Barbárie policial no Largo da Batata

Barbárie da PM no Largo da Batata

POR RENATO ASSAD

Por volta das 10 horas da noite de ontem, um camarada e eu encontravamo-nos na praça do Largo da Batata. Tudo muito tranquilo e em clima de final de carnaval. Pois bem, resolvemos, eu e o camarada Luba, tomar o rumo de casa, para o qual teríamos que cruzar a praça. No mesmo sentido caminhava um grupo de jovens que estava saindo das festas e blocos que se apresentaram pela região.

De repente, aparecem duas viaturas da Polícia Militar e começam a arremessar bombas sem nenhuma explicação ou tentativa de diálogo. Após a dispersão dos poucos que estavam por ali, fomos pedir que nos deixassem atravessar a praça irmos para casa. Foi então que, gratuitamente, tomamos as primeiras borrachadas, umas quantas nas costas e costelas. Esperamos uns 10 minutos até que as viaturas fossem embora e voltamos a caminhar rumo à casa do camarada.

No caminho, cerca de 50 metros adiante reencontramos as mesmas duas viaturas. Fomos aos poucos nos acercando sem problemas, quando resolvi discretamente tirar uma foto das placas das viaturas. Pode-se já daí imaginar o que aconteceu: veio o primeiro policial para cima de mim e começou a distribuir cacetadas enquanto eu tentava fugir correndo. Apareceu então o segundo  policial  que acerta uma cacetada em meu  rosto, é aí que caio ao chão. Enquanto isso, meu camarada também estava tomando umas cacetadas mas conseguiu se desvenciliar dos PMs. Já caído recebo outra cacetada na cabeça e assim que consigo me levantar recebo um tiro de bala de borracha à queima roupa na região do abdómen.

Após levantar noto que o meu celular estava no chão onde eu apanhava e vejo um dos policiais pega-lo e guardá-lo no bolso. Todo ensanguentado peço que me devolvam o celular e a resposta que tenho é de que se não desaparecesse dali eu iria apanhar mais. Meu camarada, que também tinha sido agredido, me acompanhou para o hospital para que fosse socorrido. Creio que o saldo de 4 pontos na cabeça, 3 no lábio, 2 na gengiva, hematomas por todo o corpo e o celular furtado pela PM foi  “pouco” diante da violência e covardia do ato.

Vejamos, sou branco, classe média e andava por uma zona nobre da região centro-oeste de São Paulo e fui brutalmente agredido pela polícia militar. Muitos podem se impressionar com a violência relatada aqui , mas não chega nem perto do que é feito diarimente nas periferias do país contra jovens negros e de origem proletária.  Ação essa que quando não redunda no exterminio, acaba na perseguição, agressão e no encarceramento em massa desse grupo social que vive um verdadeiro genocídio – não existe exagero algum nessa caracterização. Famílias são destruídas pela ação assassina da polícia militar em todas grandes cidades, as favelas são transformadas em zonas de guerra e o terror é cotidiano. Tudo isso em nome do ‘combate a criminalidade”, “guerra às drogas” e “manutenção da ordem”.

Mas sabemos que a policia em qualquer uma dessas situações está a serviço da defesa da proporiedade privada dos grandes capitalistas, da manutenção da estratégia reacionária (proibicionista) em relação as drogas e para incutir entre os oprimidos o medo de ocupar as ruas das cidades, mesmo durante momentos festivos, pois a ocupação da cidade pela juventude questiona a lógica capitalista. No entanto, sabemos que esses vermes (policiais) agem em defesa dos patrões e dos políticos burgueses, no caso de São Paulo, o responsável direto por essa barbárie e pela repressão à juventude é Geraldo Alckmin (governador do Estado pelo PSDB).

É fundamental persistir na luta, na ocupação politica, cultural e estética da cidade contra a patronal e seus cachorros fardados! Para isso, quero aqui ressaltar que é preciso lutar por bandeiras politicas que passem pela democratização radical de todos aspectos da vida e, dentre esses, pelo fim da polícia militar! É preciso que se debata isso no dia-a-dia, nas perifierias, nas escolas, na universidade e nos programas eleitorais dos partidos que são comprometidos com a transformação radical da sociedade, pois estamos falando da polícia que mais mata no mundo!

Toda solidariedade ao povo negro e periférico que luta diariamente contra essa policia assassina e seus mandantes! Só a luta muda a vida! Pelo fim da PM!