Bolsonaro usa PF para perseguir Guilherme Boulos

Esse é mais um terrível ataque aos direitos democráticos que precisa ser amplamente repudiado

Dentro da sua sanha antidemocrática de Jair Bolsonaro, a Polícia Federal abre inquérito para investigar Guilherme Boulos (PSOL) com base na Lei de Segurança Nacional. A perseguição a Boulos é parte significativa da movimentação golpista do neofascista e, por isso, deve ter como resposta um amplo repúdio e manifestações políticas efetivas de todas as organizações que defendem os direitos democráticos.

ANTONIO SOLER

O ex-candidato a prefeito por São Paulo e dirigente do MTST terá que se apresentar em São Paulo à superintendência da PT no próximo dia 29. A acusação que pesa contra ele é de “ameaça” a Bolsonaro em uma postagem feita pelo Twitter, em abril do ano passado (20/04/20), que dizia “Um lembrete para Bolsonaro: a dinastia de Luís XIV terminou na guilhotina…”.

Esse texto de Boulos em referência histórica ao destino da dinastia absolutista de Luís XIV foi escrito após o ato em Brasília que pedia a intervenção militar. Esse ato contou com a destacada participação de Bolsonaro que, dentre outras ameaças golpistas, afirmou “eu sou a Constituição”.

Obviamente que a PF sabe que esse twitt de Boulos é uma alusão histórica e não uma ameaça à integridade física de Bolsonaro ou de qualquer um que seja. Trata-se de uma ironia no sentido de aqueles que querem tomar o poder absoluto, como pretende o neofascista Bolsonaro, podem acabar expulsos do poder – no caso de Bolsonaro através de um impeachment e indo direto parar a cadeia.

Bolsonaro, ao contrário do que muitas vezes se coloca em análises, apesar de ter perdido popularidade, refém do Centrão e isolado institucionalmente, segue sendo além de funcional aos interesses da classe dominante, uma séria ameaça aos direitos democráticos.

A política de fechamento do regime levada por Bolsonaro – que já teve sua eleição como fruto de toda uma profunda movimentação reacionária – se manifesta em várias frentes: ameaças constantes de decretar Estado de Sítio, atos pedindo a intervenção militar, fechamento de órgãos de controle democrático de políticas públicas, interferências em outras esferas de poder e outras.

Como parte extremamente perigosa dessa movimentação golpista está o controle político sobre a PF, que deixa de ser um órgão de estado para se transformar gradualmente em uma polícia política a serviço do governo para perseguir opositores.

Após o twiter ironizando as intenções absolutista de Bolsonaro, o Ministério da Justiça determinou que a PF abrisse um inquérito contra Boulos com o objetivo de processá-lo dentro da famigerada lei de Segurança Nacional que nada mais é do que um dispositivo herdado da ditadura militar para calar a oposição política.

Concordamos com Boulos quando diz que “a perseguição deste governo não tem limites” e que “é uma perseguição política vergonhosa”. Mas, apesar de vergonhosa é efetiva e não apenas uma ameaça a Boulos, uma série de professores, jornalistas, ativistas e militantes políticos estão sofrendo nesse exato momento com as perseguições políticas desse governo.

A perseguição a Boulos, que tem se colocado como um antagonista nacional ao neofeascista Bolsonaro, representa a perseguição contra todas as figuras, organizações e luta dos explorados e dos oprimidos no Brasil. Por essa razão, essa deve ter como resposta um amplo repudio e gestos efetivos de solidariedade de todos os partidos, movimentos e fóruns que defendem os direitos democráticos.

Além da direção do PSOL, que precisa superar a apatia diante de um ataque como esse, colocar em marcha imediatamente uma campanha em defesa política de Boulos como parte da movimentação golpista de Bolsonaro, Lula e todos os dirigentes nacionais da esquerda e dos direitos humanos e democráticos precisam se posicionar imediatamente contra essa terrível perseguição autoritária.

Como diz Boulos, “não vão nos intimidar”, vamos transformar mais esse ataque aos direitos democráticos em uma resposta política que se some à crescente indignação contra esse governo e exigir não apenas que a CPI da Covid investigue de fato os crimes do governo diante da pandemia, mas também a abertura imediata de um processo de impeachment.

Não à perseguição política a Boulos!

Em defesa dos direitos democráticos!

CPI é pouco, impeachment de Bolsonaro genocida já!