Primeira declaração do Novo MAS diante dos resultados das Primárias

Por Comitê Executivo do Nuevo MAS, 13 de agosto de 2023, 23.30 hs.

Com 64% dos votos apurados, Javier Milei emergiu como o pré-candidato presidencial mais votado, com 32,31% dos votos, principalmente no interior do país e no terceiro setor da Grande Buenos Aires. Essa votação, somada à vitória de Bullrich com 16,98% na eleição interna do JxC, mostra que 50% do eleitorado está à direita do centro político. 

A votação de Larreta nas eleições internas do JxC, perdendo com 10,65% e a de Massa com 20,73%, sem contar a votação de Grabois de 4,96% e a votação combinada da esquerda de 3,80%, não é suficiente para compensar o impacto eleitoral de Milei, em relação  a qual tem enorme responsabilidade a frustração resultante do fracasso do governo do FdT e também da administração anterior macrista.

Entretanto, há dois fatores atenuantes para esse resultado eleitoral das Primárias. O primeiro é que as Primárias não são outubro e, até lá, teremos que ver como se processa eleitoral e politicamente a conjuntura. Mas, acima de tudo, estamos lidando com dados eleitorais que não significam uma tradução mecânica das relações de forças sociais. 

Não será secundário quem finalmente vencer a eleição, mas já podemos antecipar um imenso choque de classes. O voto na Argentina se assemelha ao de Jair Bolsonaro em 2018, mas, ao contrário do Brasil, esse voto de Javier Milei ainda não expressa um processamento da luta de classes como foi expresso em 2018 no país vizinho. Esse processo e esse choque de classes estão por vir.

A votação da esquerda foi medíocre em relação aos resultados que vinha obtendo. As razões para isso são tanto objetivas quanto subjetivas. A razão objetiva é que a esquerda, por si só, não pode impedir um giro eleitoral à direita (nem a FITU nem o Novo MAS). A razão subjetiva é que as principais forças da FITU tem apresentado uma adaptação às regras do jogo do regime político. Elas não estiveram nas ruas, quando do ocorrido, contra o atentado à CFK defendendo as liberdades democráticas, mas estiveram, especialmente a força liderada por Bregman, com os pés dentro do regime político nos duros testes do último período. Essa é uma adaptação ao regime político que acrescenta elementos de enfraquecimento da esquerda. Não pode haver o menor indício de legitimação do regime quando ele permite monstros políticos reacionários como Milei.

Estamos orgulhosos de ter feito uma campanha eleitoral sem um pingo de sectarismo, de ter apresentado propostas de esquerda e anticapitalistas para a saída da crise e, ao mesmo tempo, de ter evitado prestar obediência ao eleitoralismo. Abraçamos com orgulho nossa corajosa pré-candidata a Presidenta, Manuela Castañeira, e todos os militantes desse belo partido e todos aqueles que nos acompanharam com seu voto. Nos veremos nas ruas contra as tentativas reacionárias e o ajuste que possam vir.

 Tradução José Roberto Silva