarem os recursos em segunda instância, demonstra a vontade de intensificar a ofensiva reacionária, que conta com a cúpula do sistema judiciário como ator político, manobrando a Constituição do país para impedir a candidatura de Lula.

Uma candidatura e um projeto político dos quais nos diferenciamos e temos duras críticas, por seu caráter de conciliação de classes, de alianças com os patrões e com o fisiologismo de partidos como MDB, PP e etc. Conciliação permanente com os patrões que contribuiu para que chegássemos a essa situação, permitindo o impeachment, as contrarreformas, as medidas autoritárias e a própria prisão de Lula. Que sequer foi capaz de resistir a tamanha injustiça para não romper com os patrões, o que, aliás, pode lhe render muitos anos de cadeia.

Porém, não podemos nos furtar em lutar contra a prisão após uma condenação sem provas cabais, sem que o processo tenha sido transitado em todas instâncias e o que é pior, com o objetivo principal de tirar Lula da disputa eleitoral, enfraquecer a esquerda como um todo e mais uma vez criar melhores condições para continuar os ataques à nossa classe.

Com a aproximação do período eleitoral, impõe-se o debate sobre como lutar contra os retrocessos e como construir um projeto político de organização da esquerda e um governo que não repita os erros de princípios, estratégicos e táticos do lulismo.. A candidatura do PSOL, Frente Povo Sem Medo e PCB de Guilherme Boulos e Sônia Guajajara coloca para as massas um projeto que suspenda todas as contrarreformas do governo Temer, faça as reformas estruturais tão necessárias, que possibilite a participação das massas nos processo decisórios, ou seja, que seja anticapitalista. Esse é uma candidatura que, como se vê, rompe com a conciliação de classes e vai muito além do projeto petista de políticas de compensação social. Projeto que fracassou porque quando pode, não fez as transformações sociais necessárias, e porque confiou na burguesia e na sua institucionalidade, o que levou  inclusive à prisão do ex-presidente.

Os desafios da luta de classes no próximo período são agudos para as trabalhadoras/es, e só podem ser enfrentados nas ruas. Por isso, é necessário exigir que a burocracia sindical e partidária, CUT e PT, convoquem uma greve geral, para lutarmos pela liberdade de Lula, pelo fim da intervenção militar no Rio de Janeiro, justiça por Marielle Franco e por um plano econômico dos trabalhadores. Pois, diante do desemprego e da piora das condições de vida que só crescem precisamos também lutar por redução da jornada de trabalho sem redução de salário, aumento geral dos salários e revogação da “reforma trabalhista”.

Nesse 1º de Maio somos parte da convocação em São Paulo do ato unificado entre a Frente Povo Sem Medo, Intersindical, CUT e CTB que acontecerá na Praça da República a partir das 12h. Pensamos que nesse momento é fundamental construir um ato unificado para fortalecer a unidade contra o intenso ataque do governo e dos patrões, mas de forma que essa participação enquanto partido (PSOL) e frente de luta (Povo Sem Medo) ocorra com total independência política da burocracia, na qual as exigências, denúncias e políticas aparecem de forma clara em nossas faixas, colunas, falas e panfletos.